Dica de Livro: Papo Teen


Por: Ane Caroline Janiro

Alguém tem dúvidas de que eu gosto muito de indicar livros nesse formato de caixinha?! Acho que são ótimos materiais!!

E o Papo Teen é um ótimo recurso que pode ser utilizado por terapeutas de adolescentes e pré-adolescentes para quebrar o gelo, puxar assunto ou mesmo para provocar a reflexão sobre os temas. E também, claro, é perfeito para se ter em casa, brincar em família junto com os filhos adolescentes e mesmo entre os amigos nessa faixa etária.

São 100 assuntos que envolvem o universo teen e podem render muito tempo de conversas bem interessantes!

Acho super importante aproveitarmos desses recursos que temos hoje para gerar reflexão, autoconhecimento e isso tem que ser cada vez mais cedo.

Você pode encontrar o link para adquirir o livro na seleção de nossa lojinha, acesse aqui:

Papo teen

 

Veja também em nossa lojinha outras opções de recursos: Loja.

 

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Sobre a autora:
Ane Caroline Janiro
Psicóloga clínica, Fundadora e Administradora do Psicologia Acessível.
É casada, mamãe do Lucas, escreve sobre Psicologia, Maternidade, Família…
Instagram: @carolinejaniro

 


*Ao reproduzir este conteúdo, não se esqueça de citar as fontes.


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Dica de Filme: Ferrugem


Por: Ane Caroline Janiro

O filme “Ferrugem” conta a história de uma adolescente que tem a vida transformada após ter um vídeo íntimo compartilhado entre os alunos da escola em que ela estuda.

A trama aborda alguns dos temas que circulam o universo adolescente e coloca em pauta discussões como o bullying, o cyberbullying (que é o assédio virtual praticado por alguém ou um grupo de pessoas a fim de prejudicar o outro) e a exposição de conteúdos íntimos na internet sem o consentimento da vítima.

Uma boa oportunidade para pais, escolas e os próprios adolescentes refletirem e falarem sobre essas temáticas, discutindo causas, avaliando alternativas para lidar com casos como este e encontrando maneiras de prevenir esse tipo de sofrimento e conflitos.

O filme foi lançado em 30 de agosto deste ano e ainda está em cartaz em alguns dos cinemas pelo país.

Assista ao trailer:

 

Imagem capa: reprodução do filme “Ferrugem”

 

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Sobre a autora:
Ane Caroline Janiro
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Suicídio na Adolescência, estatísticas que assustam!


Por: Ana Rafaela Bispo da Costa

Setembro Amarelo é o mês de prevenção ao suicídio, uma campanha linda, mas que muitas pessoas ainda tem medo de falar sobre o tema.

Esse mês estou falando sobre o Suicídio na Adolescência.

Para vocês terem uma ideia, o suicídio entre os adolescentes de 10 a 14 anos aumentou 65% nos últimos anos. E entre os de 15 a 19 anos aumentou 45%. Números alarmantes que foram até maiores que o aumento da população em geral, 40%.

Os estudos apontam que as principais causas desse aumento são a nova configuração da adolescência, que, além das questões sexuais, de bullying e transformações no corpo, trazem nos dias atuais fatores novos.

Hoje os adolescentes são muito mais cobrados em relação aos estudos, qual carreira seguir e ao quanto de sucesso terão. Afinal, os pais tem feito grandes investimentos de tempo e dinheiro para os filhos.

Outro fator que tem colaborado é o alto contato com as redes sociais, sendo que a maioria dos adolescentes passam muito mais tempo interagindo no mundo virtual do que no mundo real. Dessa forma as redes sociais, que se apresentam como uma vitrine somente de coisas boas do outro, fazem aumentar a angústia do adolescente que o tempo todo se compara com o que vê ali.

E o que mais me chama a atenção, é a dificuldade em lidar com frustração como causa de suicídio. Embora me espante, também é muito coerente.

Atuo o tempo todo com limites, percebendo a falta deles e sendo solicitada pelos pais para ajudar a colocá-los. Dessa forma, os adolescentes de hoje não recebem muitos “nãos” dos pais, não aprendendo a se frustrar. E por não treinarem isso durante a vida, quando escutam um não de uma namorada, ou de um emprego ou de uma viagem que não deu certo entram num grau de desespero pouco comum.

Já recebi casos de tentativas de suicídio porque houve o término de um namoro, e aquele adolescente não teve ferramentas internas para lidar com a dor e sofrimento.

De todos os casos de suicídio no país, 90% envolvem algum tipo de problema emocional ou mental, ou seja, poderiam muito bem ser tratados por psicólogos, psiquiatras, terapeutas ocupacionais, clínicas entre outros.

Vemos o quanto a saúde emocional ainda é negligenciada. A maioria da população não faz um programa de prevenção, atua somente depois que o suicídio já ocorreu, a exemplos de escolas onde ocorre o fato. 

A cada 10 pessoas que se suicidam 9 demonstram sinais anteriormente, basta que você esteja atento. E na adolescência o risco se torna maior por serem mais impulsivos, se arriscarem mais e não preverem o perigo, características normais do cérebro adolescente ainda em desenvolvimento.

Se você quer saber mais visite meu canal no youtube Tempo de Aprender-se que lá tenho vídeos explicando os sinais, os fatores que influenciam e o que você deve fazer.

Cuide. Previna. Salve uma vida.

Referências:

https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/04/suicidio-de-adolescentes-avanca-e-casos-recentes-mobilizam-escolas-de-sp.shtml

http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2017-09/suicidio-e-quarta-maior-causa-de-morte-de-jovens-entre-15-e-29-anos

Imagem capa: Pexels

Colunista:

Ana Rafaela Bispo da Costa
CRP: 06/95603

Psicóloga pela UMESP
Pós Graduada em Especialização em Informática em Saúde pela UNIFESP
trabalha no auxílio ao desenvolvimento de crianças e adolescentes e suas famílias, 
atuando na região do ABCD
Contatos:
(11) 982172197
ana_rafaela_24@hotmail.com

Facebook: Infância e Adolescência e os seus desafios na Família

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Dicas de livros sobre Adolescência/Depressão/Suicídio (link para a loja nas imagens):

o que é depressão          fãs do imp          depressão na adolesc

 

A importância da educação socioemocional na adolescência


Por: Psicóloga Julia Bittencourt

A adolescência é uma fase de grandes transformações: corporais, hormonais, psicológicas, sociais… Ou seja, é uma revolução na vida de todo ser humano! Trata-se de uma grande transição da infância para a vida adulta, o que requer grandes adaptações. Segundo estudos atuais da neurociência, essa fase vai dos 10 aos 24 anos e trata-se do momento de se diferenciar dos pais, consolidar sua autoestima e seu autoconceito, desabrochar da sexualidade, escolher a carreira, entre outros desafios. E as competências socioemocionais são ferramentas essenciais para os jovens lidarem consigo, com as pessoas e com o mundo! Você já ouviu falar sobre isso?

