Não me mande rir baixo


Por: Alex Valério

Tem dias que a gente parece apenas estar vivo. A vida parece seguir seu ritmo normal: seu coração bombeia o sangue que irá passear pelo seu corpo e você se mantém de pé por conta disso e das milhões sinapses que seu cérebro faz para te manter de pé. Algumas vezes parece que nada faz muito sentido, então nós seguimos em frente, sem saber muito bem para onde e nem o porquê, nós apenas vamos indo.

A vida não deveria ser algo complicado ou difícil de acontecer. Poderia ser simples e leve. Algo como aquelas paisagens de praia que nós vemos como plano de fundo de celulares e computadores. Às vezes nos julgamos livres, mas a realidade é que somos reféns de um sistema injusto, capitalista e cruel. Lutamos pelo direito de ir e vir, mas não brigamos pela liberdade de ser aquilo que gostaríamos de ser, nós simplesmente aceitamos aquilo que nos disseram que era certo. Infelizmente nos restaram poucos prazeres nesta vida. Sim, poucos! Considerando que nós temos de trabalhar incansavelmente para “ser alguém com chances de futuro”, quase não sobra espaço para outras coisas. Muitas universidades e empresas se assemelham a campos de concentração, porém praticam o tipo de tortura que é permitida pela constituição.

A internet nos aproxima de tudo, nos deixa próximo de todos, mas ainda assim nos sentimos vazios, estamos sempre em busca de algo que não sabemos o que é e, assustadoramente, estamos adoecendo cada vez mais. Dia destes, me pediram para rir mais baixo. O pedido foi tão chocante aos meus ouvidos que eu estou perplexo até agora. O mais espantador não foi isso, mas o quanto as pessoas vem me pedindo isso há tanto tempo. Nunca assim, tão diretamente, mas tenho tantos amigos que tapam a minha boca ou que ficam envergonhados quando outras pessoas começam a nos encarar, por conta do volume da minha risada. É como se o mundo, de algum jeito, viesse me pedindo há algum tempo: não ria assim, você chama atenção demais e isso não é bom.

Rir é um dos poucos prazeres simples e honestos que me restaram. É algo que simplesmente acontece e que, na maior parte das vezes, faz eu não me importar com o que os outros vão pensar. Fico triste ao constatar que muitas vezes me esforcei para me tornar uma pessoa mais séria, lamento todas as minhas tentativas de educar o meu riso, de segurar o barulho de porco que sai das minhas narinas quando algo é muito engraçado.

Não me orgulho da quantidade de vezes em que tapei a boca para abafar o som da minha gargalhada. Eu quero rir, quero falar, quero viver. Quero arrancar as mordaças que me calam a boca, tirar as vendas que me tapam os olhos. Quero poder olhar para mim livremente. Quero poder gostar de mim e aceitar todas as minhas partes que são diferentes das partes das outras pessoas. Ser diferente não me faz pior ou melhor que alguém. Quero aprender a aceitar que posso gostar de mim. E, se eu posso, talvez outras pessoas também poderão gostar de mim. Quero ser eu, sem deixar de considerar os outros, mas sem me deixar controlar por estes outros. Vou fazer um trato com a minha loucura: o do não-trato!

Não me mande não rir baixo, me mande ser feliz.

Imagem capa: Pexels

Colunista:

Alex Valério
CRP: 06/134435

Alex Valério é Especialista em Terapia Comportamental pela Universidade de São Paulo (USP). Psicólogo pela Universidade Nove de Julho. É redator no Portal Comporte-se, colunista no Psicologia Acessível e, também, escreve para o próprio blog. Realiza atendimento clínico para adolescentes, adultos e casais. Está localizado na Avenida Paulista, em São Paulo. Possui interesse em poesia, literatura, crônica, cinema, música e tecnologia. 
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A vida pode até ser leve, mas você precisará se livrar daquilo que é pesado demais para carregar


Por: Alex Valério

Uma parte do sofrimento que você vive é fruto da sua própria maneira de viver. Ao longo da vida você deve ter se decepcionado algumas vezes, se magoado, experimentado alguns momentos de felicidade, de paz e de amizade. Possivelmente, em alguma fase da infância/adolescência você deve ter sofrido gozações dos colegas e, talvez, parte destas coisas que te disseram, lhe acompanhe até os dias atuais.

Vamos imaginar que nós carregamos nas costas uma espécie de caçamba imaginária (tipo aquelas de caminhão). Cada acontecimento da sua vida até hoje, foi sendo jogado ali atrás e só você pode decidir o que fazer com estas coisas. Por exemplo, você pode curti-las por um tempo e depois se desfazer delas; pode armazena-las cuidadosamente, garantindo que esteja ali toda vez que desejar; pode esconder algumas das coisas nos cantos ou embaixo de outras coisas, para que ninguém possa ver (nem mesmo você). E por aí vai… As possibilidades do que fazer com aquilo que você carrega são infinitas. Mas, agora, faça uma breve reflexão: como anda sua caçamba? Coisas de mais? Coisas de menos?

Normalmente nós carregamos muitas coisas. Cada um de nós lida com a própria bagunça de um jeito diferente. Há aquela galera mais desapegada, que consegue se desprender com facilidade de muitas coisas, mas também, há aqueles que são apegados demais, que não retiram nada do lugar e que, às vezes, optam por esconder algumas coisas no cantinho, para que ninguém mais veja. Clarice Lispector já dizia que até cortar os nossos próprios defeitos pode ser perigoso, pois nós não sabemos qual deles sustenta aquilo que somos. Isso só nos mostra que, de algum jeito, nós sabemos que é arriscado retirar as coisas do seu devido lugar e, diante disso, tentamos preservar aquilo que temos. É natural que haja dificuldades, nós passamos uma vida organizando o “nosso mundinho”; qualquer mudança nos coloca a mercê de pôr tudo a perder (a vulnerabilidade é algo assustador).

Mesmo quando as coisas não estão boas, nós insistimos em manter tudo como está. De alguma maneira, é uma espécie de passar por algo “ruim”, mas que é conhecido e, portanto, suportável. Às vezes nós optamos por aceitar que não temos sorte e que as coisas apenas são como são. Tudo isso carrega um grau de comodidade e que, apesar de desconfortável, é seguro. Às vezes criamos tantos problemas e inventamos tantas desculpas para justificar algo para nós mesmos, que acabamos tornando as coisas cada vez mais megalomaníacas e complicadas. Viver não é fácil, mas você também não precisa agir como se estivesse desvendando um cubo mágico. Arrisque. Tire algumas coisas do lugar, livre-se de outras. Aliás, essa última parte é tão importante, que vou até repetir: LIVRE-SE DE TUDO AQUILO QUE NÃO TE SERVE MAIS.

