Quando o corpo pede socorro


Por: Juliana Lima Faustino 

Quantos de nós somos acometidos por dores, desconfortos, irritabilidade, desânimo, fadiga, sem nos preocuparmos com o que sentimos? Somos assim, ignoramos os sinais que o corpo nos dá de que as coisas não andam bem conosco.

O nosso organismo é bem preparado para enfrentarmos perigos e ameaças. Logo que nosso cérebro percebe que estamos em perigo, uma série de hormônios e substâncias químicas entram em ação para que nosso corpo esteja pronto para lutar ou fugir. Contudo, a ativação prolongada desse mecanismo de defesa pode sobrecarregar o nosso cérebro e fazer com que todo o corpo adoeça.
Dessa forma, nosso corpo vai resistindo aos impactos de uma vida corrida e estressante por muito tempo até que chega o momento em que ele começa a dar sinais de exaustão. E apesar dos gritos de socorro que o organismo emite durante tanto tempo, muitas pessoas só dão atenção quando vão parar no hospital com sérios problemas de saúde.

O fato é que todos nós estamos expostos a diversas circunstâncias que afetam o nosso equilíbrio emocional, mas vivemos tão alheios ao nosso estado físico e mental que não percebemos o quanto nosso corpo pode estar sofrendo. Quantas pessoas são pegas de surpresa quando escutam do médico que o problema que elas têm é de origem emocional? E muitas nem sequer imaginam as razões pelas quais podem estar com um problema emocional.

Precisamos aprender a observar e ouvir o nosso corpo pois somos limitados na nossa capacidade de suportar adversidades e nem sempre vamos passar ilesos pelas circunstâncias difíceis. De vez em quando nosso cérebro dá sinais de que precisa de um período de pausa para repor as energias, vez ou outra ele vai indicar que é preciso desacelerar. Os diversos sintomas psicossomáticos estão sempre indicando que é preciso parar e ver o que precisa ser mudado.
Em nossa sociedade as pessoas estão sempre aumentando seus conhecimentos, sempre buscando alguma forma de crescer profissionalmente e ter uma vida confortável que lhes permita usufruir de tudo que almejam. Mas, mesmo com tudo isso, elas estão cada vez mais emocionalmente doentes, pois priorizam tantas coisas em detrimento da sua qualidade de vida e equilíbrio emocional.

O estilo de vida que temos atualmente, de muita correria, de desempenho de diversas funções, de muitos compromissos e atividades, requer de nós uma atenção cada vez maior com a nossa saúde. Se ignorarmos os alertas do nosso corpo podemos pagar um alto preço. Então, observe-se e respeite-se, sua saúde merece.

Imagem capa: Pexels

Colunista:

Juliana Lima Faustino
CRP 05/43780

Psicóloga (PUC-Rio) / Terapeuta Cognitivo-comportamental (Cepaf-RJ) 
Blog: www.psijulianafaustino.wordpress.com
Facebook: facebook.com/julianafaustinopsicologa
Canal no Youtube:
https://www.youtube.com/channel/UCtGUtUqB0cALcAU7xqJHGcw

Instagram: @cuidando_das_emocoes

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Somatização: sintomas físicos, causas emocionais


Por: Psicóloga Ane Caroline Janiro

O seu corpo dá sinais de que as suas emoções não andam bem. Sabe aquela dor nos ombros por carregar o mundo nas costas? Ou aquela dor de garganta por engolir muito sapo e não conseguir dizer o que sente? Aqueles problemas no estômago por não conseguir digerir tanta preocupação? Quando os sintomas no corpo aparecem, é importante se lembrar bem de dois aspectos: o primeiro, tratar SIM o sintoma físico (às vezes a origem pode não ser emocional, mas puramente biológica e, mesmo que seja, é preciso tratar corretamente e dar a devida atenção médica a cada enfermidade nossa); o segundo é investigar as causas e agir nelas. Um dos principais indícios de que o sintoma físico pode ter origem emocional é a recorrência – uma dor sempre remediada, mas que sempre reaparece, por exemplo. Gripes constantes, gastrites ou outras “ites”…

Após investigar bem as possíveis causas biológicas, precisamos considerar o quanto o seu estado emocional tem afetado o seu corpo, a sua saúde física e te levado a desenvolver doenças. Se você não cuidar da causa, de nada vai adiantar remediar mil vezes o sintoma.