As competências socioemocionais (sociais + emocionais) são conhecidas como um conjunto de habilidades, valores e comportamentos para lidar com as próprias emoções, se relacionar com os outros, alcançar objetivos e metas de vida e tomar decisões com responsabilidade. Entre elas estão: autoconhecimento, autorregulação, empatia, sociabilidade, colaboração, resiliência, respeito à diversidade, liderança, tomada de decisão e resolução de problemas. Elas são utilizadas diariamente em diversas situações da vida e fazem parte do desenvolvimento e da formação integral de todo ser humano.

Estudos mostram que o desenvolvimento das competências socioemocionais ajuda as pessoas a serem mais felizes, ter sucesso profissional e conviver melhor em sociedade. Uma pesquisa realizada pelo Casel (Collaborative for Academic, Social and Emotional Learning), por exemplo, que reuniu diversos pesquisadores ao redor do mundo, em 2011, para avaliar o impacto de programas de habilidades socioemocionais na vida de 270 mil estudantes, constatou que boas práticas incidiram não só na diminuição da possibilidade de surgimento de transtornos psiquiátricos, como também na melhora em média de 11% no desempenho acadêmico, além de vontade de aprender coisas novas, maior comprometimento escolar e diminuição do bullying.

Por se tratar de um ser social por essência, o homem precisa desenvolver as habilidades sociais e emocionais para viver em sociedade, construindo relações mais saudáveis. E a família e a escola têm um papel muito importante em todo esse processo, podendo ajudar o adolescente de hoje a ser uma pessoa incrível e um valorizado profissional no futuro.

Muitas pessoas pensam que essas habilidades são inatas, mas já está comprovado que elas podem ser desenvolvidas, treinadas e aperfeiçoadas ao longo da vida. Por isso, as escolas já estão ensinando, através de programas de educação socioemocional.

Já a família pode ajudar a criança a desenvolver suas habilidades socioemocionais de diversas maneiras, como conversando com ela sobre seus sentimentos, emoções e comportamentos, com a intenção de mostrar as possíveis consequências de cada uma de suas atitudes; dando exemplo, pois boa parte dos traços psicológicos e comportamentais assimilados na fase infanto-juvenil se dá por meio da observação e imitação, entre outros.

Imagem capa: Pexels

Julia Bittencourt
CRP 05/49022

Psicóloga clínica com experiência no atendimento de crianças, adolescentes e adultos, além de gestantes e mães. Possui especialização em Psicopedagogia e em Comunicação e formação em Psicologia Perinatal e Parentalidade e em Terapia Familiar. Também é psicóloga educacional e trabalha em escola atendendo os alunos e as famílias. É facilitadora do Programa Educação Emocional Positiva (desenvolvimento de habilidades socioemocionais em crianças, adolescentes e adultos) e certificada no Protocolo TRI – Terapia de Regulação Infantil (desenvolvimento de regulação emocional e reestruturação cognitiva em crianças e adolescentes). É membro da ABENEPI (Associação Brasileira de Neurologia, Psiquiatria Infantil e Profissões Afins). Realiza atendimento na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro.
Contato:
Sites: www.juliabittencourtpsi.com.br
www.maternarpsi.com.br

Delinquência Juvenil – Avaliação, Intervenção e Resposta Social


Por: Danilo Ciconi de Oliveira

Contribuições da Psicologia Criminal e da Criminologia do Desenvolvimento ao manejo do Adolescente em Conflito com a Lei

Realidade brasileira e Justiça Juvenil

A questão da delinquência juvenil está constantemente em pauta no cenário midiático brasileiro, no qual, infelizmente, é tratada com frequência com sensacionalismo e alarmismo escancarado. A legislação atinente ao manejo do jovem infrator é permeada, por consequência, por uma série de falsas impressões, boatos e críticas irrefletidas por grande parcela da sociedade. A principal delas pousa sobre o princípio constitucional, referendado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90), de que o adolescente menor de 18 anos é inimputável, ou seja, não pode ser penalizado por atos ilícitos aos mesmos moldes que um adulto que infringe a lei. Fato é que dizer que o adolescente não é responsabilizado tal qual o adulto não significa afirmar que nada lhe acontece em resposta à prática de ato infracional. Na mesma legislação (Lei 8.069/90) estão previstas ações, denominadas medidas socioeducativas, que são aplicadas ao jovem que comete delito: advertência, prestação de serviço à Comunidade – PSC, Liberdade Assistida – LA, Semiliberdade, Internação em estabelecimento educacional. Em 2012, a Lei 12.594 deu corpo ao Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo que estabelece princípios e regula a aplicação e a execução das medidas socioeducativas no Brasil.

Na letra da lei, a Doutrina da Proteção Integral, nos apresenta um cenário otimista, no qual adolescente e sociedade seriam beneficiados por intervenções especializadas que permitiriam a superação do problema da delinquência juvenil. A concretude da prática, por outro lado, ainda está longe de se configurar com tamanha eficiência e eficácia. As unidades de internação em algumas localidades, por exemplo, pouco diferem do que se vê no sistema prisional adulto. O ideal da socioeducação acaba sendo prejudicado por dificuldades estruturais e técnicas. Relatos de violência e de violação de Direitos, somados à morosidade do Sistema de Justiça, tornam a intervenção pouco eficaz, o que reacende os ânimos da sociedade quanto à impressão de pouca efetividade da socioeducação no Brasil. Ainda sobre a internação, ao menos – e isso já é um ganho em absoluto – o adolescente encontra-se ao lado de iguais, de mesma faixa etária, em condições equivalentes de desenvolvimento psicossocial. Deste modo, apesar das falhas, limites e dificuldades, o modelo atual ainda é infinitamente melhor do que a extinção do sistema socioeducativo a partir da redução da maioridade penal.

