Conflitos no relacionamento e a bagagem familiar


Por: Psicóloga Ane Caroline Janiro

A maioria dos conflitos nos relacionamentos amorosos tem alguma ligação com a bagagem que cada um traz de sua família de origem, ainda que a princípio isso possa não ser tão claro assim para um casal.

Uma boa maneira de identificar isso é passando a prestar atenção nas principais motivações das discussões na relação, ou seja, naqueles assuntos recorrentes, que parecem nunca estar totalmente resolvidos e sempre ressurgem em novas brigas. O ciúme, por exemplo, quando ocorre frequentemente sem razões justificáveis – isto é, sem que o parceiro ou a parceira ofereça motivos válidos – pode ter uma raiz ligada à insegurança pessoal (medo do abandono, medo de não ser bom o bastante, necessidade de agradar, etc) e ao modelo que a pessoa internalizou sobre confiar em alguém (especificamente nas relações afetivas).

As ideias centrais que formamos sobre nós mesmo e sobre os relacionamentos são construídos desde os primeiros anos de vida, de acordo com as experiências que vivenciamos ao nosso redor e, logo, com a nossa família (ou mesmo com a ausência dela). Essas ideias ou crenças podem se enraizar e refletir em nosso comportamento ao longo de toda a nossa vida e assim reproduzirmos em nossas relações.

Alguns desses conflitos também podem estar ligados a experiências anteriores de relacionamentos amorosos, que acabaram por formar crenças disfuncionais sobre a maneira de nos relacionarmos. Nestes casos, ainda assim é preciso levar em consideração a influência da família de origem no nosso padrão de relacionamento atual.

Quer dizer que todos que vivenciaram experiências negativas em relação às suas famílias terão problemas de relacionamento? Definitivamente não. Isso vai depender do quanto e de que forma aquelas vivências estão enraizadas em cada pessoa. Os problemas nesses casos começam a surgir quando nos relacionamos com pessoas cujas ideias centrais são claramente opostas às nossas (por exemplo: a ideia que temos sobre criação dos filhos, sobre finanças, sobre romantismo, entre outras), o que também não quer dizer que o relacionamento não pode dar certo. A grande questão a ser trabalhada é o quanto focamos as energias tentando fazer com que o outro mude seu comportamento sem antes compreender as motivações que o levam a se comportar de determinada forma, assim como compreender também as minhas motivações e toda a bagagem afetiva e padrões de relação que cada um traz de suas vivências familiares.

O sucesso de um relacionamento exige certa flexibilidade de ambos ao considerar seu histórico familiar, além de aceitação de certos comportamentos e crenças, já que não é possível ser moldado completamente à vontade do outro. Mas para o bem da relação, é possível sim ceder e chegar a um resultado satisfatório. É claro que isso nem sempre é fácil e é nesse sentido que pode ser muito importante buscar uma orientação psicológica para o casal.

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Sobre a autora:

Ane Caroline Janiro – Psicóloga clínica, Fundadora e Administradora do Psicologia Acessível.
CRP: 06/119556

 


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“Por que eu não ‘dou certo’ com ninguém?”


Por: Danilo Ciconi de Oliveira

Reflexões sinceras sobre Identidade, Afeto e Relações Amorosas

Feridas na área da afetividade são um dos temas que mais rotineiramente aparecem no atendimento clínico em Psicologia. De maneira especial, pessoas que já viveram alguns relacionamentos amorosos – que posteriormente foram rompidos – constantemente recorrem ao psicólogo com o seguinte questionamento: “Por que eu não ‘dou certo’ com ninguém?”. Sintomas de ansiedade e depressão comumente acompanham tal questionamento. A prática clínica nos leva a perceber que, grande parte das vezes, alguns mesmos fatores estão presentes na vida e no comportamento das pessoas que acreditam não ter “sorte no amor”. Gostaria de enumerar alguns deles:

1. Superexpectativas em relação ao relacionamento e ao outro

Muitas vezes, supervalorizamos os nossos relacionamentos amorosos, elegendo-os como os responsáveis primeiros da nossa felicidade. Por consequência, superestimamos a figura do parceiro e o consideramos como alguém que sempre irá corresponder plenamente aos nossos ideais e expectativas. A “vida real”, porém, não é assim. A nossa felicidade não pode estar condicionada a nenhum relacionamento e a nenhuma pessoa, pois, desta forma, inevitavelmente, iremos nos frustrar e sofrer.