Estresse, ansiedade, depressão, preocupações, irritação, traumas, medos, mágoas, rancor, culpa, não conseguir expressar suas emoções… tudo isso pode se manifestar no seu físico e prejudicar muito a sua qualidade de vida.

Como resolver? Oferecendo a mesma atenção tanto para a saúde do seu corpo quanto para a sua saúde mental. Considere conversar com um psicólogo quando sentir que algo não vai bem com você, busque ajuda, não espere que as coisas se agravem.

Você não precisa carregar o mundo nas costas, nem sofrer sozinho e sentir os efeitos disso em sua saúde. Ame-se mais e tenha mais atenção aos sinais que o seu corpo te dá.

Imagem capa: Pinterest

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Sobre a autora:

Ane Caroline Janiro – Psicóloga clínica, Fundadora e Administradora do Psicologia Acessível.
CRP: 06/119556

 


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Um olhar sobre o adoecer humano


Por: Fernanda Carvalho Araújo Vitorino

Na perspectiva fenomenológico existencial, o ser humano se dá em abertura, lançado ao existir que é totalmente liberdade. Segundo (Forghieri, 1996) o ser humano “é ser-no-mundo, pois sua existência se dá em meio a outras coisas, a algo ou alguém”.

Neste sentido o mundo não é caracterizado apenas pelo que é visto objetivamente, como ambientes, objetos, animais, pessoas, natureza… Assim, o mundo se dá para o existente, a maneira como se posiciona frente aos fatos e ao modo que significa suas vivências existenciais, constituindo assim um modo de ser mais próprio. Paralelamente a isso o mundo vai se constituindo de maneira bastante particular, nessa relação ser-no-mundo.

Lançados nesse mundo de possibilidades o existente se depara com a necessidade de fazer escolhas. Escolhendo, passa a lidar com aquilo que ficou para trás e com as consequências diante de sua escolha.

Durante sua jornada existencial, o ser humano se depara com obstáculos e inseguranças que rompem com muitas possibilidades causando restrições e dificultando realizações de vida. O imprevisível, a facticidade e adversidades as quais todos nós estamos sujeitos o tempo todo, revela a soltura que nos faz lançados num mundo em que não nos dá certeza de nada, apenas da morte. Dessa maneira o existente necessita de coragem para ser e para viver. (Forghieri,1996).

Pela trajetória de vida, podem surgir contrariedades e sentimentos intensos de angústia que, se não for significada e compreendida pela pessoa, pode favorecer distanciamento da situação vivida, trazendo evitação e fechamento diante dos acontecimentos.

Quando esse modo de se comportar vai se tornando frequente, essas situações que são inevitáveis ao existir humano podem continuar ocorrendo por toda vida, acumulando-se sem significados e sem as compreensões necessárias para alcançar um equilíbrio. “Assim, a pessoa vai se sentindo cada vez mais contrariada e insatisfeita consigo e com seu mundo, tornando-se existencialmente doente”. (Forghieri, p. 104,1996).

A partir desse fechamento e da restrição de possibilidades surge a psicopatologia e os diagnósticos, porém, vale ressaltar que o nome atribuído ao conjunto de sintomas definidos por manuais como a CID e o DSM, serão mais um dado para o psicólogo que tem essa linha teórica de trabalho, mas não será o ponto central para compreendê-lo, tendo em vista a premissa de olhar o ser humano como se mostra, lançado ao seu existir, de modo particular, considerando que seu modo de ser e estar no mundo fica totalmente relacionado com as significações atribuídas aos fatos vividos.

Por outro lado, vale salientar que em alguns casos, o encaminhamento para psiquiatria se faz necessário por um período, até que o paciente possa se reestruturar para continuar sua jornada existencial sem o medicamento. (Esse assunto é muito importante e será abordado em textos futuros com mais detalhes).

Assim, fica clara a importância da atuação do psicólogo como mediador nesse processo. Em psicoterapia o profissional buscará acolher, compreender e possibilitar novas reflexões a partir de intervenções e pontuações realizadas baseando-se no discurso do próprio paciente, favorecendo assim, novos olhares e significados sobre seu existir.