Ainda que exista pressão popular para a redução, temos ciência de que esta é fruto ou do desconhecimento da realidade brasileira da atuação junto ao jovem infrator (falsa ideia de que “nada é feito”) ou, ainda, de um senso de vingança que gostaríamos de ver atrelado às práticas jurídicas. No segundo caso, constata-se a desvirtuação do Direito e da Justiça, que só existem efetivamente se fundados sob a pauta da moderação e do equilíbrio. Assim, tendo compreendido os motivos e circunstâncias da Justiça Juvenil brasileira para o estabelecimento da maioridade penal aos 18 anos de idade, insistimos pela sua manutenção.

A questão não é o discernimento, mas, sim, as possibilidades de intervenção

A Teoria do Discernimento não fundamenta nossa contrariedade em relação à redução da maioridade penal. Afinal, é claro que o adolescente sabe, sim, que o ato que pratica é ilícito. Agora, responda com sinceridade: o nosso comportamento é total e exclusivamente determinado pela nossa racionalidade? Não apresentamos diversos comportamentos os quais não entendemos muito bem o porquê? Fatores ambientais, sociais, emocionais / de desenvolvimento também são determinantes dos nossos comportamentos, inclusive do comportamento de desrespeito à lei. E sobre tais fatores nós podemos intervir! É por isso que a redução da maioridade penal pouco ajuda na resolução do problema.

O que consideramos, de fato, para pregar que seja mantido o jovem infrator dentro do sistema socioeducativo são – tendo em vista a etapa do desenvolvimento humano no qual o adolescente se encontra – as efetivas possibilidades de intervenção que nos aparecem no campo das práticas socioeducativas. Em outras palavras, entendemos que para o jovem infrator ainda há esperança de “salvação” – e temos ferramentas para isso!

O adolescente encontra-se no auge de seu desenvolvimento psicossocial. Qualquer estimulação externa, positiva ou negativa, é capaz de propiciar grandioso efeito no seu desenvolvimento. Quer dizer que a ação errada, o castigo pelo castigo, pode ser capaz de piorar o comportamento delitivo – do que decorrem riscos, não apenas para o jovem, mas para toda a sociedade, que, ao invés de ver reduzir a delinquência, poderia tornar-se refém da escalada da violência. Quer dizer, também, que a intervenção certa é capaz de produzir belíssimos resultados e de modificar trajetórias de vida.

Talvez algo que nos falte hoje para ajudar a resolver a questão da delinquência juvenil seja a opção pela intervenção correta.

À cada um, aquilo que precisa

Sob uma perspectiva desenvolvimental, é evidente que nem todos os adolescentes são iguais. Os adolescentes infratores também não o são, ainda que tenham cometido o mesmo tipo de delito. Avaliar as peculiaridades de cada adolescente é, além de procedimento prescrito em lei, essencial para a elaboração e a aplicação da intervenção correta (medida socioeducativa mais adequada).

Diversos fatores são responsáveis pela ativação e manutenção do comportamento delitivo, de acordo com a literatura científica da área. Ao longo do desenvolvimento, diversas situações de vida cooperam para o aparecimento do comportamento de delinquir. Negligência ou violência familiar, baixa qualidade dos vínculos às instituições pró-sociais (família, escola, trabalho etc.), modelos parentais divergentes ou antissociais, histórico de desadaptação e rebelião escolar, frequentação de pares divergentes, rotina desestruturada etc. são alguns fatores de risco para a delinquência juvenil. Ou seja, quando presentes, ao longo dos primeiros anos de vida até a adolescência, prejudicam o desenvolvimento do jovem e servem de facilitadores para a emissão de comportamentos desviantes, entre os quais, o de infração à lei. Para atuar efetivamente sobre o comportamento delitivo e propiciar ao adolescente a retomada de um desenvolvimento saudável / pró-social, intervir sobre os fatores que estão na base do comportamento de delinquir é essencial.

Assim, antes da aplicação da medida, é importante pensar quais fatores estão associados ao comportamento delitivo. Mais ainda, é fundamental buscar entender o quanto a vida do adolescente transita ou não em torno da prática de delitos. Em linguagem científica, buscar entender qual o nível de engajamento infracional do adolescente.

Adolescentes mais comprometidos necessitam de intervenção mais intensa, por exemplo, a internação. Jovens menos envolvidos ou com mais fatores de proteção podem ser beneficiados pelas medidas de meio aberto – liberdade assistida, por exemplo. O ideal é que se considere o nível de engajamento infracional para que a resposta social à infração cometida e a técnica de intervenção sejam adequadas a real necessidade do adolescente foco da socioeducação.

No Brasil, todavia, grande parte das vezes, a decisão quanto à medida a ser aplicada se pauta apenas na tipificação da lei, ou seja, no delito cometido, sem considerar os fatores associados ou de desenvolvimento do jovem. Assim, muitas vezes, a intervenção não surte o efeito adequado, não por não ter qualidade, mas por não ser a mais adequada àquela pessoa em específico. A equipe psicossocial que realiza a avaliação dos jovens antes da aplicação da medida precisa ter fortalecida a sua compreensão sobre as variáveis de manutenção do comportamento infracional, a fim de amparar com maior rigor técnico-científico as decisões judiciais.

Uma abordagem sistêmica (que considere variáveis múltiplas – da família, da escola, da sociedade, do desenvolvimento do próprio jovem etc.) é um bom meio de embasar mais criteriosamente a avaliação do adolescente. Ademais, é preciso adotar um referencial sólido de avaliação – o Modelo Integrado de Intervenção Diferencial (MIID) é um exemplo de instrumento da área da Criminologia que tem oferecido subsídio à avaliação de adolescentes dentro do contexto da Justiça em diversos países, inclusive, no Brasil [1], e apresentado bons resultados no direcionamento dos objetivos e das atividades de socioeducação.

A importante precisão no atendimento socioeducativo

Já na fase de execução da medida, não se pode perder de vista que a intervenção é individualizada. Para cada adolescente, tendo identificado as suas necessidades, as atividades e meios irão se configurar de forma única, personalizada, e serão expressos no Plano Individual de Atendimento – PIA. Este não pode ser apenas mera formalidade, mas, sim, deve tornar-se guia de execução e acompanhamento da medida. A resposta exata às necessidades do adolescente (nos campos da prevenção, da reinserção social, da reeducação e da contenção do agir).