Dentre as muitas coisas que carregamos conosco, parte delas, talvez, não se aplique mais aos dias de hoje. Não quero dizer com isso que você deva esquecer, – até porque essa nem sempre é uma possibilidade possível – mas que você deve fazer uma leitura atual da sua vida, olhando para a realidade. Você pode ser o que deseja, seja lá que coisa for essa.
Precisamos nos movimentar, para que as coisas possam acontecer e seguir na direção daquilo que queremos. Nenhum sonho irá se concretizar sem que você se arrisque, sem que você saia da sua zona de conforto. Se algo não der certo, acredite que isso faz parte do processo natural da vida. Lembre-se: você não aprendeu a andar na primeira vez que ficou de pé. Faça uma avaliação das coisas que você carrega consigo. Encha-se de coragem e livre-se daquilo que não precisa fazer parte de você. Libere espaço para que seja possível andar “mais leve” e, também, para permitir que outras tantas coisas possam ser adicionadas.

Imagem capa: Pexels

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Alex Valério
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Alex Valério é Especialista em Terapia Comportamental pela Universidade de São Paulo (USP). Psicólogo pela Universidade Nove de Julho. É redator no Portal Comporte-se, colunista no Psicologia Acessível e, também, escreve para o próprio blog. Realiza atendimento clínico para adolescentes, adultos e casais. Está localizado na Avenida Paulista, em São Paulo. Possui interesse em poesia, literatura, crônica, cinema, música e tecnologia. 
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Paradoxos complexos demais para serem lidos rapidamente


Os dias são tão confusos e complexos que, de algum jeito, às vezes é difícil dar conta de tudo o que temos – ou deveríamos ter – de fazer (deveríamos?). Socialmente somos cobrados por sentir amor próprio, mas estamos inseridos numa sociedade que, cada vez mais, nos lança em abismos existenciais e dificulta muito a nossa forma de viver.
É impressionante como a globalização foi capaz de nos permitir acessar informações de maneira rápida e instantânea e como isso superficializou um pouco as coisas que, antigamente, eram possíveis por conta da simplicidade com que aconteciam. É claro que os dias atuais são repletos de progressos, mas ao mesmo tempo, também é vazio e superficial.

Há quem diga que o celular é o novo cigarro desta geração. Alguns contam que o Instagram é a rede social que mais contribui com a depressão. Algumas pesquisas apontam que as interações no Facebook, apesar de simularem a vida real, empobrecem as habilidades sociais, prejudicando as relações que acontecem face a face. Se o avanço tecnológico é benéfico para nossas vidas, por que é que ele tem contribuído com o nosso adoecimento?

Somos incentivados a ser o que somos, mas ao mesmo tempo, quando agimos dizendo ou fazendo aquilo que gostaríamos, as pessoas nos repreendem, deixam de falar conosco ou dizem que o nosso comportamento não é socialmente aceito.
A música nos ensinou que “é impossível ser feliz sozinho” e passamos a buscar enlouquecidamente alguém que nos complete. Mas porque não acreditamos na possibilidade de não precisar de outra pessoa para estar completo e feliz?
Na atual geração, apps de relacionamento, como o Tinder por exemplo, são utilizados por aqueles que querem encontrar alguém para partilhar parte dos dias, mas ao mesmo tempo, a realidade é que a cama é normalmente o que acaba sendo compartilhado, por uma noite – às vezes nem isso –, é claro.
Na época em que o amor romântico é supervalorizado e todo mundo espera encontrar o “mozão”, por que é tão difícil encontrar alguém, se há tanta gente querendo ser o alguém de alguém?
Tentamos com todas as nossas forças viver sem sofrimento, mas o esforço que fazemos para não sentir algo é tremendamente angustiante e muito sofrido. Portanto, se é assim, tentar não sofrer seria apenas mais uma forma de sofrimento?
Ser feliz o tempo todo é irreal. Sentimos medo, raiva, tristeza, inveja, angústia e uma porção de tantos outros sentimentos. Tudo aquilo que sentimos é completamente compreensível quando consideramos que somos humanos. Aliás, se somos humanos, qual a razão de viver como uma máquina que não questiona, não pensa, não sente e que segue agindo da maneira como esperam que ela aja?

Imagem capa: Pexels

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Por outras ruas


No livro Tibetano do Viver e do Morrer de Sogyal Rinpoche, há uma pequena história que se chama Autobiografia em cinco capítulos, que transcrevo a seguir:

“1. Ando pela rua. Há um buraco fundo na calçada. Eu caio… Estou perdido… sem esperança. Não é culpa minha. Leva uma eternidade para encontrar a saída.
2. Ando pela mesma rua. Há um buraco fundo na calçada. Mas finjo não vê-lo. Caio nele de novo. Não posso acreditar que estou no mesmo lugar. Mas não é culpa minha. Ainda assim leva um tempão para sair.
3. Ando pela mesma rua. Há um buraco fundo na calçada. Vejo que ele ali está. Ainda assim caio… é um hábito. Meus olhos se abrem. Sei onde estou. É minha culpa. Saio imediatamente.
4. Ando pela mesma rua. Há um buraco fundo na calçada. Dou a volta. 
5. Ando por outra rua”.

Gosto muito deste pequeno grande texto, pois nele há sabedoria, se soubermos interpretar. Uso-o frequentemente com pacientes em consultório, palestras, atividades em grupo, com amigos, familiares… Desde que o li na época em que fazia doutorado em educação, ele penetrou meus sentidos e não me abandonou mais, recorrendo a ele para entender alguns comportamentos alheios e os meus próprios.