Onde existe convivência humana, existe conflito – e isso não é algo essencialmente negativo. É ruim, porém, negar que a dificuldade e a necessidade de adaptação faz parte de toda relação interpessoal, especialmente, das relações de afeto.

Sob esta visão idealizada da relação, acabamos exigindo do outro muito mais do que ele pode nos oferecer. Instalamos no parceiro o sentimento de que nada do que ele faça estará suficientemente bom. E isto desgasta qualquer convivência.

Construir ideais mais realistas de relacionamento é um passo importante antes de envolver-se afetivamente com alguém, caso contrário, jamais estaremos satisfeitos em qualquer relação e iremos sempre desrespeitar a identidade e o afeto do outro.

2. Necessidade de Autorreflexão e de Ações de Desenvolvimento Pessoal

Após uma série de rompimentos, o natural seria olhar para si mesmo e se questionar quanto a atitudes e comportamentos que possam ter contribuído com o fim das nossas relações afetivas e, consequentemente, tentar corrigi-las. Infelizmente, muitas pessoas tendem a colocar a responsabilidade sobre os términos totalmente sobre o outro. Surge aí a crença de que ainda não encontramos a pessoa “certa” – aquela que saberá lidar com todas as nossas inconsistências e destemperanças. O outro passa a ser o único responsável pela nossa felicidade e infelicidade e isto não é verdadeiro.

Todos nós temos responsabilidade no desfecho de nossos relacionamentos. E há, certamente, lições valiosas que podemos aprender após um término. Olhar para si mesmo, perceber os próprios limites e excessos, entender que nem todas as nossas atitudes são saudáveis e adaptativas, é fundamental para seguir adiante, para começar uma nova história.

Tendo identificado os próprios limites, faz-se necessário buscar formas de aprender a se relacionar de maneiras mais positivas. A psicoterapia é um auxílio poderoso nesse processo de autoconhecimento e de desenvolvimento pessoal. Não adianta esperar, de braços cruzados, pelo “príncipe encantado”. Somente após lapidarmos as próprias arestas, estaremos prontos para viver uma história (realista) de amor.

3. Repetição de padrões de comportamento e de crenças disfuncionais

Não é porque alguém nos feriu que todos irão fazê-lo; ou porque tivemos relacionamentos negativos, que todos os outros serão também assim. Marcas de relacionamentos passados têm que ser deixadas para trás. Uma nova história exige de nós uma nova postura, uma renovada esperança.

Há pessoas, no entanto, que carregam, de relacionamento em relacionamento, as “bagagens” negativas do passado. Ciúme exagerado, cobrança obsessiva de atenção e de carinho, ansiedade de separação, insegurança excessiva etc., são alguns comportamentos que devem ser deixados de lado para que se construa um relacionamento satisfatório. É difícil, mas possível, tanto quanto necessário. É “injusto” com o outro jogar sobre ele os pesos que nossas feridas nos deixaram.

Mais uma vez, a psicoterapia pode ser importante aliada na identificação e superação de comportamentos inadequados e de crenças disfuncionais. Conhecer-se é inevitável para conviver com mais espontaneidade e liberdade.

4. Anulação da própria identidade no relacionamento

Algumas pessoas depositam tanta expectativa no relacionamento que acabam anulando a si mesmas para mantê-lo. Não é saudável, muito menos, funcional. Relacionamento exige consideração da identidade de cada um dos parceiros. Anular-se a fim de fazer todas as vontades do outro, negligenciar os próprios valores e ideais de vida, evitar comunicar os próprios sentimentos e ideias, só nos faz sofrer.