Ferramentas sólidas de intervenção (técnicas e recursos) também se fazem necessárias. A ação socioeducativa não pode ser constituída por meio do improviso. Além disso, a qualidade dos serviços passa pela padronização das práticas. A Abordagem Cognitvo-Comportamental em Psicologia [2] e o Modelo Psicoeducativo [3] são exemplos de referenciais teóricos que podem oferecer bom instrumental técnico para intervenção junto a adolescentes em conflito com a lei.

Por fim, se devemos intervir sobre variáveis múltiplas a partir de uma visão sistêmica da realidade, a articulação com a rede de atendimento (órgãos da área da Educação, da Saúde, da Assistência Social etc. – que configuram o chamado Sistema de Garantia de Direitos) é passo primordial para o sucesso da ação socioeducativa. Em grande parte dos municípios brasileiros, a rede necessita ser fortalecida. Investimentos de ordens diversas – financeiro, tecnológico, treinamento dos agentes, fortalecimento dos atores envolvidos etc. – são urgentes. Mas são o único e melhor recurso, tanto para intervir, quanto para prevenir. E prevenção é a principal resposta para a questão da violência e da delinquência no Brasil.

O problema é que prevenção dá resultado em longo prazo. E, talvez, por isso, falte vontade política para semear resultados. Responder à pressão popular é certo: dá mais ibope… E o que dá ibope é priorizado, em detrimento de outras ações que poderiam – estas sim! – transformar a realidade e garantir a promoção da Justiça e a defesa da segurança pública.

Referências:

[1] BAZON, M. R.; KOMATSU, A. V.; PANOSSO, I. R.; ESTEVÃO, R. Adolescentes em conflito com a lei, padrões de comportamento infracional e trajetória da conduta delituosa: um modelo explicativo na perspectiva desenvolvimental. Revista Brasileira Adolescência e Conflitualidade, v. 5, p. 59-87, 2011.

[2] NEUFELD, C. B. (Org.). Terapia cognitivo-comportamental para adolescentes: uma perspectiva transdiagnóstica e desenvolvimental. Porto Alegre: Artmed, 2017.

[3] BAZON, M. R. Psicoeducação: Teoria e Prática para Intervenção junto a Crianças e Adolescentes. Ribeirão Preto: Holos, 2002.

Imagem capa: Pexels

Colunista:

Danilo Ciconi de Oliveira
CRP 06/123683

É psicólogo, licenciado em pedagogia e especialista em psicopedagogia
Psicólogo clínico e socioeducador
Atua em São João da Boa Vista-SP e em São Carlos-SP
Contato
:
Página: facebook.com/danilociconipsi
Blog: http://desenvolverpsi.blogspot.com.br/
E-mail: danilociconipsi@gmail.com
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Jogos de incentivo ao suicídio: Entenda essa realidade e saiba como abordar o assunto com seu filho adolescente


Por: Ana Rafaela Bispo da Costa 

A adolescência é uma fase que traz diversos questionamentos e inseguranças, é a transição entre o mundo infantil e o mundo adulto. É quando a criança começa sua trajetória na vida adulta. Justamente por essa transição, diversos conflitos internos são acionados e é importante que o adolescente tenha apoio e acolhimento para que possa fazer as melhores escolhas e passar por esse processo de forma menos conturbada e conflituosa.

O que acontece, muitas vezes, é que os pais e adultos mais próximos não entendem muito bem esse momento e achando que aquela criança, agora já com carinha de adulto, já sabe muito bem resolver seus problemas, as deixam distantes e livres demais.

Nessa fase da vida a atenção com eles deve ser redobrada. Os pais devem ter condição de orientar e apoiar seus conflitos e participar ativamente de sua vida, mesmo que eles não queiram ou evitem, respeitando os limites é claro.

Falar desse tema agora é essencial, pois surgiram na mídia dois assuntos que tem assustado os pais e gerado diversas dúvidas, são eles o jogo Baleia Azul e a Série 13 Reasons Why.

O “Baleia Azul” é um jogo que incentiva o suicídio, onde o adolescente deve cumprir tarefas e a última delas é o ato de tirar a própria vida, documentar isso e enviar aos administradores do jogo. Já o seriado traz a discussão das razões que levam ao suicídio, porém profissionais da área se preocupam com o fato de que esse seriado possa incentivar adolescentes a praticar o ato. (Leia mais aqui)

Acho interessante que essas duas ferramentas foram criadas por adultos. Adultos estes que deveriam estar cuidando e orientando para que estas coisas não acontecessem.

Como mencionado, a transição pela adolescência causa sofrimento e pode aumentar o risco de suicídio, então antes mesmo de falar sobre os jogos temos que saber quais são as causas que levam a isso e dentro de nossos lares buscar a prevenção, o apoio e o diálogo.

Alguns sintomas de que algo não anda bem e você deve observar são: o isolamento social, abandono, exposição à violência intrafamiliar, história de abuso físico ou sexual, transtornos de humor e personalidade, doença mental, impulsividade, estresse, uso de álcool e outras drogas, presença de eventos estressores ao longo da vida, suporte social deficitário, sentimentos de solidão, desespero e incapacidade, suicídio de um membro da família, pobreza, decepção amorosa, homossexualidade, bullying, condições de saúde desfavoráveis, baixa autoestima, rendimento escolar deficiente e dificuldade de aprendizagem.

Famílias, não deixem que outro adulto decida o destino de seu filho. Saiba que você pode e deve estabelecer limites, acompanhar a rotina, o que assiste e acessa na internet, saber o que ele faz, onde e com quem anda, o que tem sentido, quais suas dúvidas. Será que você de fato conhece seu filho agora?

Seja você o principal adulto a influenciar a vida do seu filho, e mesmo que hoje ele reclame e ache que você pode estar sendo chato, sem dúvidas lá na frente ele o agradecerá imensamente. E não sabendo por onde começar, conte com o apoio profissional nessa jornada. Você não está sozinho!