Dia desses, reencontrei uma linda garota ao acaso, quando me dirigia ao banco. A conheci com cinco anos de idade, hoje uma mulher feita, que me chama de tia pelos laços afetivos que se criaram e perduram através do tempo. Acompanhei seu crescimento de longe e pelas escolhas que fiz não nos vemos com frequência.
Conhecemos uma mulher em comum que por anos a fio namorou um alcoólatra. Eu mesma lhe dei muitos conselhos para findar a relação, pois isso não lhe traria futuro algum, visto que o namorado não tinha interesse em mudar seu comportamento, não admitia o problema com o álcool ou mesmo demonstrava intenção de procurar internação e tratamento psicológico ou psiquiátrico. Essa mulher o considerava um homem bom quando não bebia. Trabalhei muitos anos com mulheres vítimas de violência doméstica e alcoolismo dos esposos, é um discurso recorrente de que eles são bons quando não bebem e de fato são. E quando mesmo não bebem? São poucos os dias de calmaria, os outros são de gritaria, socos, pontapés, chutes, agressões de toda a sorte para si e sua prole que assiste e internaliza modos de viver e sentir. Via de regra os dias de sobriedade são poucos.

Os anos se passaram e depois de muito sofrimento emocional e físico ela decidiu romper com a relação abusiva que se permitia viver, o que muito me agradou saber, mas minha alegria não perdurou.
Logo a seguir minha “sobrinha” me conta que agora está envolvida novamente com outra pessoa, que é pior que a anterior, pois não contribui com as despesas domésticas e moram juntos. Refere que as coisas estão um tanto mais complicadas que antes, pois o atual namorado é mais jovem e tem problemas com álcool também.
Pensando na história acima, essa mulher ainda anda pela mesma rua e escolhe cair no mesmo buraco, ainda sem perceber que é seu hábito, seu desejo a queda e sem dar-se conta de que a decisão de mudar é única e exclusivamente sua, de mais ninguém. Essa é a grande aprendizagem: somos nós os responsáveis pelas escolhas que fazemos.

O que nos faz decidir sair dos buracos que caímos? 
Qual é o limite para suportar a dor e o sofrimento?
Por que não optamos por romper relacionamentos tóxicos? 
Por que caímos com frequência no mesmo buraco e de novo e de novo?
Só decidimos sair dos buracos da vida quando optamos por outra rua. Outra via que de fato nos conduza para outro lugar, por vezes escolhemos sem escolher, sem decisão, sem posição firme de mudança, então permanecemos naquilo que conhecemos, que dominamos. Entendemos e assimilamos pela baixa autoestima que impera a nos mostrar que aquele é nosso lugar de sofrimento, de permanência, de estacionamento. Nos acomodamos tanto a esse lugar que por vezes nem percebemos o tamanho que tem, cavamos com intensidade e seguimos afundando.
Nossas vidas têm muitas possibilidades se conseguirmos vislumbrar. Nem sempre temos discernimento e recursos internos para fazermos outras escolhas e perduramos nas que conhecemos e minimamente dominamos. Pensamos e acreditamos que este é o melhor espaço para estar. Mudar sempre exigirá esforço e desacomodação. Nenhuma mudança ocorre na calmaria, na mesmice. Quem não muda, não muda nada dizia Winston Churchill.

Escolher outra rua e caminhar implica em não olhar para trás, para não virar estátua de sal como a esposa de Ló, para não paralisar e fragilizar. Caminhar olhando para frente é uma escolha em direção a se fortalecer e perseguir o novo, o desconhecido. Isso dá medo? Evidente que dá, mas a coragem é feita passo a passo. Coragem é o medo vencido.
Caminhar é necessário até encontrarmos outra rua, mas sem a ilusão de que não haverá novos buracos no percurso, mas temos a possibilidade de escolher e não colocar os pés neles, por serem nocivos ao nosso bem estar. Caminhar por novas ruas é sair da condição de vítima de si mesmo, é assumir o passo e o compasso das escolhas.

Imagem capa: Pexels

Colunista:

Maria Emília Bottini
CRP nº: 07/08544

Formada pela Universidade de Passo Fundo (RS);
Professora da Universidade Regional Integrada (URI);
Mestre em Educação pela Universidade de Passo Fundo (UPF);
Doutora em Educação pela Universidade de Brasília (UnB);
Autora do livro “No cinema e na vida: a difícil arte de aprender a morrer”;
Assina a coluna “Trocando Ideias” do blog da Clínica Ser Saúde Mental de Brasília.
Contatos:
emilia.bottini@gmail.com.
Página do livro:
Facebook.com/Nocinemaenavidaadificilartedeaprenderamorrer
Clínica Ser Saúde Mental – Coluna Trocando Ideias:
http://sersaudemental.com.br/blog/

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O cadeado


Por: Cris da Rocha

Um dia o cadeado resolveu não abrir, como não era de boa qualidade, enferrujou. Tentaram abrir, apertaram, viraram de um lado para o outro até que a chave emperrou. A chave não saía de dentro do cadeado, velho e enferrujado.
Não se contendo, ao invés de retirar a chave de dentro do cadeado, apertaram mais e mais até a chave quebrar e, na pressa de abrir o cadeado para entrar, ficaram do lado de fora até que se pudesse encontrar alguém para cortar o cadeado e dinheiro para comprar um novo – que funcionasse perfeitamente atendendo às expectativas que eram entrar e sair de casa.

Às vezes somos que nem a história simples do cadeado, queremos ser mais felizes, alegres, satisfeitos e gentis com a vida, mas passamos esse tempo repetindo os mesmos erros, entrando e saindo sempre pela mesma porta, empurrando os mesmos problemas ao invés de tentarmos soluções. Talvez seja mais “fácil” conviver com a chave emperrada no cadeado, de vez em quando tentar colocar um óleo para ver se quem sabe ela sai dali e volte a funcionar, mesmo que com defeitos e problemas, afinal, o objetivo do óleo é fazer apenas o objeto se mover e não tirar a chave do buraco que ela se meteu.

Nem sempre conseguimos a coragem suficiente para desapegar daquilo que não traz mais alegria de viver e que faz da vida um espetáculo que não nos encanta.
Acredito que até com o que não funciona bem o ser humano se adapta, mesmo que seja de uma forma sofrida. Temos receio de que as pessoas ao redor ou até de longe sofram, mas não pensamos em nós.
Ficar forçando a barra parece ser mais fácil, contemplar dia e noite a chave dentro do cadeado sem função alguma, deve ser um alento para o desalento de contar com nada, talvez até com o portão aberto. E digo ainda pior, quando o portão é automático, desse, espero distância.

No início da história foram tentado de tudo para que o cadeado e a chave funcionassem, a barra foi tão forçada que tudo parou ali.
Há um momento, depois de todo esforço, que o cadeado seja descartado com a chave e tudo, jogue fora até a corrente que ajuda a trancar o portão e mesmo que demore, compre tudo novo e aproveite das oportunidades que a vida vai te dar.
Construa tudo com novas emoções e cuide para que seus sentimentos não enferrujem.
Cuide para que as engrenagens que a vida vai construindo, venham ao seu favor te levando e nos levando até águas mais tranquilas.