Ninguém é feliz deixando a si mesmo sempre em segundo plano.
Não vale a pena nos esforçarmos tanto por um relacionamento que não nos permite sermos nós mesmos. Toda relação que não respeita a identidade e o espaço do outro pouco tem a acrescentar, para ambos os envolvidos.

5. (tentativa de) Anulação da identidade do outro

Outro erro comum é a tentativa constante de tentar anular a identidade do outro, de impor sempre a própria vontade. O amor não é uma imposição, é uma escolha diária, é um “contrato” de reciprocidade.

Toda tentativa de invalidar a identidade alheia é uma violência. Situações de conflito e divergência exigem comunicação e assertividade para serem resolvidas. A relação amorosa só é saudável se é construída sobre o diálogo e a partilha de ideias, de projetos, de valores.

Querer subjugar o outro não é sinal de amor, mas de obsessão. O amor pressupõe a espontaneidade. Somente assim será legítimo, verdadeiro.

Na clínica, refletir sobre tais aspectos é uma experiência, por vezes, dolorosa, mas libertadora. Contemplar e resignificar a própria história nos dá a chance de aprendermos a ser mais felizes, de enxergar a vida com mais otimismo e leveza.

É urgente ser feliz sozinho, antes de envolver o outro na própria felicidade; se possuir, antes de se doar. A qualidade dos nossos relacionamentos humanos passa sempre pela qualidade do nosso relacionamento conosco mesmo.

A gente tem que se cuidar mais para poder amar “inteiro”.

Também publicado em: Desenvolver Psi 

Imagem capa: Pinterest

Colunista:

Danilo Ciconi de Oliveira
CRP 06/123683

Psicólogo (USP), graduando em Pedagogia – Licenciatura (Claretiano) e especialista em Psicopedagogia (Uninter).
Sua trajetória profissional se destaca especialmente pela atuação junto a adolescentes e jovens. Como educador, dedicou-se a intervenções socioeducativas com adolescentes judicializados e, atualmente, à formação/treinamento de jovens em contextos de aprendizagem corporativa, assim como à docência no ensino superior. 
Sua formação complementar é marcada por atividades formativas relativas a programas de prevenção e intervenção psicossocial na juventude e a questões atinentes ao processo ensino-aprendizagem, particularmente no tocante às novas tecnologias de ensino e à contextos organizacionais de educação. 
Atua na cidade de São João da Boa Vista – SP.
Contato:
Blog: http://desenvolverpsi.blogspot.com.br/

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Meu casamento acabou!


Por: Amanda Santos de Oliveira 

A nossa cultura tenta o tempo todo nos preparar para um relacionamento feliz e eterno. Apesar de, felizmente, o divórcio hoje não ser um tabu, ainda é extremamente difícil encarar tal realidade. Independente do contexto em que você vive, o processo é extremamente penoso, seja por questões burocráticas ou emocionais. Se você está passando por essa situação, entenda que você precisa de apoio e orientações para passar por ela da melhor maneira possível. Por isso, segue abaixo algumas questões acerca deste tema.

Aceitando uma nova realidade

Provavelmente, se você é casada hoje, este ideal um dia fez parte do seu projeto de vida. Mesmo que você não sonhasse com a vida conjugal desde pequena, no momento em que decidiu se casar, as decisões começaram a ser tomadas a partir dessa decisão. Então, na iminência de um divórcio, você terá que lidar com essa “frustração”. Digo frustração, no sentido de ter um plano frustrado, o que não quer dizer que o divórcio é algo ruim.

Portanto, é preciso encarar essa ideia e a perda de uma realidade para construção de uma nova vida. Essa perda e essa separação podem surgir mediante grande sofrimento psicológico. Isso se dá, porque neste momento você passa por um processo semelhante ao do luto. Segundo Kubler-Ross (1969)[1], o processo de luto se apresenta em cinco fases, sendo elas a negação, a raiva, a barganha, a depressão e a aceitação. As primeiras fases se configuram como mecanismos de defesa, ou seja, produzimos comportamentos e pensamentos que nos impedem de acessar as emoções trazidas pela nossa realidade. Na barganha, por exemplo, o indivíduo começa a tentar “negociar” a fim de que a realidade não se concretize, mesmo que ela já esteja instaurada. Na depressão, a realidade começa a ser entendida e o indivíduo passa a acessar o sofrimento decorrente do contexto. Por fim, na aceitação a realidade passa a ser elaborada e o ambiente transformado para a vida sem aquele que foi perdido. Apesar dessas fases elencadas, o enlutado pode passar por todas elas ou não, seguir esta ordem ou não e pode ainda, regredir ou avançar etapas.