Imagem capa: Pinterest

Colunista:

Fernanda Carvalho Araújo Vitorino
CRP: 06/124664

Psicóloga, Pós Graduanda em Psicologia Clínica
Fenomenológico Existencial.
Formada pela Universidade Paulista – UNIP.
Atende em Serrana/SP.
Contatos:
Harmonizar Psicologia

Fone: (16) 99162-1591
Facebook.com/harmonizarpsi
E-mail: fcavitorino@gmail.com

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Quando a cabeça não ajuda o corpo padece mesmo


Por: Maria Fernanda Medina Guido

Fazia dias que estava convivendo com um resfriado chato e uma dor de garganta irritante que iam e voltavam, mas não me deixavam em paz. A temperatura estava oscilando bastante, era outono. Minha alimentação nem sempre é das melhores e sei que tudo isso somados representam uma parcela de culpa nesse estado constante de enfermidade que eu estava vivendo. Porém, tem outra coisa chamada, somatização e ela sim, a meu ver, teve grande parcela de responsabilidade por tudo que estava passando.

Somatização são manifestações orgânicas que podem ser provocadas ou cujos sintomas podem ser agravados por problemas mentais ou emocionais. É um processo no qual a pessoa “transfere” para o organismo a carga emocional decorrente de algum problema que está vivendo. Todos nós fazemos isso num grau maior ou menor, elas atingem cerca de um terço da população mundial, e se dão por não sabermos lidar com uma situação, por não sabermos expressar nossas emoções e externalizar nossos conflitos de forma adequada. Assim, acabamos armazenando as tensões em nosso próprio corpo.

As doenças psicossomáticas (somatos, em grego, significa corpo) surgem em momentos de muita ansiedade, estresse e frustração. A somatização é comum em pessoas mais fechadas, que não costumam extravasar o que sentem, guardando para si sentimentos como dor, rancor e mágoa. Assim, a tensão causada por elas se acumula e uma hora “explode”, causando manifestações no organismo. Podem aparecer doenças como síndrome do pânico, gastrite nervosa, asma, úlcera, artrite e problemas dermatológicos ou sexuais.

Qualquer pessoa pode somatizar, mas existem aquelas que podem ser consideradas “somatizadoras típicas”, que sofrem com o problema com bastante frequência. Há indícios de que os sintomas são a forma de se chamar atenção dos que estão a sua volta, ou seja, a doença, por pior que sejam seus sintomas, traria um benefício secundário à pessoa: carinho. Para essas pessoas, além de um médico de confiança que possa mostrar que seus sintomas físicos têm origem psicológica e não orgânica, o mais indicado é a psicoterapia, pois elas precisam trabalhar melhor suas emoções.

Mas voltando ao ponto inicial, eu rs, com muitos dias de gripe entre idas e vindas, hoje sei como e porque ela começou e, sim, tem muito a ver com o fato de não ter sabido lidar com uma situação, ou pelo menos por não ter lidado de forma a aliviar minhas tensões. Vivi um fato muito conflitante cinco dias antes dos sintomas começarem e naquele momento, na verdade tinha duas escolhas: agir de acordo com o que era politicamente correto e esperado ou “chutar o pau da barraca” falando em português claro. Escolhi o politicamente correto, agi com a educação e classe e ganhei uma dor de garganta que me impediu de falar durante pelo menos uns quatro períodos nesses dias. A somatização aconteceu porque preferi me calar num momento em que meu cérebro julgava que eu deveria falar, mas se agravou porque não fiz nada para resolver essa situação. Aí vai a minha dica: se você não puder falar o que deveria, porque não pode ou não quer perder o marido, emprego, a melhor amiga, ser preso, processado etc ou só porque não pegaria bem tamanha grosseria, dê um jeito de colocar para fora o que está sentindo antes que isso se transforme em sintoma. Vá fazer uma caminhada, correr, dê uns berros sozinho dentro do carro, soque uma almofada, escreva uma carta para a pessoa que deveria lê-la mesmo que você nunca vá enviá-la. Faça alguma coisa para aliviar essa tensão e de preferência, logo que a situação ocorrer. Não deixe seu corpo transformar esse sentimento ruim em dor física. E por último, tente não demorar para pensar sobre seus sintomas e se houve alguma origem emocional. Eles podem ter te atrapalhado por muitos e muitos dias até você colocá-lo para fora.