Os sentimentos entrelaçados ao amor, o próprio, o seu amor, o amor que liberta das mágoas, da opressão e da ferrugem que corrói as coisas mais belas da vida como a fé e a liberdade de existir.
A fé que te deixa mais leve e a liberdade que mesmo angustiando às vezes, faz com que você seja alguém que pode fazer escolhas entre um portão aberto, para qualquer um entrar, um cadeado com uma chave emperrada que para nada serve, quem sabe um portão automático que não te exige esforços ou um conjunto de correntes e cadeados novos a fim de seguir seus caminhos sem se preocupar com o que encontrará no retorno, depois de deixar o portão fechado.

Imagem capa: Pexels

Colunista

Ana Cristina Vieira de Souza
(Cris da Rocha)

São Gonçalo – RJ
Professora d0 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental;
Formada desde 2007 em Pedagogia;
Especialização em Educação: Orientação Educacional, Supervisão e Administração Escolar, 2008;
Já atuou como Orientadora Educacional na rede pública de Ensino do Município de Itaboraí do 1º ao 9º ano;
Trabalha com crianças e adolescentes no Projeto Sala de Leitura, onde atua como professora de Literatura, estimulando crianças e adolescentes ao desejo e hábito de ler.
Atualmente é estudante do curso de Psicologia nas Faculdades Integradas – FAMATH, em Niterói.
Contato: prof-anacris@hotmail.com

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Menino que amadureceu antes do tempo


Por: Maria Emília Bottini

A imagem que ilustra esta crônica foi apresentada pelo noticiário nacional em uma tarde de janeiro desse ano. Ela me fez pensar com carinho na grandeza desse garotinho, envelhecido pelo frio da zona rural da China. Ele entendeu precocemente sobre responsabilidade e não ficou se lamentando por elas, fez sua parte enfrentando o mundo branco da neve fria e gélida. Essa cena me comoveu e me tocou profundamente.

Acredito na educação como uma das possibilidades de mudar nossa realidade nua, crua e desigual. Essa notícia percorreu o mundo e certamente outros, como eu, foram tocados pela grandeza desse pequeno menino-grande. Mas o que há de tão extraordinário na notícia? Por que ela nos tocou tanto?

Esse menino-grande é um exemplo de algo que parece estar se perdendo nos dias de hoje nas escolas brasileiras, que é a vontade e o desejo de aprender, de fazer sua parte, de ir à escola e não faltar. Muitos que conheço por aí desejam apenas um diploma universitário, mas ele não precisa ter absolutamente nada dentro, pode estar oco, visto que para preenchê-lo é preciso esforço e grandeza pessoal de assumir sua parte no processo de aprender.

Escola é assunto sério para esse garoto chinês de apenas oito anos chamado Wang Fuman. Para frequentar a escola diariamente, ele caminha cerca de 4,5 quilômetros por dia sob a temperatura de aproximadamente nove graus abaixo de zero, o equivalente a uma hora e meia de caminhada entre a cidade de Ludian, área rural da província de Yunnan, e o vilarejo de Xinjie, ambos ao sul da China. Por que ele fez isso nesse dia? Ele tinha uma prova. O diretor contou que Wang é muito bom aluno e costuma tirar notas altas em matemática.

Assim como ele, outras crianças vivenciam a situação diariamente no vilarejo.

Wang mora em uma casa de barro com teto de palha, junto com a avó e a irmã mais velha. A mãe deixou a família e o pai não retorna para casa tem meses, pois trabalha em outra cidade. No país há outros como eles e são conhecidas como “crianças abandonadas”, pois elas não vivem com os pais porque eles trabalham em outros municípios. Apesar de realidade cruel, ele nunca falta às aulas. Talvez tenha entendido em tão tenra idade, que sua vida é dura e que a escola representa uma réstia de possibilidade de mudança.

O que me fascinou nele é sua garra, a vontade de aprender, a responsabilidade independente do clima e das condições que ele vive, ele foi para a escola, ele fez a sua parte. Ele pagou um preço por isso? Evidente que sim. Suas mãos se queimaram pelo frio terrível que o acompanhou no caminho. Ao observar melhor a imagem acima seus colegas estão rindo dele. Esse é o outro preço que pagou, o de ser ridicularizado pelos colegas que riem dele. Crianças não são só boazinhas umas com as outras, elas podem ser más e cruéis em qualquer lugar do mundo. Do que riem seus colegas? Riem do menino que no caminho para a escola envelheceu? Riem pelo esforço físico de ir, de seguir em frente apesar do que estava sentindo? Ele poderia ter parado no caminho e ter congelado até a morte, mas não o fez, ele caminhou, ele seguiu em frente e chegou à escola um velho-menino.

Do que rimos nós? Essa cena não é engraçada, ela é forte, é lição de vida a nos ensinar que quando queremos fazer algo, o fazemos, mas quando não queremos encontramos desculpas, justificativas.

Não tive como não pensar nos alunos “adultos” que encontrei pelo caminho. Reclamam do texto longo demais, da prova escrita, do filme que a assistir, da presença em sala de aula, do trabalho que tem que entregar, do esforço… Reclamam, reclamam, reclamam. Parece que estar na sala de aula é uma tortura ao corpo, à mente e não discordo porque aprender cansa e dói, porém também pode ser prazeroso e divertido, mas é preciso participar do processo. Atitudes que beiram a infantilidade a apontar que não desejam crescer, desejam permanecer no mundo infantil, naquele que alguém realiza o desejo. Geralmente pais infantilizados criam filhos infantis e imaturos que não amadurecem para assumir responsabilidades mínimas da vida, esquecendo-se que infantilidades não forjam homens para o mundo.

Enquanto isso na China, Wang cresce de tamanho na caminhada diária para sua escola e nos ensina que crescer é necessário mesmo que isso provoque dor. Ou se corre o risco de passar pela vida apenas reclamando, sem entender que somos parte da solução e da mudança que tanto almejamos, é preciso assumir esse lugar.

Por que esse menino não deu desculpas para não ir a sua escola? Estava tão frio, ele queria estar lá e foi, se lançou no branco da neve. Ele poderia não ter conseguido? Sim, mas morreria tentando. Por vezes desistimos sem termos neve no horizonte ou sobre nossa cabeça ou sob nossos pés, o que temos é a falta de desejo a congelar nossas possibilidades.