Imagem capa: Pinterest

Colunista:

Ana Rafaela Bispo da Costa
CRP: 06/95603

Psicóloga pela UMESP
Pós Graduada em Especialização em Informática em Saúde pela UNIFESP
trabalha no auxílio ao desenvolvimento de crianças e adolescentes e suas famílias,
atuando na região do ABCD.
Contatos:
(11) 982172197
ana_rafaela_24@hotmail.com

Facebook: Tempo de Aprender-se

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Alerta ao suicídio! De “13 Reasons Why” ao jogo da “Baleia Azul”


Por: Amanda Santos de Oliveira 

Provavelmente você já ouviu falar por aí nesses últimos dias algo sobre algum desses títulos acima. Pois uma série chamada “13 Reasons Why” e um jogo chamado de “Baleia Azul” tem trazido grande alerta, principalmente para os pais de adolescentes, pelo risco ao suicídio nesta faixa etária. Portanto, discutiremos abaixo o que esta série e este jogo nos ensinam e quais os principais pontos que devem ter nossa atenção.

Ainda, falaremos sobre o essencial: o suicídio. Levando em consideração a complexidade da temática, é necessário entender como é importante estar atento aos sinais e oferecer ajuda, apoio e atenção aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

A série: “13 Reasons Why”

A série, original do Netflix, tem tomado conta das redes sociais e trouxe à discussão alguns pontos muito importantes. A história se trata de uma adolescente, Hannah Baker, que ao cometer suicídio, prepara uma série de fitas com os treze motivos que a levaram a tirar a própria vida. Hannah é uma adolescente de classe média nos EUA que, aparentemente, teria uma vida tranquila e “normal”.

Durante as fitas que foram entregues às pessoas que faziam parte do conteúdo delas, a história de Hannah espanta a muitos, não só pelos acontecimentos revelados pela adolescente, mas por trazer a atenção para importância que cada um tem nas relações que mantém. Portanto, é um grande alerta às relações interpessoais de forma geral, pois demonstra a responsabilidade que cada um deve ter ao interagir com uma pessoa, afinal, nem sempre somos tão empáticos com a dor do outro.

Mas a série possui seus pontos de alerta. Afinal, por se tratar de uma carta suicida não convencional, ela contém a opinião de uma pessoa que já cometeu suicídio. Portanto, uma pessoa que não encontrou ajuda e não via outra saída para acabar com a sua dor. Este é um ponto que merece extremo cuidado, pois pode representar um gatilho para aqueles que estão passando pela mesma situação ou por situação similar da adolescente. A série não mostra meios eficazes para se pedir ajuda e acaba por não trazer opções para aquele telespectador que pode estar pedindo socorro.

Atenção! Se seus filhos ou você mesmo estão assistindo à série ela deve ser oportunidade para o diálogo. Discuta sobre os assuntos tratados na história e procure ajuda, se necessário. Apesar do conteúdo importante, a história acaba por apresentar um sentido negativo sobre manter a vida em um contexto de estresse agudo, o que merece muito cuidado. O lançamento da série teve um impacto significativo nos pedidos de ajuda. Segundo o site da UAI[1], o Centro de Valorização à Vida (CVV), associação civil nacional sem fins lucrativos voltada à prevenção de suicídios, já houve um aumento de 100% de atendimentos desde o lançamento da série que foi ao ar no dia 31 de março. No entanto, apesar de não haverem estudos para o mesmo, encontram-se cada vez mais notícias de casos de suicídio por todo país. Ainda não se sabe se este aumento se trata da ênfase em tais notícias, devido à discussão em alta da temática ou se estamos passando por um aumento real nas estatísticas.

Para mais informações referentes ao CVV, este é um contato para quem precisa de ajuda e precisa combater ideias suicidas. O Centro de Valorização à Vida é a referência no país e oferece apoio 24 horas gratuito e sigiloso por telefone (Disque 141).

O jogo “Baleia Azul”

Este é um jogo de origem russa que chegou ao Brasil e tem assustado pais e professores no Brasil todo. O jogo acontece por meio das redes sociais a partir da presença de um moderador que distribui desafios pelas próprias redes sociais. São cinquenta desafios propostos e todos eles têm uma característica violenta, como fazer desenhos com navalha no próprio corpo, cortar o próprio lábio, escrever o nome do grupo com faca na mão, dentre outros. O desafio final é tirar a vida e assim que o jogo é iniciado não é mais permitido sair e os administradores tomam conta das ameaças àqueles que se mostram desistentes.

Segundo o site Estadão[2] o grupo suspeito de ser o criador do jogo na Europa, vem sendo investigado pela possível indução de mais de 130 suicídios em 2015. O jogo que chegou ao Brasil traz muito alerta e preocupação. No país, já foram divulgadas as mortes de uma jovem de 16 anos no Mato Grosso, um rapaz de 19 anos em Minas Gerais e existem ainda investigações sobre outras mortes na Paraíba e no Rio de Janeiro. O jogo se popularizou no Brasil e tem causado danos enormes por onde passa.

Pela sua rápida expansão em nosso país, ainda não existem muitos dados referentes ao jogo. No entanto, já sabemos aonde ele começa e que tipos de desafios são repassados. Por tanto, muita atenção às atividades dos seus filhos nas redes sociais e marcas que possam aparecer em seu corpo. Segundo o Estadão, o jogador que desistir e efetivamente sofrer ameaças está completamente coberto pela lei. Afinal, o artigo 147 do Código Penal tem como punição àqueles que ameaçam detenção de um a seis meses. Além disso, aquele que instiga o suicídio também responderá pelo artigo 122 do Código Penal com pena prevista de reclusão de dois a seis anos.

Muita atenção! O suicídio merece!

O que tudo isso nos mostra é: não damos a atenção necessária ao suicídio. Segundo dados de 2012 da agência da ONU[3], morrem mais de 800 mil pessoas por suicídio por ano no mundo. Além disso, o suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. Mais assustador ainda é pensar que, conforme mostram os dados, existe uma morte por suicídio no mundo a cada 40 segundos.

Segundo a OPAS/OMS, os suicídios podem sim ser evitados. Entre as medidas de prevenção estão à redução de acesso aos meios utilizados para os atos de suicídio, a identificação precoce, tratamento e cuidados de pessoas com transtornos mentais ou estresse emocional agudo, entre outras.

Mas, você sabe dos problemas que seu filho está vivendo? Você sabe se ele tem sofrido bullying na escola? Você acompanha as mudanças de comportamento bruscas, baixa de rendimento escolar ou quaisquer outros pontos considerados estranhos a você? É preciso participar! A maior prevenção é a empatia e a atenção ao sofrimento daqueles que estão perto de você. Não cabe a nós julgar o sofrimento do outro como maior ou menor, mas se atentar a ele. Ouça, apoie, ofereça segurança e carinho. Estes são os principais meios de prevenção e essa é a verdadeira valorização à vida.