Imagem: Pinterest

Colunista:

Maria Fernanda Medina Guido
Psicóloga – CRP 06/96825

Psicóloga formada pela Universidade Metodista de Piracicaba em 2006, especializada em Gestão de Pessoas pelo IBMEC, com mais de 10 anos de experiência em Recursos Humanos, atendendo individualmente adultos na abordagem Gestalt Terapia nas mais diversas queixas, desde 2012 em clínica particular e convênios.
Contatos:
http://www.mfernandapsicologa.com.br
(11) 97452-5200
e-mail: contato@mfernandapsicologa.com.br
Facebook.com/psicologamfernanda

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As dores da alma


Por: Cristiane Dias Salvadori

Atualmente, as dores da alma recebem diferentes nomes: síndrome do pânico, stress, depressão… No entanto, todas se referem à manifestação de uma dor, uma dor psíquica que tem expressão também no corpo, levando as pessoas a buscarem respostas para o seu sofrimento em diversas especialidades médicas.

Sabe-se que a depressão, ao lado da AIDS, é considerada a doença do século, é a “doença da moda”. Como explicar esse mal estar atual? Lanço algumas reflexões…

Os desencontros afetivos, o individualismo…  as pessoas procuram fazer tudo sozinhas, até mesmo a produção de filhos é independente. Não há mais espaço para o diálogo, as comunicações e relações são virtuais e descartáveis, gerando uma grande solidão. Vivemos tempos de avanços inquestionáveis na Ciência e na Tecnologia, e de grandes fragilidades e desafios no terreno das relações humanas. Existe uma indiferença em relação ao outro,  o celular é atendido em reuniões, cinema, não importando o incômodo dos demais, pois a presença destes não é percebida. Sendo assim, a solidão é cada vez mais presente no cotidiano da nossa cultura.

Uma solidão que busca ser preenchida pelo ter: o corpo perfeito, a roupa da moda, o carro do ano. A aparência passa ser mais importante que a essência, o ter, o parecer estão no lugar do ser. Vivemos na sociedade do espetáculo e do consumo, da busca por um prazer sem limites, onde tudo é possível. Consumo não só de bens materiais, mas também de drogas lícitas e ilícitas a fim de anestesiar a dor do vazio, de abolir a falta ou qualquer insatisfação que possa surgir.

Associado a isso, percebe-se uma grande competitividade e confusão de valor, há uma exigência da cultura para que cada pessoa dê o máximo de si, gerando um esgotamento e a busca  por um ideal de uma felicidade impossível. As diferenças, os sofrimentos que fazem parte da vida não podem aparecer, até mesmos as marcas do tempo expressas no corpo precisam ser apagadas. O valor está associado a estas questões externas.

Sendo assim, a realidade atual é marcada pela volatilidade das relações, pela necessidade de satisfação imediata, pela supervalorização da exterioridade e pelo individualismo, constituindo-se este o solo fértil para o padecimento psíquico do homem contemporâneo.

Estes aspectos geram um sentimento de vazio e angústia que precisam ser escutados. A dor quer e precisa falar. A tarefa da psicoterapia psicanalítica é escutar o sofrimento de cada sujeito, auxiliando-o a colocar em palavras os seus sentimentos. Palavras estas que inauguram caminhos e permitem repensar a singularidade da sua história, para que possa buscar um sentido dentro de si mesmo, reinventando a vida, resgatando a sua essência.

Imagem: Pinterest

Colunista

Cristiane Dias Salvadori
CRP 07/10857

Psicóloga Clínica e Educacional
Especialista em Neuropsicopedagogia e Educação Especial Inclusiva
Contato:
(51)99914-3842
Email: cris.salvadori@yahoo.com.br

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Emoções indigestas e doenças psicossomáticas


Por: Psicóloga Soraya Rodrigues de Aragão

Quando não nos expressamos através da linguagem verbal, o corpo se encarrega de apresentar o seu próprio discurso. Sendo assim, a qualidade de nossos pensamentos e sentimentos irá repercutir na qualidade de nossas emoções e, consequentemente, em nossa qualidade de vida.

Como você funciona diante do estresse diário ou quando uma situação requer uma demanda emocional mais intensa? Como você lida com sentimentos como a tristeza e a raiva? Você perdoa com facilidade ou tende a guardar mágoa e rancor?

O ser humano é um todo integrado, não existindo na prática separação entre mente e corpo. Sendo assim, processos físicos não estão dissociados de processos mentais. Partindo deste pressuposto, todos nós somatizamos em maior ou menor grau, dependendo do evento estressor, bem como de nossos recursos físicos e emocionais.