Wang virou notícia e me comoveu. Sua professora tirou fotos e as publicou na rede social a denunciar que a escola não é só um lugar de ir fazer uma prova, é lugar em que meninos envelhecem e aprendem que a vida pode ser muito dura, mas ainda assim podemos enfrentá-la bravamente.

Imagem capa: stocksnap.io

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Maria Emília Bottini
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Esculpir-se a si mesmo


Por: Maria Emília Bottini

Recebi essa imagem de uma pessoa querida, que conheci nos últimos minutos do segundo tempo, quando morava em Brasília. Mulher de nome diferente, geralmente é preciso perguntar mais de uma vez para entender, o que ela já faz para evitar problemas. Essa mulher de uma escrita vibrante, por vezes raivosa, usa a escrita como forma terapêutica para colocar para fora alguns demônios que perturbam seus caminhos.

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Imagem: Fornecida pela autora do texto

Tornou-se rapidamente amiga de jornada e seguimos nos falando. Ela me envia imagens, sabe que sou fã delas, e assim seguimos, à distância, nossa sintonia entre a arte e escrita.

Certa vez, dei-lhe uma imagem impressa, em um curso de contar histórias que fizemos juntas, a nossa história. A imagem era de uma mulher com uma gaiola na cabeça, achei que como todas nós, ela também tinha sua gaiola na cabeça. Ela ficou imensamente surpresa com minha atitude e foi preciso tomar um café para uma longa conversa sobre as gaiolas de nossas vidas. Neste dia, apresentou-me o livro Contos de amor rasgados de Marina Colassanti que, carinhosamente, deu-me de presente quando de nossa despedida.

Em tão pouco tempo tivemos momentos lindos de estar juntas, de dividir, de ser, fazer e sentir quem somos. Dividimos história de vida em um local em que o tempo é vermelho, a nos lembrar que a vida passa para nós.

Eu amei essa imagem que ilustra a presente crônica; amei por uma razão muito simples: acredito nela, ou seja, nos lapidamos e somos lapidados no processo de viver e, enquanto psicóloga, por vezes auxilio o caminho de lapidar-se aos que aceitam o desafio de fazer terapia.

Nessa escultura de bronze, nominada de Self Made Man (homem construído por si mesmo) de autoria de Bobbie Carlyle, que recolhe ideias e inspiração de experiências pessoais com seus sete filhos e muitos netos. A imagem representa o homem que esculpe a si mesmo a partir da pedra bruta da qual ele surge e se constitui, existe.

A essência dessa escultura é provocar reflexão, uma das funções da arte, fazer a gente pensar sobre a gente mesmo. Tarefa que considero que essa obra cumpre bem, pois nos desacomoda, incomoda e nos faz pensar.

Mas o que é lapidar? Lapidar é talhar, polir, aprimorar, processo que, ao longo do viver, fazemos conosco, mesmo na subjetividade de cada um, mas também na relação com os outros. No decurso da vida, por vezes perdemos pedaços de nós mesmos nos momentos que perdemos algo ou alguém querido, quando as coisas não saem como desejamos ou planejamos, quando não passamos nos concursos almejados, quando o namorado nos deixa, quando nos separamos de amigos queridos, quando mudamos de casa…

Não ocorre lapidação sem dor. A dor é a amálgama do ato de se esculpir. O homem da escultura usa martelo e cinzel, ferramentas que possibilitam tirar lascas do bronze, para isso é preciso batidas fortes e frequentes. Nada pode ser muito leve e sem força, senão não há aprimoramento interno. A ferramenta que mais nos ajuda a nos lapidarmos chama-se frustração. Rubem Alves dizia que havia chegado aonde chegou por uma sequência de coisas que deram errado. Com aquilo que dá errado, ou não sai como o esperado se pode aprender muito, se desejarmos.

Ocorre um final no esculpir a si mesmo e dessa construção pessoal. O momento de nossa finitude coloca fim a essa construção pessoal quando a morte nos abriga em seus braços a nos conduz. Até lá seguimos nos lapidando e nos moldando, pois ninguém é o seu nascimento.

É preciso esculpir a criança para se tornar adolescente. É preciso esculpir o adolescente para se tornar um adulto. E é esculpindo o adulto que chegaremos ao idoso. Na constante tarefa de esculpir, lapidamos, aprimoramos, qualificamos nosso ser em todas as fases da vida. Eis o ciclo da construção de si mesmo, mas sem ilusões que isso é tarefa fácil.

Imagem capa: Pexels

Colunista:

Maria Emília Bottini
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Pensando o outro


Por: Anna Paula Minguta Serafin

Passamos a vida inteira enquanto crianças, adolescentes, jovens, e alguns quando mães e pais, buscando eliminar os sintomas.

Vamos seguir uma observação a indivíduos em estado febril. Quando alguém está neste estado, denominado febril, seguimos sempre algumas orientações, que vindas desde antiguidade, permeiam nosso tempo. Um banho frio, batata gelada na testa, muita água, meia nos pés, agasalhar o máximo, evitar agasalhar, fechar todas as portas e janelas para não entrar corrente de vento, abrir a casa para o ar circular… em meio a tantas coisas e divergências, que uma coisa temos um comum: queremos acabar com a febre. Esse calor ameaçador não pode permanecer. Se demorar, o sujeito terá convulsões e até mesmo alucinações. Surge desse princípio um objetivo: acabar com a febre. Parece-nos um cuidado lógico e pertinente, se não nos esquecermos de que esta febre é o corpo falando, respondendo a alguma coisa que o incomoda. Seria correto cortarmos a febre sem sabermos de onde ela vem? Ou porque ela chegou? Olhar para este corpo além da febre e perguntar o que ele quer dizer com isso?