Referências:

[1] Pedidos de ajuda por depressão aumentam no Brasil após ’13 Reasons Why’, diz órgão. UAI; TV e Cinema. Disponível em: <http://virgula.uol.com.br/tvecinema/pedidos-de-ajuda-por-depressao-aumentam-no-brasil-apos-13-reasons-why-diz-orgao/&gt;. Acesso em 18 de abril de 2017.

[2] O jogo mortal e criminoso: Baleia Azul. Fausto Macedo, Estadão. Disponível em: <http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/o-jogo-mortal-e-criminoso-baleia-azul/&gt;. Acesso em 18 de abril de 2017.

[3] OMS: suicídio é responsável por uma morte a cada 40 segundos no mundo. Portal das Nações Unidas do Brasil, ONUBR. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/oms-suicidio-e-responsavel-por-uma-morte-a-cada-40-segundos-no-mundo/&gt;. Acesso em 18 de abril de 2017.

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Amanda Santos de Oliveira
CRP 04/43829

Psicóloga Graduada pela PUC Minas, atuante na área clínica em Belo Horizonte, oferecendo psicoterapia individual para adultos
Contatos:
psi.amandaoliveira@gmail.com
Facebook: facebook.com\psi.amandaoliveira
Instagram: @psicologabh

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Depressão na Adolescência: Entender, Reconhecer e Cuidar


Por: Danilo Ciconi de Oliveira

A adolescência é o período no qual se dá com maior intensidade o desenvolvimento psicossocial do indivíduo. Este termo faz referência ao desenvolvimento das habilidades que a pessoa utiliza para se relacionar com o mundo (capacidade de introspecção, previsão de consequências, habilidades sociais de comunicação, reconhecimento e manejo das emoções, entre outras). Significa que, nesta etapa da vida, o nosso universo interior ainda está em organização e que, por isso, tudo tem um colorido diferente.

Então não adianta olharmos para as atitudes dos nossos adolescentes com a mesma lente com a qual nos voltamos ao “mundo dos adultos”. A legislação brasileira nos convida, no artigo 6º do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a olharmos para a “condição peculiar” da pessoa em desenvolvimento. A Psicologia e as neurociências amparam esta visão. Ao tratarmos a criança e o adolescente como “miniadultos”, nós negligenciamos a atenção substancial que a eles precisa ser constantemente dispensada.

Se o desenvolvimento saudável do adolescente já é atravessado por coloridos extravagantes na área da emoção (pense, por exemplo, na intensidade com a qual você vivenciou o término das suas primeiras vivências amorosas na adolescência), quanto mais quando ele é acometido por algum transtorno de saúde emocional. A depressão, por exemplo, um dos transtornos mais prevalentes na adolescência, assume formas diferentes daquelas com as quais estamos acostumados quando adultos. Sintomas como apatia e desalento pouco aparecem. O adolescente tem dificuldades em reconhecer, nomear e manejar as próprias emoções negativas e a depressão tende a se manifestar em hostilidade e agressividade nesta etapa da vida, sobretudo nos adolescentes do sexo masculino.

Agravantes para este quadro são a pouca capacidade apresentada pelo adolescente em perceber os riscos e consequências das próprias atitudes e o urgente imediatismo que sobrevoa cada uma delas.

Na adolescência, cada escolha parece ser definitiva e isto é fator de grande comoção. Cada passo é intensamente vivido, o que ofusca a capacidade de o adolescente enxergar em longo prazo e gestar a própria vida emocional. Comportamentos autoagressivos aparecem como forma de se livrar de todo o peso interior experimentado. O uso de drogas é o mais comum destes comportamentos de fuga e esquiva. Em meninas, especialmente, é comum relatos de autoagressão, por exemplo, provocando pequenos cortes sobre a pele. Não é algo livre e racionalmente planejado, mas antes um impulso irrefletido de se livrar da “dor sem nome” que acomete o adolescente deprimido. É a forma mais gritante de pedir socorro.

É nesse contexto que o suicídio se torna uma possibilidade. O comportamento autoagressivo ganha proporções que fogem ao controle da pessoa. A exposição ao risco (por exemplo, a partir do “jogo de estrangulamento”, que circula pela internet, ou dirigindo perigosamente, etc.) libera, para o organismo, neurotransmissores que, momentaneamente, disfarçam o vazio interior ocasionado pela depressão. O adolescente não quer morrer, mas, sim, acabar com a dor, parar de sofrer.

Depressão é alteração neuroquímica. O adolescente não é o culpado do próprio sofrimento. A depressão não escolhe cor, idade, sexo, classe social. Ela chega silenciosa e, quando nos apercebemos dela, muitas vezes, já houve estragos. Ela é considerada o “mal do século” devido a sua alta prevalência na população geral e, atualmente, notoriamente em crianças, adolescentes e jovens.

Pais e educadores precisam estar atentos especialmente a mudanças repentinas no comportamento dos jovens. Toda mudança brusca é sinal de que algo diferente do habitual está acontecendo.

Estimular e propiciar o diálogo na família também é fator de proteção. Os adolescentes investem muito tempo em relações superficiais, sobretudo a partir da ascensão das redes sociais online. Atualmente, poucos vivenciam estar em uma relação de confiança e de boa qualidade, principalmente com adultos; e isto é importante para o desenvolvimento psicossocial do adolescente. A comunicação positiva não versa apenas sobre assuntos corriqueiros, mas se interessa pelos sentimentos, pelas vivências interiores do adolescente. É importante encontrar meios de tocar no universo emocional da criança e do adolescente, de fazê-los sentir-se acolhidos naquilo que têm de mais profundo e significativo em si: os próprios sentimentos e impressões de mundo.

E, à sombra de qualquer sintoma, é fundamental procurar ajuda. O educador da escola, o padre da igreja, o vizinho mais velho, as pessoas do nosso cotidiano têm muito em que ajudar nas situações de crise que enfrentamos. Detectadas situações mais complexas, todavia, é essencial buscar ajuda profissional especializada (psicólogo, psiquiatra, etc.). Depressão tem cura!