Seguindo esta linha de raciocínio, com exceção das doenças congênitas, nenhuma doença é totalmente física ou totalmente “mental”, já que o ser humano é sistêmico, apresentando, portanto, abordagem multifatorial na determinação de seus comportamentos, bem como no desenvolvimento de qualquer transtorno. Em outras palavras, o homem é biopsicossocial e espiritual. Qualquer teoria ou conceito que não vá de encontro com esta multideterminação do homem é reducionista e não procura compreendê-lo em sua complexidade e singularidade.

Como o homem não é dissociado, o físico pode adoecer por conta de emoções mal elaboradas. Fundamental é um espaço de escuta, sendo a verbalização um ponto importante no processo de cura.

Quando não nos expressamos através da linguagem verbal, o corpo se encarrega de apresentar o seu próprio discurso e isto é totalmente personalizado. Não existe uma “receita pronta” que explique matematicamente que “dor nas costas” significa isto, que “dor na garganta” significa aquilo. Em processos subjetivos esta convicção é muito perigosa, visto que a pessoa pode se vincular a um significado pronto e “fugir” das reais significações personalizadas que originaram aquele distúrbio.Cada indivíduo apresenta uma capacidade de vivenciar de maneira única, embora existam explicações etno-psicológicas que contribuem significativamente na elucidação da maneira de estar e sentir de um determinado grupo social.

Deste modo, o cultural é apenas uma fatia de um processo global, sendo necessário muita cautela para não reduzir o homem a um único aspecto; é primordial realizar uma análise funcional personalizada para avaliar como se processa o cotidiano da pessoa, para averiguar algum comportamento disfuncional ou condição que possa estar colaborando para o desenvolvimento daquele distúrbio especifico. Assim, fatores genéticos, ambientais, idiossincráticos e estilo de vida devem ser levados em conta.

A grande maioria das “perturbações psicossomáticas” que desenvolvemos estão associadas a sentimentos negativos como ressentimento, raiva, ódio, inveja, tristeza, mágoa, culpa, frustração, medo e falta de perdão. O perfil psicológico de pessoas com somatizações intensas são as angustiadas, rancorosas, reprimidas, tensas, ansiosas, inflexíveis e controladoras.

As emoções negativas devem ser trabalhadas, pois estas nos envenenam lentamente, minando o sistema imunológico e fragilizando nosso organismo. O resultado disto: abrimos frestas para o desenvolvimento de algumas doenças, tais como úlcera gástrica, dores músculo-esqueléticas (por ex. Fibromialgia), doenças cardíacas, respiratórias, auto-imunes e até mesmo o câncer. Deste modo, vale a pena refletir sobre a qualidade das emoções que estamos alimentando diariamente, pois estas têm o poder de curar e gerar doenças.

A questão do perdão deve ser aprofundada, pois a não-liberação deste é terrível, não se tratando somente de religiosidade ou mesmo de espiritualidade. Vários estudos científicos já comprovaram o quanto o ódio, a tristeza e a falta de perdão assolam nosso físico e a nossa existência. Como relatei em um outro artigo, perdoar não é somente um ato de benevolência para com o outro, mas sobretudo de inteligência para conosco. Este raciocínio advém do fato de que é contraproducente continuarmos reverberando este mesmo mal, ou seja, não devemos ruminar nossa desventura, pois muitas vezes aquele que causou um dano sequer está lembrando do fato. Em outras palavras, os únicos prejudicados somos nós mesmos. Portanto, o melhor a fazer é trabalhar cada aspecto negativo dos “bombardeios da vida” a que estamos sujeitos e assim desenvolver estratégias existenciais para fechar feridas emocionais quando isto for preciso. O mal pode prevalecer por alguns instantes, mas nunca vence! Faça a sua parte, faça o bem e deixe o resto por conta do universo.

O trabalho constante das emoções tóxicas tem o poder de curar nossa vida, pois tiramos um peso das costas. O melhor a fazer por nossa saúde é esquecer aquela raiva, trabalhar aquela tristeza, ressignificar algum acontecimento que nos foi direcionado consciente ou inconscientemente, posicionando-nos como agentes ativos do processo. Esta atitude de não-vitimização nos traz outra perspectiva diante do nosso sentimento de impotência, das nossas carências, frustrações e crises existenciais. Dessa forma, trabalhemos cada mágoa, ressentimento e descompensações, libertando-nos das amarras que impedem uma vida de qualidade.

