Por: Camila M. Fernandes
Conforme informei no texto anterior, farei uma sequência de textos sobre transtornos psicológicos associados à infância. No primeiro texto falei sobre Ansiedade e o texto de hoje será sobre o estresse pós-traumático na infância, conhecido também pela sua sigla TEPT.
Começo dizendo que sim, crianças também passam por situações traumáticas e que cometemos um erro quando mantemos a visão de que crianças não tem “problema nenhum”. Quanto antes percebermos as modificações comportamentais de filhos, sobrinhos, afilhados entre outros, mais fácil será para tratar.
O TEPT é um dos quadros psicopatológicos mais frequentes entre crianças. As crianças podem desenvolver severas sequelas emocionais após serem expostas a algumas experiências traumáticas como maus tratos, abuso sexual, acidentes de carro, desastres naturais e doenças.
Alguns critérios diagnósticos segundo o DSM V são:
1) revivência do evento traumático – recordações com medo intenso, sonhos aflitivos e episódios de flashbacks, nos quais a pessoa sente ou age como se estivesse experienciando novamente o evento traumático.
2) Esquiva persistente aos estímulos que lembrem o evento – a pessoa tenta evitar sentimentos, pensamentos, conversas, inclusive locais e pessoas que remetam ao trauma, dificuldades para recordar alguns aspectos significativos, assim como a sensação de se afastar das pessoas e o sentimento de abreviação do futuro.
3) Excitabilidade aumentada – a pessoa apresenta hipervigilância, dificuldade para ter e manter o sono, irritabilidade ou, ainda, surtos de raiva e dificuldade em se concentrar.
Para caracterizar o TEPT, é imprescindível que os sintomas estejam ocorrendo há mais de um mês e causem prejuízo em áreas importantes da vida da pessoa. Alguns critérios diagnosticados são utilizados para adultos e criança, mas algumas variações de sintomas do TEPT são diferenciados em crianças como: re-encenar o trauma através de brincadeiras e jogos repetitivos, no qual aspectos do trauma aparecem associados à agitação motora e à presença de pesadelos, com ou sem conteúdo relacionado ao trauma, sonhos traumáticos recorrentes, comportamento de reconstituição e angústia nas lembranças.
A criança começa a evitar pensamentos, sentimentos e alguns locais, diminui seu interesse em atividades cotidianas, sentindo-se sozinha. Começa a apresentar dificuldades de memória e também perda de habilidades já adquiridas, retrocedendo algumas fases de desenvolvimento. As crianças que sofrem TEPT podem manifestar transtorno de sono, irritabilidade, raiva e dificuldade de concentração.
A terapia tem como objetivo trabalhar com a psicoeducação para explicar sobre o transtorno e trabalhar com o reconhecimento de sentimentos, pensamentos e comportamentos.
Referências:
PETERSEN, C. S.; WAINER, R. Terapias Cognitivo-Comportamentais para crianças e adolescentes. 1ª Ed. Porto Alegre, 2011.
Manual Diagnostico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM-V-, 5ª Ed, Artmed, 2014.
Imagem capa: Pinterest
Colunista:
Camila M. Fernandes
CRP: 06/109118
Psicóloga Clínica. Formada pela Universidade São Judas Tadeu.
Aprimoramento Clínico na Abordagem Cognitiva pela Universidade São Judas Tadeu.
Atendimento no Tatuapé, Zona Leste de São Paulo-SP
Contatos:
E-mail: psico.camilamartins@gmail.com
Facebook.com/psicocamilafernandes
*Ao reproduzir este conteúdo, não se esqueça de citar as fontes.
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