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Danilo Ciconi de Oliveira
CRP 06/123683

Psicólogo (USP), graduando em Pedagogia – Licenciatura (Claretiano) e especialista em Psicopedagogia (Uninter).
Sua trajetória profissional se destaca especialmente pela atuação junto a adolescentes e jovens. Como educador, dedicou-se a intervenções socioeducativas com adolescentes judicializados e, atualmente, à formação/treinamento de jovens em contextos de aprendizagem corporativa, assim como à docência no ensino superior.
Sua formação complementar é marcada por atividades formativas relativas a programas de prevenção e intervenção psicossocial na juventude e a questões atinentes ao processo ensino-aprendizagem, particularmente no tocante às novas tecnologias de ensino e à contextos organizacionais de educação. 
Atua na cidade de São João da Boa Vista – SP.
Contato:
Blog: http://desenvolverpsi.blogspot.com.br/

E-mail: danilociconipsi@gmail.com
Linked in: https://br.linkedin.com/in/danilo-ciconi-de-oliveira-256090a4

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Depressão e Adolescência


Por: Laura Lima

A adolescência é um período de muitas descobertas, mudanças e conflitos. Algumas dessas mudanças, comportamentais e/ou emocionais são características da idade. Neste momento da vida, o sujeito torna-se mais vulnerável à depressão, porém há dificuldades no diagnóstico.

De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde) a depressão é o principal problema de saúde entre os adolescentes e diretamente ligado ao suicídio, uma das três maiores causas de morte na faixa etária de dez a dezenove anos, juntamente com acidentes de trânsito e o vírus da AIDS.

O questionamento sobre o futuro e as mudanças corporais são fatores e exemplos que causam alterações de humor, porém é necessário que alguns sintomas e sinais tenham duração de pelo menos duas semanas.

Sintomas:

  • Diminuição do interesse por atividades que sempre gostou;
  • Ganho ou perda de peso brusca;
  • Agitação ou apatia;
  • Perda da capacidade de concentração;
  • Insônia ou excesso de sono;
  • Cansaço;
  • Sentimento de culpa;
  • Ideias suicidas.

Sabemos que o ambiente familiar é importante ao desenvolvimento do adolescente, no entanto, se neste contexto há cobranças extremas, conflitos frequentes, falta de diálogo e atenção, este pode ser um gatilho que desencadeia a doença.

É fundamental o apoio familiar no tratamento dos adolescentes com depressão. Os pais devem acompanhar o tratamento, ouvir as orientações dos profissionais e não rotular o estado emocional do filho como “frescura” ou “preguiça”.

Ao perceber sintomas ou sinais de depressão, a ajuda profissional  que será de extrema importância neste processo para um diagnóstico completo e posterior tratamento da maneira mais adequada ao paciente.

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Laura Lima
CRP 06/114761

Formada pela Universidade Paulista
Atende em Valparaíso/SP no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS I) e
Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF)
Contatos:
Email:  la_glima@hotmail.com
Facebook: @PsicoLauraLima

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Meu filho adolescente está namorando. E agora?


Por: Daniela Knapp

É hora de encarar a realidade: seu bebezinho cresceu! Não parece que foi ontem? Tantas fraldas, colos, brincadeiras, carinhos. O tempo passou rápido demais e agora seu “bebezinho” está namorando… Sim, é hora de encarar os fatos e as mudanças que estão acontecendo!

A primeira coisa que você precisa entender é que os adolescentes não encaram o namoro da mesma forma como os adultos. Em geral, os pais tem uma tendência natural de não valorizar a relevância e o significado do namoro na adolescência e percebem o relacionamento como superficial e passageiro. Cá entre nós? Pode até ser que realmente seja passageiro e superficial, mas para o adolescente o relacionamento é muito sério e para sempre. Por esse motivo, exercer empatia com seu filho/a adolescente para entender e compreender tudo o que acontece no namoro é essencial. Conflitos e términos, por exemplo, por mais que pareçam irrelevantes para você, na visão do filho adolescente,  pode ser algo muito grave.

Algumas dicas podem te ajudar a passar por essa fase:

Converse diariamente

Manter um diálogo positivo e se interessar pelos assuntos do filho/a constrói uma relação de cumplicidade e amizade, que facilitará a exposição de algum problema que você identifique no namoro. Essa relação também facilitará a comunicação do seu filho com você quando algo importante acontecer.

Mantenha o diálogo aberto

Seu filho/a desafia a sua autoridade com alguma regularidade e muitas vezes opta por passar mais tempo com os amigos do que com você?  Mantenha a calma, ele ainda vai recorrer a você nos momentos difíceis, por isso permita que o adolescente tenha sentimentos positivos ao compartilhar algo com você e que ele tenha liberdade para falar sobre temas importantes de vida, assim você vai estabelecer um vínculo de amizade e confiança para que ele fale sobre qualquer assunto.

Seja exemplo

Você acha que seu filho segue seu exemplo somente na infância? A verdade é que os pais são exemplos para os filhos a vida inteira, principalmente na adolescência. Lembre-se que o adolescente provavelmente vai repetir no namoro atitudes aprendidas com você a partir da observação do comportamento do relacionamento com seu parceiro.

Construa uma base segura

Em consequência da necessidade de dependência o adolescente passa progressivamente a ficar menos tempo com a família e mais tempo com os amigos, namorado/a e na escola.  Mas é importante você saber que mesmo que o adolescente tenha essa tendência, ele ainda vai continuar a recorrer a você na procura de valores e de uma base segura a partir da qual ele possa se desenvolver.

Mantenha uma relação de respeito

Manter uma relação com os filhos baseada no afeto, proximidade e aceitação promove a autonomia, independência e maturidade. Ao transmitir essas características, você está ajudando o adolescente a manter relações amorosas mais saudáveis.

Faça acordos

Você  lembra o que conversamos no início? Para o adolescente o namoro é algo importante… O problema é que muitas vezes ele pode deixar de cumprir suas obrigações porque só pensa na namorada/o. A melhor solução aqui é fazer ele entender a importância de cumprir com suas tarefas e estabelecer trocas, por exemplo: quando tiver provas ele precisa prometer que vai estudar no dia anterior.

Esteja por perto

Observe e conheça o namorado ou namorado do seu filho/a. Esse namorado/a é uma boa influência? Se não for é hora de orientar e alertar o adolescente. Outra observação importante a fazer é perceber se a relação é sadia ou se está tomando rumos que possam prejudicar o seu filho/a. Mas lembre-se que preservar o espaço deles também é importante. Uma dica é convidar o namorado/a para vir na sua casa. Assim você consegue observar melhor a relação e tirar suas conclusões. Mas não sufoque os dois, liberdade nessa fase é o que o adolescente mais quer.