Logo, o processo é extremamente desgastante e, neste momento, esteja cercada do máximo de apoio que conseguir. Neste caso é muito interessante o acompanhamento psicológico para que o processo seja vivido com o máximo de qualidade possível a fim de que ele possa ser superado com mais facilidade. Fale sobre o assunto, não esconda seu sofrimento e lide com ele. Isso porque o processo de luto pode durar muito tempo, o que pode atrapalhar a assertividade de um divórcio. Por isso, lidar com a situação é o melhor caminho.

Tenho filhos e agora?

Não pense que ter filhos impede um divórcio. Entenda que se o pai e a mãe da criança estão felizes, passarão positividade e apoio saudável para seus filhos. Caso os pais estejam presos em um relacionamento que não os faz bem, isso acabará sendo refletido nos filhos. Se você pensa que seus filhos não entendem o que estão acontecendo, quero te dizer que eles entendem sim. Mesmo que eles ainda sejam crianças e suas estruturas de pensamento ainda não sejam tão maduras quanto as nossas, eles sabem quando algo não está indo bem.

A melhor maneira de começar a passar por um processo de divórcio não é camuflando ele de seus filhos. A comunicação tem um papel muito importante neste momento. Mas, cuidado com as palavras. Neste momento não vale colocar seu parceiro contra seu filho ou tentar mostrar que apenas você está certa. Comunique o divórcio da maneira mais assertiva possível. Para isso, tenha a certeza de que você está usando uma linguagem acessível ao desenvolvimento do seu filho. Além disso, deixe claro que a situação não representa abandono de nenhuma das partes.

Neste momento é necessária atenção especial aos filhos. O contexto pode significar uma ausência maior de um dos pares, mudança de endereço, de escola, rotina, etc. Portanto, seus filhos também devem ter apoio psicológico para isso. E, se possível, tente manter a estrutura o mais similar possível ao padrão anterior.

Sou dependente financeiramente

Essa é a situação que mais assusta não é mesmo? A primeira questão a se pensar é que você tem direitos legais a serem resguardados. Portanto, procure fazer o divórcio legalmente para que os direitos de ambas as partes sejam assegurados. Feito isso, comece a pensar em novas alternativas. Talvez essa oportunidade te ajude a encontrar dons que vão te ajudar financeiramente.

Veja a situação como uma oportunidade e esteja aberta a ela. Provavelmente você sofrerá uma mudança financeira, mas pense o lugar que o dinheiro ocupa na sua vida. Será que vale a pena se manter em um relacionamento para ter determinado padrão social e econômico? Se você tiver que voltar alguns passos, faça isso. Tenho certeza que com um bom plano, apoio e coragem, você vai conseguir mudar essa realidade.

Solteira, de novo!

Um outro medo muito grande é o de voltar a ser solteira e o que isso implica. Provavelmente é o que muitos de seus amigos e familiares vão comentar no início. Não se preocupe tanto com esse rótulo e não se sinta pressionada a iniciar um novo relacionamento.

A vida de solteira não precisa implicar na busca de um parceiro novo. Viva para você um pouco. Não estou dizendo que você nunca mais terá alguém, mas antes de procurar, se certifique de que você está pronta para isso.

Certamente, este será um processo de descobertas sobre o mundo e sobre si. Então aproveite essa chance e construa algo novo. Dê um passo de cada vez e respeite seu tempo, mesmo que ele seja um pouco lento. Se eu posso te dar uma dica é: tenha coragem! Existe um mundo novo esperando por você.