Alguém já experimentou perguntar ao corpo se ele tem algo a dizer? Sem medo de obter resposta, afinal dizemos o tempo todo que “o corpo fala”, mas como não paramos para ouvir, a febre já não é mais uma fala do corpo, e sim um grito de socorro. Algo do tipo: Olhem para mim, vou explodir! E cada um de nós prontamente cuida de esfriar, de calar, de mandar o corpo calar. A humanidade está febril, e passamos muito ou todo tempo buscando modos de “cortar a febre”. De esfriar os ânimos, de calar as pessoas. De amenizar antes que venham os delírios e alucinações. Seriam estados febris os choros “sem motivo”, as angústias, o silêncio, o isolamento, andar pela rua ou em casa falando sozinho? Os gritos considerados fora de hora, os pesadelos, as inconstâncias e tantas outras reações observadas no dia a dia? Somos crianças crescidas que vivem pelas ruas observadas por curadores de febres, que sequer sabem o que estão fazendo com corpos que querem falar. Caminhando pelas ruas dos bairros, da cidade, não importa a hora, se dia ou noite, são intensos os movimentos de pessoas que estão cansadas de paliativos, querem simplesmente deixar o corpo queimar, para a alucinação vir à tona e o delírio (que estará muito mais perto da realidade) poder ser exposto, sem algemas, sem medicamento, sem isolamento, sem camisa de força, mas com as portas abertas, com o vento entrando e com os gritos saindo pelos poros se necessário.

Não haverá preocupação de vírus “pegarem” os vizinhos, já estão todos contaminados, todos querem de algum modo chamar a atenção, mas não querem esfriar a febre, querem ser examinados, cuidados, observados, agasalhados por um afeto e refrescados por um motivo para prosseguir. A bactéria da indiferença, “do melhor remédio é ficar calado”, “fingir que não vê”, ou “fecha a casa e fica quietinho que passa”, tudo isso e muito mais, tem dado vazão para o aumento de doentes perdidos pelo caminho. E os observadores, estes adoecidos por não terem ações, por não conseguirem se movimentar, por medo de se contaminar, já estando contaminados. A empatia surge como um bom remédio e pode-se ir além de estar no lugar do outro, podemos ainda ir até onde este outro está. E quem sabe compreende-lo.

Imagem capa: Stocksnap.io

Anna Paula Minguta Serafin

Faculdade Européia de Vitoria – cursando 8º período Psicologia
Cariacica/ES
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Aprendendo com as diversas idades


Por: Anna Paula Minguta Serafin

Quando observamos um grupo de pessoas em seu dia a dia, podemos destacar várias ações, falas e movimentos muito diferenciados, tanto motivados por um momento, quanto pelo tempo já vivido ou até mesmo pela situação em que se vive ou já viveu.
Que movimentos ainda virão? Esta é provavelmente nossa maior expectativa. Podemos chamar esta junção de emoções, se for o caso, de “variadas experiências no mesmo espaço físico”. Quando de algum modo estas experiências são seguidas de movimentos, ainda que de alguns desses movimentos sejam apenas olhares (quando o corpo já não responde como antes), mas que para um bom entendedor são tão compreendidos quanto palavras, e que vão gerando novas experiências a cada dia.

Não há como discutir esta vivência quando partimos de um grupo de pessoas que tem 91, 76, 68, 53 e 13 anos. Tudo parece tão pequeno e ao mesmo tempo é de uma amplitude sem medida e surpreendente. Podemos chamar este lugar de observação como “o lugar das surpresas”, e estas surpresas nos são reveladas a cada instante vivido neste que podemos chamar de território familiar.
Olhamos para ele, o que se diz ser pré-adolescente, com 13 anos, quer cuidar de tudo e todos, ao mesmo tempo quer assistir seus vídeos favoritos, ouvir suas músicas internacionais (ainda que saiba tão pouco o inglês), que dormir bastante, estudar só o suficiente, de preferência pouco, cozinhar pratos diferentes, e ajudar no que for preciso, desde que para isso não precise sair do quarto. Sonhos? Muitos. Tocar violão, bateria, nadar, jogar capoeira, lutar boxe, ser investigador, médico pediatra e quem sabe veterinário.

No mesmo espaço, nos encontramos com ela, de 53 anos, que cuida da casa há mais de 25 anos, faz as refeições, uma casa que não lhe pertence, mas alega ser quem manda, pelo tempo em que está cuidando de tudo, ou, o que considera tudo. Nunca sente dor ou fica doente, não dorme (desde que não sente no sofá), toma todos os remédios existentes na casa, sempre com uma faixa no joelho torcido (torcido todos os dias), são quedas sem dores, remédios sem doenças e exames periódicos com consultas constantes, pois a qualquer momento poderá aparecer uma doença. Esta cuida do primeiro, aquele de 13 anos, que sonha cuidar de todos.
Cinqüenta e três mais treze, são exatamente sessenta e seis, e surge no fundo deste espaço a terceira pessoa, são 68 na verdade, um pouco mais que os dois primeiros juntos.
Agora sim encontramos quem decide tudo, corrige tudo, mesmo que esquecendo onde guarda os documentos, a receita médica, resultados de exames e tantas coisas mais. Não consegue esquecer a maquiagem, as roupas elegantes e os selfies para postar no Facebook. Não esquece os horários de medicamentos para dois que ainda vão surgir em nossa observação. O cuidado parece estar nessas mãos, de mente quem sabe já um pouco cansada. Traz consigo uma beleza rara, marcas de um passado escritas no seu rosto, o que chamamos de rugas, cabelos brancos que dizem de uma vaidade pura, pelo brilho que mantém. Passa parte do seu tempo procurando coisas que esqueceu onde estão, cuidando, e chamando atenção daqueles dois, que foram observados anteriormente, e que se dizem cuidadores. Parece que temos alguém para derrubar esta tese e criar uma nova situação. Situação esta que surge em meio a medicamentos, roupas arrumadas, horários cumpridos regularmente, atenção dia e noite, e muitas broncas distribuídas para quem quer que seja, necessárias ou não.

Ainda mais ao lado, ali bem perto está o outro, 76 anos, não quer ser idoso, não quer ser “rebocado” – refere-se a tentarem segurar em suas mãos para ajuda-lo. Já jogou muito remédio fora, já fingiu que bebeu e logo punha para o lixo. Hoje pede remédio, afinal parece que acredita que só tem 04 anos, partindo do princípio de que nasceu de novo quando fala de sua doença que o deixou fora do contexto familiar durante décadas. Conhecido apenas como “papai”, não cuida de ninguém, ou acredita não cuidar, mas mantem atenção aos horários de chegadas e saídas de todos à sua volta. Dono de um sorriso largo e tímido pela falta de vários dentes, que o tempo lhe tirou. Sem muitas lembranças, mas com fortes motivos para prosseguir. Alega sempre que está vivo e isso quer manter por muito tempo.
Sempre dizendo: Quem decide é ela! Se ela for eu vou! Ela é fera! Referindo-se a sua fiel escudeira que cuida de tudo, aquela que esquece onde guarda as coisas, mas não erra os horários de atenção, e está sempre dando broncas, inclusive neste senhor que tanto a admira.