Mantenha os limites

Não mude as regras em relação a horários, estudos e afazeres em casa só porque o seu filho/a começou a namorar. O namoro deve acontecer sem modificações nas responsabilidades que o adolescente já tinha.

Evite proibições

Se você proibir, o adolescente provavelmente fará escondido. Direcionar, conversar e fazer acordos é a melhor maneira para passar por esse momento de uma forma mais tranquila.

Acalme-se

Não se culpe por não saber muito bem como agir nas situações. Toda a mudança e novidade exige um tempo de adaptação. O importante é encarar essa nova fase como algo natural.

Veja o namoro como algo positivo

Provavelmente você até agora só conseguiu perceber o lado negativo e preocupante do namoro, não é verdade? Mas o namoro pode sim proporcionar vários aprendizados para o adolescente como o desenvolvimento de  habilidades de negociação e empatia, por exemplo. Além disso, o namoro pode potencializar o seu sentido de identidade, desenvolver competências sociais e habilidades emocionais. Os inícios e términos também podem promover o desenvolvimento de resiliência, ajudando o adolescente no seu desenvolvimento emocional.

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Colunista:

Daniela Knapp
CRP 08/16950

Psicóloga Clínica e Coach de Mulheres
Formada pela Universidade Federal do Paraná
Atende em Curitiba – PR
Contato:
Site: www.realmentemulher.com.br
Facebook.com/realmentemulher
E-mail: psicologadanielaknapp@gmail.com

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A adolescência chegou e agora?


Por: Ana Rafaela Bispo da Costa

Se você leu o título desse artigo e não sentiu um arrepio na coluna, muito provavelmente ainda não tem convivência com filhos nessa idade, ou algum parente mais próximo, ou até mesmo não trabalha com essa faixa etária e, portanto, não há muito com o que se preocupar.

Por outro lado, você que correu para ler o artigo desesperado para entender o que ocorre nessa fase tão marcante da vida, provavelmente tem proximidade com essa figura adorável que é o adolescente.

Sim, defino dessa forma por não encontrar outra que melhor os resuma. São figuras porque ora se mostram maduros, ora se mostram bebês, ora dão um trabalhão no percurso da vida, ora ajudam nos deveres domésticos, ora reclamam e se rebelam, ora querem ser como os pais.

Talvez outra palavra defina essa fase, seria conflito?

Todas essas características tem uma razão e podem sim gerar um conflito, ou vários. A adolescência é um período de transição, é o momento que as crianças começam a deixar sua identidade infantil para construir sua identidade adulta. O primeiro sinal são as mudanças corporais, hormonais e, consequentemente, emocionais.

Não é tão simples para o adolescente lidar com essas mudanças, pois nessa fase começa a perceber a maturação de seu corpo, preparando-se para a vida adulta e para a vida reprodutiva.

Alguns têm mais dificuldade em aceitar essas mudanças e entendê-las e aí que começam as mudanças no comportamento. Afinal o adolescente vive o luto da perda de seu corpo e atitude de criança para começar a construir sua atitude e corpo de adulto.

Para os pais, geralmente, a aceitação também não é tão natural. Afinal aparece a mudança de atitude do filho, que, vendo-se como adulto assim como os pais, sente-se no direito de indagar e questionar, o que pode gerar conflitos.

Nesse momento os conflitos podem ser evitados se os pais tiverem em mente que esse embate é essencial para que o adolescente passe pela transição de forma saudável e madura. Porém, de alguma forma, os pais, que já foram adolescentes, acabam por reviver seus conflitos, sucessos e fracassos e isso prejudica no trato com o filho se não souber separar as duas situações.

Então olhe para você e seja honesto. Perceba se realmente está tão incomodado com seu filho ou se o que ele está vivendo está te obrigando a reviver fatos não tão bons ou assuntos que já tinha dado por encerrados.

Com a maturação reprodutiva surge nessa fase a busca pelo par, os primeiros namoros e a nova realidade de que já está biologicamente pronto para esse momento. A sexualidade que estava latente se aflora e o processo de amadurecimento natural da vida se inicia.

Olhando pelo ponto de vista paterno e materno é fácil evidenciar o choque que essa realidade pode causar, ontem uma criança, um pré-adolescente, hoje um adolescente iniciando uma realidade de adultos.

Aqui é essencial que pais identifiquem seus próprios conflitos quanto ao assunto para que não deixem de orientar e ensinar. Colocando limites e dando liberdade, nesse constante movimento de segurar e soltar os filhos para que trilhem o melhor caminho.

Entenda que eles estão buscando muitas respostas nesse momento, buscam a aceitação de si mesmo através da mudança corporal, buscam a aceitação de que estão sendo inseridos na vida adulta, e a transição da fase infantil e dependente dos pais para uma fase adulta e mais independente. E os pais tem papel fundamental para essa maturidade, e devem colaborar com o processo. A partir daí é estabelecida uma nova relação entre pais e filhos, e entre adolescentes e o mundo.

O que é importante entender é que todas essas mudanças geram sentimentos de desconfiança, incompreensão e conflitos entre dependência e independência. Portanto, é fundamental saber lidar com isso e saber a hora de dar liberdade e a hora de não fazer.

Segundo Aberastury:

“A adolescência é o momento mais difícil da vida do homem e necessita uma liberdade adequada, com a segurança de normas que sigam ajudando-o a adaptar-se sem entrar em conflitos graves com seu ambiente e com a sociedade”.

Ou seja, se mudar o foco de visão para a definição acima, acredito que se torne mais fácil a compreensão dessa fase, a convivência com os adolescentes e o apoio para seu crescimento e amadurecimento.

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Colunista:

Ana Rafaela Bispo da Costa
CRP: 06/95603

Psicóloga pela UMESP
Pós Graduada em Especialização em Informática em Saúde pela UNIFESP
trabalha no auxílio ao desenvolvimento de crianças e adolescentes e suas famílias,
atuando na região do ABCD.
Contatos:
(11) 982172197
ana_rafaela_24@hotmail.com

anacosta.psicosaude@hotmail.com
Facebook: Infância e Adolescência e os seus desafios na Família

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