[1] KUBLER-ROSS, Elizabeth. Sobre a morte e o morrer. São Paulo: Wmf Martins Fontes, 1969.

Imagem: Pinterest

Colunista:

Amanda Santos de Oliveira
CRP 04/43829

Psicóloga Graduada pela PUC Minas, atuante na área clínica em Belo Horizonte, oferecendo psicoterapia individual para adultos
Contatos:
psi.amandaoliveira@gmail.com
Facebook: facebook.com\psi.amandaoliveira
Instagram: @psicologabh

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Está pensando em Divórcio? Saiba como analisar se é o melhor a fazer


Por: Ana Rafaela Bispo da Costa

Quando se fala em divórcio logo sentimos que algo está prestes a acabar. É o fim de um ciclo. Muitas vezes é inevitável que isso ocorra. Mas é necessário avaliar todas as variáveis envolvidas no processo. Neste caso a terapia é da grande valia. Você aprofunda seus motivos e reflete sobre eles para que tome a melhor decisão.

Não é à toa, pois na terapia constantemente voltamos à infância, refletimos sobre a adolescência e percebemos como o ser humano é um conjunto de suas experiências e acaba influenciado por elas. Daí a importância de olhar não só para frente, mas para trás também.

Começarei pela primeira e fundamental separação que o ser humano vivencia que é a quebra do vínculo com sua mãe. A mãe é a primeira ligação e maior referência para o bebê. Depois da mãe, geralmente, a segunda pessoa a adentrar o mundo do bebê é o pai ou algum parente mais próximo e essa inserção é essencial para sua sociabilidade, começando a entender que existem outras pessoas no seu mundo.

Em determinado instante é chegado o momento do distanciamento de ambos, seja para a inserção da criança na escola ou para o retorno da mãe ao mercado de trabalho. E esse momento por vezes é experimentado de maneira natural e tranquila, por outras nem tanto. Caso os sentimentos decorrentes dessa separação sejam negativos, isso pode aparecer ao longo da vida.

Daí a importância de pensar como cada término e conclusão de ciclos são encarados na vida adulta.

Esses ciclos podem ser representados por mudanças de endereço, escola, distanciamento dos amigos, a perda de pessoas próximas e término de relacionamento amoroso. E esses episódios são um misto de emoções, carregando uma pitada de dor, saudade, alegria, lembranças e sentimentos.

Aqui irei me ater às separações que ocorrem em relacionamentos conjugais. Por muitas vezes presenciamos casais que constroem uma vida juntos, constroem planos e sonhos. E no meio do caminho algo dá errado ou descobrem que desejam seguir por caminhos diferentes.

A decisão racional é tomada. Tudo indica que era o melhor a ser feito. E mesmo assim o sofrimento bate à porta. A dor pode ser equivalente à morte de um ente próximo, e, na verdade é. Afinal, o parceiro era vivo na vida e rotina, e agora não mais está nela. Os envolvidos vivenciam de fato o luto, que se trata de tomar consciência da perda e procurar elaborá-la.

Assim sua rede de apoio, que são as pessoas mais próximas, precisa entender o quanto isso é verdadeiro para que possam ajudar. Por outro lado, quem vivencia esse momento deve saber que não está exagerando, até porque um pedaço de sua vida, seus sonhos e planos não mais existem.

Mas antes de tomar essa decisão é importante analisar esse histórico de separações. Como foi sua estrutura de vida? Como lidou com isso?

Muitas vezes as pessoas optam pela separação simplesmente por não saberem resolver de outra forma os problemas, daí pode-se dizer que é muito mais uma questão pessoal do que do casal.

É importante também levar em consideração que a separação do casal acarretará também na separação da família e dos filhos, caso os tenham. Pense nas conseqüências e se de fato é isso mesmo o que deseja. Antes de tomar uma decisão tão séria, recorra aos amigos, à terapia, reflita e perceba o quanto o problema pode estar em você e no outro e, aí sim coloque na balança para tomar a decisão.