Soraya Rodrigues de Aragão – Psicóloga, Psicotraumatologista, escritora e palestrante. Sites: www.sorayapsicologa.com e http://www.alquimiadavida.org 
Fonte: A Mente é Maravilhosa

Imagem: Pinterest

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Sobre a autora deste blog:

Ane Caroline Janiro – Psicóloga clínica, idealizadora e editora do Psicologia Acessível.
CRP: 06/119556

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Fibromialgia, a ‘dor invisível’ e seus aspectos psicológicos


Por: Ane Caroline Janiro

O termo ‘fibromialgia’ refere-se a um quadro de dor generalizada e crônica e é considerada como uma síndrome, já que engloba diferentes manifestações clínicas que a caracterizam, por exemplo: dor intensa, fadiga, distúrbios do sono, indisposição.

Em 1992, a Organização Mundial da Saúde (OMS) a reconheceu como doença e dados mostram que ela ocorre com maior frequência em mulheres, sendo 80% dos casos diagnosticados. A frequência na população geral é de 1 a 5%.

O diagnóstico, entretanto, é bem complexo, já que não existem exames específicos que “detectem” a fibromialgia, sendo necessária uma investigação clínica aprofundada por profissionais experientes e atualizados no assunto. Isso porque, apesar de hoje ser compreendida como uma forma de reumatismo (envolvendo músculos, tendões e ligamentos), a doença não deixa “marcas”, isso é, não causa qualquer tipo de deformidade, sequela ou alteração na estrutura física.

A origem desta condição ainda é desconhecida e cada vez mais profissionais da área tem se dedicado a estuda-la e a encontrar respostas que auxiliem no tratamento. As questões emocionais e sociais, por exemplo, são fatores amplamente associados à ocorrência da fibromialgia, porém, ainda é incerto afirmar que ela é causada por intercorrências psicossociais ou se o que acontece é justamente o oposto: que a dimensão emocional é uma consequência do sofrimento causado pela dor e outras questões, como a incompreensão familiar e social frente aos sintomas. Entretanto, ainda não existe uma evidência científica que relacione a fibromialgia com outras condições psicológicas ou psiquiátricas.

Observações em pacientes, porém, demonstram que a ocorrência de estresse ou ansiedade podem agravar as crises e a sensação de dor por conta de uma sobrecarga na estimulação.

Voltando à questão social e familiar, a incompreensão é um elemento que dificulta não só a condição do paciente, mas também a sua forma de lidar com ela. A dor intensa muitas vezes incapacita o indivíduo de realizar atividades cotidianas como trabalhar e mesmo as mais prazerosas – que envolvem o lazer. Como consequência podem ocorrer quadros de ansiedade, depressão, isolamento, entre outros, agravados pelo pouco acolhimento das pessoas próximas, já que não conseguem visualizar as causas da dor e demais sintomas.

Não há um tratamento específico para a fibromialgia, mas sim um controle de seus sintomas e de suas crises. Uma das formas controle é então o acompanhamento psicológico, fundamental nesta doença, pois irá auxiliar o paciente a encontrar estratégias de enfretamento dos sintomas e das consequências sociais e emocionais. Caso haja a ocorrência de outros transtornos psicológicos devidamente diagnosticados, pode ser necessária a intervenção medicamentosa para esses quadros específicos.

Atividades físicas orientadas pelos profissionais de saúde também são de extrema importância, pois, além de auxiliarem no controle dos níveis de estresse e ansiedade, contribuem para o relaxamento das áreas afetadas pela dor, melhoram o condicionamento físico, cardiovascular, o alongamento, entre outros benefícios.

O tratamento medicamentoso orientado pelo médico engloba normalmente antiinflamatórios, que amenizam a dor e inflamação, mas são associados a outros medicamentos para que seu efeito seja mais assertivo.

Referências:
Fibromialgia
A Mente é Maravilhosa

Imagem: Medscape


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Sobre a autora:

Ane Caroline Janiro – Psicóloga clínica, idealizadora e editora do Psicologia Acessível.
CRP: 06/119556

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A vida não precisa ser tão sofrida!


Por: André Nascimento

“Quem tem medo das palavras?”[1].