Alguns passos a mais, e encontramos outra surpresa, 91 anos de pura lucidez, brava como uma onça, porém agora não pode mais andar. Ataca com suas palavras, às vezes duras, mas ainda assim sempre tem amor e um sorriso pra oferecer, ainda que demore um dia inteiro. Sentada em sua cadeira de rodas ou de banho, sempre diz: Vou embora! Hoje eu vou! Não precisa me levar, vou andando! Assim fazia quando andava…
Olhar, viver, é estar envolvido neste mundo de sonhos, ilusões, e desilusões. Histórias que seria necessário viver todos os anos novamente para poderem contar, mesmo sabendo que nunca contarão do mesmo jeito, afinal nem se sabe como realmente aconteceu, e se aconteceu. O que se leva, é o que se vive. E o que se vive, vive agora, hoje, enquanto se pode.
“Se digo que ando, mesmo que seja em cadeira de rodas, é porque pode ser que ainda me sinto livre.” “Se não quero “reboque”, não vamos rebocar”. Se cair, não teremos memória pra lembrar de que houve teimosia, vamos pensar no cuidado, aquele que todos os outros acreditam oferecer. Ainda que não se saiba quem cuida de quem.
A diferença, as surpresas se darão com o tempo, quando cada um ocupar o lugar do outro. Como serão? Só saberemos se continuarmos a observar, estando lá, vivendo e construindo juntos, esta experiência que se dá ao longo de cada existência.

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Anna Paula Minguta Serafin

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Precisamos falar sobre a vida


Por: Camila Martins Fernandes

Sei que deve estar lendo esse título e se questionando “o que ela quer dizer com isso”
Até porque achamos que falamos sobre a vida o tempo inteiro, mas será que realmente falamos sério?

Falamos sobre planos futuros como trocar de carro, fazer uma faculdade, comprar uma casa… Mas falamos sobre a vida? E aí vem meu questionamento: o que é a vida para você?

De uma forma geral, costumam dizer que a vida é a forma como você vive, seus hábitos, costumes, entre outros. O que envolve sua vida pessoal, profissional, social. É como se vivêssemos inúmeras vidas dentro de uma só, mas será que realmente estamos vivendo por completo?

Muitas vezes nos preocupamos tanto com o passado ou com o futuro, e esquecemos de quem somos hoje. Perdemos tempo tentando resolver pendências que passaram e não voltam mais, ou ansiosos com aquilo que nem sabemos se vai acontecer, e quando percebemos, passou um dia, uma semana, meses e até anos, e aí vem aquela sensação de que “nada dá certo” ou nada sai do lugar. Parece que nossa vida continua no mesmo lugar. Pensamos em tudo de errado que não aconteceu, mas será que esse é o caminho certo?

Às vezes o que nos falta é olhar para dentro, analisar tudo com calma. Não questionar apenas porque tudo está errado, e sim pensar o que podemos fazer de diferente.

Sempre esperamos a virada do ano para se auto analisar, ver se a vida está como queríamos. Mas está na hora de revermos isso. Não precisamos de uma única data do ano para falar sobre a vida, para tirarmos um tempo para nós mesmos e ver quais sonhos ainda queremos, o que não realizamos.

Passamos o ano todo cuidando de nossa aparência com roupas, academia, e onde arranjamos tempo para falarmos sobre a nossa vida? Passamos tempo preocupados com nossos inúmeros problemas, com nossas contas, mas e nossa vida?

Planejamento e sonhos também fazem parte de nossas vidas.

Não precisamos viver abitolados a nossos problemas, isso não é viver, é sobreviver. Precisamos achar folgas em nossas tumultuadas agendas e pensar em nós, nossa saúde mental. Fazendo isso evitamos que os problemas tornem-se maiores, e conjuntamente conseguimos ver quem realmente somos.

Comprometa-se a pelo menos 1 vez ao mês se auto analisar. Ver tudo o que conquistou. E o que não conquistou, não pense pelo lado negativo, pense que talvez as estratégias usadas não foram as melhores, e tente novamente, de uma perspectiva nova.

Imagem capa: Stocksnap.io

Colunista:

Camila Martins Fernandes 
CRP: 06/109118

Psicóloga Clínica. Formada pela Universidade São Judas Tadeu. 
Aprimoramento Clínico na Abordagem Cognitiva pela Universidade São Judas Tadeu.
Psicopedagoga Clínica e Institucional. Formada pela Universidade Cidade de São Paulo. Atendimento no Tatuapé, Zona Leste de São Paulo-SP 
Contatos: 
E-mail: contato@psicocamilafernandes.com 
Facebook.com/psicocamilafernandes

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Dormir ou sonhar?


Por: Joscelaine Lima

Eu não tenho insônia, é verdade. Mas, tem dias em que a madrugada me inspira… Algo cutuca meu cérebro, me pede para sair da cama e fazer alguma coisa produtiva. E o que é mais produtivo do que escrever? Para uma eterna sonhadora, como eu, isto pode ser muito importante. Talvez colocar um sonho novo no papel, ou escrever sobre aquele(s) que já não estão só no papel, pois já se tornaram reais! E é difícil dormir com esta euforia; e não é a falta de sono o problema, mas sim o que a gente faz com esta falta de sono!

Geralmente levanto devagar, ligo o computador e começo a digitar o que me vem à cabeça. Podem vir muitas coisas, principalmente ligadas ao que estou vivendo no momento, motivo pelo qual o sono não veio como costuma vir em quase todos os dias. Porém, existem situações que merecem ser vividas mais intensamente, que precisam ter uma elaboração maior, e só quem não tem coração, quem é insensível, não percebe isto e não dá o devido valor ao que está vivendo, deixando momentos que deveriam ser vividos intensamente escaparem por entre os dedos.

Admiro pessoas assim, que vivem intensamente seus momentos, que não escondem sentimentos, não sabem fingir, são verdadeiras, não se limitam, não afogam dores, não suprimem alegrias, mas, as Vivem! Pessoas desta maneira podem até sofrer mais em algumas ocasiões, entretanto, quando se alegram vivem por inteiro esta alegria, valorizam pequenas vitórias, são calorosas e autênticas.

