Por: Psicóloga Ane Caroline Janiro
Mania de limpeza, mania de lavar as mãos, mania de verificar se a porta está trancada… Será que eu tenho TOC?
Essas “manias” são, em geral, hábitos que todas as pessoas tem e não podemos dizer que se tratam de TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) enquanto elas não estão relacionadas com pensamentos obcecados e comportamentos tão compulsivos que causam sofrimento e interferem negativamente na vida social.
Para entender melhor, no TOC, os pensamentos são obsessivos e os comportamentos são compulsivos. O que isso quer dizer? Pensamentos obsessivos: são insistentes, repetitivos, perturbadores e irrealistas (chamamos de intrusivos), além de incontroláveis. Exemplo: “Eu posso me contaminar ou contaminar as outras pessoas facilmente com algum vírus ou bactéria”, “Dirigir é perigoso e eu posso atropelar alguém a qualquer momento”.
Comportamentos compulsivos: são as tentativas de eliminar os pensamentos obsessivos através de ações que a pessoa executa, são estratégias que ela utiliza e que, em primeiro momento, trazem alívio às ideias intrusivas, mas depois causam muita angústia. Funcionam como uma regra mental para que os pensamentos perturbadores não se realizem, por exemplo: “Se (e somente se) eu lavar as mãos por 15 vezes seguidas, estarei livre de me contaminar ou contaminar outras pessoas”; “Eu preciso fazer o mesmo trajeto por 5 vezes para ter certeza de que não atropelei ninguém”. Esses comportamentos ocupam grande parte da rotina da pessoa e por isso comprometem – e muito – o seu convívio social, trazendo um sofrimento intenso e essa é a diferença entre os comportamentos do TOC e os hábitos que todas as pessoas tem.
Outro estereótipo que precisamos quebrar é de que o TOC é engraçado. Muitas vezes o vemos dessa maneira porque não compreendemos o quanto o Transtorno pode trazer consequências sérias para a vida da pessoa e o quanto esses pensamentos e comportamentos a fazem sofrer. Então, ele não é engraçado e não pode ser banalizado, já que isso dificulta muito que a pessoa tome a iniciativa de buscar ajuda. Quando banalizamos e reforçamos que “todo mundo tem um pouco de TOC”, quem realmente sofre com o transtorno reforça em si mesmo a ideia de que ele pode lidar com isso sozinho, demora a entender que algo não está bem e os sintomas podem se agravar consideravelmente, junto com os prejuízos e sofrimento psicológico.
O apoio psicológico é fundamental para que a pessoa aprenda a lidar com esses pensamentos intrusivos e vá fazendo o exercício de não “obedecê-los”. Isso é feito através de algumas técnicas que evidenciam a ela que, mesmo quando ela não executa as tarefas que acredita que precisa fazer, os seus maiores medos (que vem com os pensamentos obcecados), não se realizam. Assim ela vai aos poucos criando repertório (conhecendo as ferramentas) para controlar esses pensamentos e os comportamentos. É claro que não é uma tarefa fácil e em muitos casos, além do acompanhamento com psicólogo, é necessária também uma intervenção medicamentosa do médico psiquiatra.
Mas buscar ajuda especializada faz toda a diferença na diminuição desse sofrimento.
Imagem capa: Pinterest
Sobre a autora:
Ane Caroline Janiro – Psicóloga clínica, Fundadora e Administradora do Psicologia Acessível.
CRP: 06/119556
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