Essa frase me fez lembrar de uma série de fragmentos que pude escutar na clínica e no meu dia a dia.

Fragmentos que falam da dor de existir, da dificuldade de algumas pessoas em re-lembrar alguns momentos de sua vida.
Para elas, falar de um fato do “passado” é sinônimo de dor e sofrimento: “Não quero falar disso, já passou, vou piorar as coisas![2]“.
Não querem, não podem ou não suportam dizer. Temem vivenciar, novamente, toda a dor e o sofrimento que, segundo elas, um dia passaram: “Falar de sofrimento é sofrer duas vezes”.

Mal sabem elas que, o que não é dito, retorna. Muitas vezes, em forma de sintomas. No próprio Corpo ou até mesmo nos Sonhos. Sintomas que podem ser transmitidos às gerações seguintes.
Seja pela via do alcoolismo, da drogadição ou da medicação, entre outras, querem “se livrar” e/ou “anestesiar” toda e qualquer dor de existir.

Certo dia, durante um atendimento clínico, pude escutar de um menino de nove anos de idade, que brincava com blocos de montar: “Que girafa sofrida!”.
Essa criança estava falando não só da sua própria sintomática mas, também, da sintomática de sua família.
Entre outras coisas, a história dessa família é perpassada por um luto não realizado, do irmão da mãe dessa criança, que foi cruelmente assassinado. A família diz não saber o que motivou o crime.

A mãe desse menino, ainda hoje, não consegue falar sobre a morte do irmão. Ela sempre chora muito. E sempre que se aproxima do assunto, recua, me dizendo: “Não quero falar sobre isso”. Como é possível perceber, trata-se de uma “ferida” aberta, que ainda dói e sangra.

Consequentemente,  os membros dessa família adoecem com freqüência: resfriados, crises de asma, otites, rinites, gargantas inflamadas, constantes internações, dores na coluna, entre outros, são alguns de seus sintomas.

Interessante:  em um de nossos primeiros encontros, essa mesma mãe me diz: “gosto de você, pois você põe o dedo na ferida!”. Pouco tempo depois, “por o dedo na ferida”, é justamente o que seu filho vem fazendo em casa. Vez e outra, seu filho cutuca, literalmente, as casquinhas dos machucados, até sangrar, se ferindo ainda mais.

Uma vez perguntei a ela: “que ferida é essa que vez e outra sangra?”.

“Adoecemos do que não conseguimos falar”. Do que não é dito:

As vivências na clínica demonstram as sequelas do que deveria ter sido falado e não foi. (…) Sem a verbalização, as chances de elaborar diminuem ou faltam por completo; então, é bem provável que o não-dito retorne, gerando inibições, sintomas ou angústia. Vale lembrar: as histórias que não são contadas, as palavras censuradas, as verdades caladas, [os segredos de família], estas e outras espécies de não-dito acarretam consequências, nunca saudáveis e quase sempre patológicas (Rosa, 2009).

Há algum tempo, atendi uma jovem que dizia não se relacionar com os homens por medo de sofrer. Entretanto, não estabelecer um laço amoroso com um homem a fazia sofrer. Ela se sentia sozinha. Certa vez, me disse: “É como se eu tivesse tentando”…“Fugir do sofrimento, sofrendo”.

Uma outra paciente, até então, por não conseguir falar sobre o que a “torturava”, chegou até a mim, relatando fortes dores.  Segundo ela, sua dor era uma mistura de três dores: ”dor de dente (“bem doída”), dor de parto e dor de cálculo renal”. Ela vinha se submetendo a uma série de procedimentos médicos e medicações (algumas de tarja preta) para “tratar” os insistentes males que vinha sentindo na região abdominal e pélvica.

O que não estava conseguindo ser dito pela boca, por meio da palavra, estava sendo dito pelo seu corpo.

Hoje, após meses de análise, vez e outra ela relata sentir-se “aliviada”. Diz que a “tortura” está menor. Mas, que ainda sente muita “dor”. Segundo ela, “uma dor que não tem origem”…”que vai ter que aprender a viver com ela…”.

Será que é a dor de existir?

“É preciso ultrapassar o Sofrimento!

A palavra é o nosso melhor recurso para lidar com a dor de existir. Por isso, não tenham medo das palavras. “Falar de si e escutar o que dizemos para além do que intencionamos, não há bem maior nessa vida![3].