Isto é o fundamental de se viver! Viver por inteiro, sentir por inteiro, deixar fluir… É uma perda, uma angústia, uma decepção? Sinta isto, chore, só não se entregue ao desespero e não perca o amor pela vida! É uma vitória, uma conquista, uma realização? Aproveite este momento, festeje, sorria, chore de alegria, seja grato!

Exercite a gratidão, isto é tão poderoso, pois, quando valorizamos o que possuímos a vida se encarrega de acrescentar coisas boas. Ao valorizar o que temos nos tornamos mais gratos e felizes de fato. Olhe para dentro de si, observe suas conquistas, enalteça suas qualidades, aceite-se por inteiro, pois somente a autoaceitação produz mudanças para melhor!

Jamais deixe de viver intensamente. Não esconda seus sentimentos em um saco escuro, não os abafe, pois, de uma forma ou outra eles terão que sair, se não for por sua liberação espontânea, será por uma dor, uma enfermidade, uma crise…

Não espere isto acontecer! Viva com intensidade o que deve viver, respeitando seus princípios e valores, para não se ferir ou ferir a outros e se arrepender, mas, dentro do que você sabe ser possível e não maléfico, viva intensamente seus sentimentos! Eles são reais! Ouça a voz do seu coração, só não a coloque para fora se não vai fazer bem. Mas, expressar seus sentimentos sempre vai ser bom, basta fazê-lo de forma apropriada, basta estar consciente do que está fazendo. Neste mundo, só vive-se uma vez, então, que mal tem se esta vida for exageradamente empolgante?

Imagem capa: Stocksnap.io

Colunista:

Joscelaine Lima
CRP: 12/14672

Psicóloga clínica, formada pela Universidade 
do Oeste de Santa Catarina (UNOESC) em 2015.
Atende em São Miguel do Oeste-SC.
Contatos:
Facebook.com/JoscelainePsicologia
Whatsapp: (49) 992028970

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Nem tudo o que parece é


Por: Alex Valério

Sorrir, nem sempre significa ser o que parece. O sorriso pode ter muitos significados e, portanto, muitas funções. Em alguns casos, é só resultado da contração dos músculos labiais (para entender isso, pense na quantidade de vezes em que você esboçou um sorriso sem querer sorrir). Em nossas vidas, há muita coisa que aparenta ter uma forma, mas é aquela velha história de julgar o livro pela capa, sabem?

Estima-se que há 7 bilhões de pessoas no mundo. É tanta gente que eu não consigo imaginar o quanto isso representa em quantidade. Com tantos outros humanos por aí, como podemos nos sentir tão solitários? Há vazios que se revelam como um buraco negro no âmago do nosso ser. Há solidões que não entendemos, só sabemos que ela existe e nos acompanha por onde andamos.

A propósito, há solidões e solitários. Há quem tenha tudo e sinta como se não tivesse nada, existe o inverso disso e, há também, quem não tem nada nem ninguém (não se trata da solidão amorosa, mas da completa e total ausência de outras pessoas). Não tem receita mágica para lidar com o fato de ser sozinho. O melhor caminho, talvez, seja buscar as respostas do seu isolamento. Tente identificar, através de sua história de vida, em que momento você foi conduzido para essa condição atual (como fazer isso? Terapia sempre ajuda!).

É difícil compreender o que nos faz sentir tão só. Às vezes, passamos horas ou até mesmo dias, sem pensar a respeito. Há momentos em que nos rodeamos por pessoas, nos atolamos no trabalho ou imaginamos ter encontrado alguém especial. Mesmo não percebendo, ficamos felizes por encontrar alguma coisa que preencha um pouco do vazio constante que sentimos. Mas, como tudo na vida, esses momentos podem ser temporários e breves; e quando o são, parece que é apenas uma confirmação do fracasso que somos, não é mesmo? (isso não significa que tem de ser assim para sempre!)

Normalmente, quando somos acometidos por nossa costumeira solidão, temos a impressão de que, independente do que façamos, sempre estaremos condenados a ela. Há uma linha tênue entre: não ter ninguém e se afastar – ou ser afastado – de outras pessoas (qual é a sua?).

Cada um de nós tem uma história e um motivo para se comportar da forma como hoje se comporta. Cada história carrega suas particularidades e especificidades. Um bom começo é tentar respeitar a si mesmo e o sentimento que te afeta. Passamos tempo demais nos questionando ou nos condenando e isso não ajuda, pelo contrário, isso só agrava nossa própria condição.

Faça as pazes consigo. Respeite-se. Reconheça que você tem algum valor (e, apesar de bem piegas, essa pode ser a parte mais difícil). Amar-se, apesar de ser pregado por aí e divulgado aos quatro cantos, não é algo fácil, ainda mais considerando o mundo em que vivemos hoje, pelo contrário, tem sido bastante fácil deixar de gostar de si próprio.

Tente estabelecer laços. Queira ou não: nenhum homem é uma ilha. Quando passamos tempo demais sendo nossa única companhia, nos tornamos um pouco intolerante ao outro. Logo, quando alguém nos desagrada, ainda que com algo pequeno, costumamos nos afastar, antes que uma decepção maior aconteça e a ferida aberta se torne ainda mais grave (aliás, toda vez que isso acontece, você sente que isso confirma a predestinação a ser sozinho, não é?).

Há sorrisos que escondem medos, tristezas, anseios e tantas outras sensações desconfortáveis. A dor que sentimos é verdadeira, mas não é eterna. Seja flexível com quem você é. Aceite suas limitações, reconheça suas inabilidades e tente romper com as verdades que só são verdades para você. Não ter uma família, não ter amigos ou não ter um amor, não significa que essa será sua sina. É possível recomeçar e reconstruir. Reinvente-se!

Imagem capa: Pinterest

Colunista:

Alex Valério
CRP: 06/134435

Especializando em Terapia Comportamental pela 
Universidade de São Paulo. 
Psicólogo pela Universidade Nove de Julho.
Tem experiência com projetos que envolveram 
pesquisa básica em análise do comportamento 
(desamparo aprendido e comportamento supersticioso), 
ações sociais com o público LGBT e pesquisa quantitativa 
com familiares de mulheres que estavam encarceradas.
Realiza atendimento clínico de crianças, adolescentes e adultos. 
Escreve para o próprio blog e, também, para o Educa2.
Atende em São Paulo (Região Central) e no Grande ABC.
Contato: 
alex@minutoterapia.com
Facebook.com/ominutoterapia

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