E ainda que a separação o tire de alguém, se você der espaço, esse momento pode te trazer à tona outra pessoa, VOCÊ. Talvez esse momento seja de reencontro pessoal. Uma maneira de cuidar de si e se olhar sem a interferência do outro, um momento de reflexão sobre o que passou. Pode ser a oportunidade de estabelecer o vínculo com suas verdades, suas vontades, seus medos, suas alegrias. É a hora de se reconhecer, e nesse reconhecimento se preparar para um novo vínculo, com uma nova pessoa, um novo ciclo.

O reencontro não é simples, é necessário apoio, busca, espaço. Espaço este que pode ser encontrado no divã do terapeuta, que possuindo visão neutra, técnica e acolhedora, facilita o tão procurado encontro consigo mesmo.

Imagem: Pinterest

Colunista:

Ana Rafaela Bispo da Costa
CRP: 06/95603

Psicóloga pela UMESP
Pós Graduada em Especialização em Informática em Saúde pela UNIFESP
trabalha no auxílio ao desenvolvimento de crianças e adolescentes e suas famílias,
atuando na região do ABCD
Contatos:
(11) 982172197
ana_rafaela_24@hotmail.com

anacosta.psicosaude@hotmail.com
Facebook: Infância e Adolescência e os seus desafios na Família

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[Dica de Filme] “A história de nós dois” – Uma reflexão sobre relacionamentos


Por: Ane Caroline Janiro

“A história de nós dois” é um bom recurso para os psicoterapeutas que trabalham com atendimento a casais, pois traz contribuições ótimas para analisar estes relacionamentos.

Para os casais, o filme também é uma oportunidade para reflexão que vale a pena ser feita!

A história apresenta Ben (Bruce Willis) e Katie Jordan (Michelle Pfeiffer), que são casados há 15 anos e tem dois filhos, Josh (Jake Sandvig) de 12 anos e Erin (Colleen Renninson) de 10.

O casamento, em crise, é suportado por ambos em decorrência dos filhos, porém eles aproveitam a viagem de férias das crianças para finalmente se separarem. “Separados, cada um tenta recomeçar sua vida em cantos neutros, aproveitando o período para avaliar e refletir sobre a vida que tiveram juntos, com seus altos e baixos, e tentam concluir se ainda há algo de sólido nesta relação, que permita uma reaproximação.” (Trecho da Sinopse)

Uma das reflexões feitas durante o filme neste período de separação, é a influência dos padrões de relacionamento que cada um traz para a relação de casal, ou seja, aquilo que aprendeu da relação dos pais. Algo que, inclusive, o casal do filme refletiu durante uma das várias passagens por processos psicoterapêuticos.

O filme também evidencia a divisão de papéis que normalmente ocorre nos relacionamentos, principalmente casamentos, onde um assume a postura de responsável, que lida e resolve os problemas, que impõe regras e limites, e o outro assume o lado descontraído, divertido, o que acaba se mostrando um problema na relação de Ben e Katie e um dos fatores que contribui para o desgaste. Além disso, a mudança no comportamento durante o namoro e agora, no casamento, também é apresentada no filme. Antes, os dois se mostravam dispostos a investir positivamente na relação, riam juntos, elogiavam-se mutuamente. Após anos de casamento, Ben começa a evitar certos diálogos para assim poupar os momentos de discussões, passando a se fechar e não expor também determinados comportamentos que desagradavam a esposa, assim, a comunicação fica cada vez mais prejudicada entre os dois.

Este filme ainda oferece muitas perspectivas de reflexão, vale a pena assistir!

Se você já assistiu ao filme, deixe um comentário abaixo dizendo o que achou!

1 a historia de nós dois

Filme:
A história de nós dois
Ano: 1999
Direção: Rob Reiner
Nacionalidade: EUA
Duração: 1h35min
Com: Bruce Willis e
Michelle Pfeiffer
Gênero: Romance /
Drama


Assista abaixo um pequeno trailer não oficial:

 

Falando nisso, leia também:

Psicoterapia de Casal – Quando é o momento de buscar ajuda profissional?



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