Uma psicanálise nos possibilita re-vermos a nossa história. Re-significá-la! Por isso uma análise é tão importante. Uma análise nos permite ultrapassar algumas dores e sofrimentos. Cicatrizar feridas. Construir outros caminhos.

É como descascar uma cebola, pouco a pouco, vamos retirando suas camadas. E não é sem choro.

Tudo pode mudar a partir do momento que pudermos escutar, às vezes, de um psicanalista, que “a vida não precisa ser tão sofrida!”.

Referências Bibliográficas
Rosa, M. D. (2009). Historias que não se contam: o não-dito na psicanálise com crianças e adolescentes. 2 ed. São Paulo: Casa do Psicólogo.

Notas de Rodapé
[1] Darlene Tronquoy, psicanalista, professora e colunista do Jornal A Tribuna, Vitória, ES
[2] Darlene Tronquoy, psicanalista, professora e colunista do Jornal A Tribuna, Vitória, ES
[3] Darlene Tronquoy, psicanalista, professora e colunista do Jornal A Tribuna, Vitória, ES.

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André Bassete do Nascimento (André Nascimento). Psicólogo. CRP 16/4290. Consultório Particular: Praia do Suá, Vitória, Espírito Santo (ES). Autor, editor e idealizador do Blog Eu Tava Aqui Pensando e Escritos Psicanalíticos. Contato: (27) 999617815 (Vivo). Correio Eletrônico: dreebn@gmail.com ou dreebn@yahoo.com.br 

 

 



 

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Sobre a autora:

Ane Caroline Janiro – Psicóloga clínica, idealizadora e editora do Psicologia Acessível.
CRP: 06/119556

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A Doença de Crohn e os Fatores Psicológicos


A Doença de Crohn é uma doença crônica inflamatória do intestino delgado, ocorre normalmente na parte inferior do intestino delgado, no chamado íleo. Porém, pode afetar qualquer parte do trato digestivo, desde a boca até o ânus. É conhecida também como ileíte ou enterite. Esta inflamação gera um desconforto bem significativo, incluindo dores e evacuações muito frequentes.
Alguns sintomas comuns à Doença de Crohn incluem também: febre, artrite, úlceras na boca e crescimento mais lento.

Diagnosticar a Doença de Crohn não é tão simples, pois seus sintomas podem se confundir com outros diagnósticos, como a Síndrome do Cólon Irritável e a Retocolite Ulcerativa.

Suas causas ainda não são precisas, há muitos estudos em andamento acerca do tema, mas observa-se uma incidência maior (cerca de 20%) em pessoas que já tem algum familiar que apresenta características da Doença Intestinal Inflamatória.

Além disso, investiga-se também a influência de fatores ambientais, imunológicos, genéticos, infecciosos e raciais. Ou seja, ainda não é possível determinar as causas seguramente. A teoria imunológica, porém, é a mais popular e sugere que o sistema imunológico reagiria a determinado vírus ou bactéria, causando essas inflamações constantes no intestino.

A influência dos fatores psicológicos

Os principais fatores psicológicos que podem estar relacionados à Doença de Crohn são: ansiedade e estresse.

Acredita-se que a tensão emocional possa influenciar o curso e evolução da doença, sendo a ansiedade recorrente considerada a principal emoção associada ao início da doença e ao curso de sua recuperação.
É claro que a ansiedade faz parte de nosso dia a dia e é natural que todos se sintam ansiosos diante de situações desconhecidas ou decisivas, que preparem para vivenciar algo novo.
A ansiedade exagerada, entretanto, aquela que parece não ter um motivo bem definido e que ocorre frequentemente resulta em altos níveis de estresse.

Esses níveis elevados de estresse podem favorecer o surgimento de problemas clínicos, como é o caso da Doença de Crohn e das outras Doenças Inflamatórias Intestinais, associadas ao trato gastrintestinal.

Tratamento

O tratamento da doença pode envolver suplementação nutricional, medicamentos específicos, cirurgia ou até mesmo uma combinação dessas alternativas. Como a Doença de Crohn não tem cura, o tratamento objetiva aliviar os sintomas e controlar a evolução das inflamações.

Além disso, mesmo que a relação não esteja completamente comprovada, é interessante o controle dos níveis de estresse ligados à ansiedade. Para tanto, o acompanhamento psicológico pode ser importante.

Referência: Organização Brasileira de Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa



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