Não tem visto resultado no seu processo terapêutico? Entenda por que!


Por: Amanda Santos de Oliveira 

A jornada psicoterapêutica é um trabalho. Um trabalho que se constitui por um intermediador e um paciente. Este profissional intervém na realidade psíquica do paciente e o paciente, a partir de tais intervenções, reorganiza sua maneira de pensar, agir e ver o mundo que o circunda. No entanto, muitas vezes quem está em processo terapêutico sente que o trabalho não está evoluindo.

Realmente, existem momentos durante este processo que podem significar uma estagnação. Esse momento difícil da psicoterapia pode acontecer por diversos motivos, mas é importante passar por eles e não desistir. Afinal, um processo que tem como objetivo reorganizar seu estado psicológico, não é nada fácil. Mas, em alguns momentos difíceis, alguns pacientes entendem este processo como infrutífero e escolhem desistir. Mas para que isso não aconteça que tal entender algumas das causas que podem trazer tais dificuldades? Veja a seguir algumas razões para uma possível lentificação do processo terapêutico:

Vínculo terapêutico

A relação do profissional de saúde com um paciente pode ser também chamada de relação terapêutica. Nessa relação, a partir da escuta e do acolhimento dispendidos pelo profissional de saúde, começa a se desenvolver um vínculo entre o psicólogo e paciente. Este vínculo, segundo Prado e Meyer (2004)[1], se torna um facilitador no processo de mudança do paciente. Portanto, o estabelecimento de uma relação terapêutica com forte vínculo, será determinante no processo terapêutico, já que facilitará o trabalho e o alcance de metas uma vez que estabelece um ambiente de confiança e um clima harmonioso.

No entanto, não é possível garantir o estabelecimento de tal vínculo. O contexto clínico em si, propicia a construção de tal vínculo terapêutico, no entanto, existem questões subjetivas de cada sujeito que interferem diretamente neste surgimento. Os motivos para um vínculo terapêutico fraco podem ser diversos, desde a falta de identificação com a técnica do terapeuta, até o desconforto com questões mais simples como, linguagem do profissional, forma de tratamento e até mesmo vestimenta.

Portanto, se você está em processo terapêutico e não sente que a relação terapêutica estabelecida é confiável e harmoniosa, converse com seu psicólogo a respeito. Caso seja necessário, defina estratégias junto com o profissional de saúde, mesmo que concluam juntos que existe a necessidade de substituição de tal profissional.

Assuntos Proibidos

O estabelecimento de um saudável vínculo terapêutico não garante uma comunicação completamente aberta. Existem muitos assuntos a serem tratados que são muito sensíveis ao paciente e o respeito ao profissional de saúde pode fazer com que o mesmo esconda alguns fatos importantes. Lembre-se, o psicoterapeuta trabalhará com a realidade trazida por você e fará o possível para entender de forma profunda suas demandas. Mas, depende de você trazer todos os fatos para o processo, a fim de garantir melhor entendimento do caso.

Nestes casos pode existir o medo de um julgamento por parte do psicoterapeuta ou até a dificuldade de assumir para si mesmo, ao dizer em voz alta, o conteúdo que trata o assunto. Mas, desde que você entenda que o ambiente clínico não possui lugar de julgamento e que é um lugar se segurança, será mais fácil entrar em contato com tais questões. Mas, lembre-se, faça isso quando se sentir pronto para tal, visto que tais questões serão importantes para seu processo psicoterápico.

Resistência à Mudança

Muitas pessoas ao ingressar em um processo psicoterapêutico não entendem a dificuldade de passar por ele. Os pacientes em acompanhamento tem que entrar em contato constante com questões difíceis para eles e precisam ter uma postura para mudança. Logo, se empenhar em processo psicoterapêutico pode significar sofrimento, angústia e grande desconforto, visto que grande parte do trabalho significará sair da zona de conforto e agir de forma ainda não pensada.

Consegue imaginar como isso é difícil? Entender que podemos estar agindo de maneira disfuncional ou inadequada e dar um passo para mudança não é algo que depende do profissional de saúde, mas sim, do esforço do paciente em tratamento. Portanto, entenda que o psicoterapeuta muitas vezes não trará as soluções que você espera e ele precisa e muito do seu esforço e participação no processo.

Seria muito fácil em uma sessão resolver todos os nossos problemas da forma como a gente gostaria que fossem resolvidos não é mesmo? Não funciona bem assim. Para uma boa evolução do quadro clínico, independente de qual diagnóstico esteja envolvido, é necessário abrir a mente e agir em direção a algo desconhecido e novo. Para isso, é preciso coragem e disposição.

Via de mão-dupla!

O trabalho psicoterapêutico é uma via de mão-dupla. Não adianta apostar todas as suas fichas em um profissional e não esperar que seja necessário um esforço da sua parte. As sessões não são apenas conversas, mas são encontros repletos de intervenções que tem o objetivo de tornar suas ações e pensamentos sobre o mundo mais assertivos. Então, você terá também que trabalhar.

Mas, o que posso dizer é: vale à pena! Aqueles que ingressam em um processo psicoterapêutico dispostos a vivê-lo integralmente vivenciam e percebem diariamente uma mudança inesperada. Portanto, se você procura começar tal acompanhamento, tenho duas dicas para você: tenha coragem e bom trabalho!

Referências:

[1] PRADO, Oliver Zancul; MEYER, Sonia Beatriz. Relação terapêutica: a perspectiva comportamental, evidências e o inventário de aliança de trabalho (WAI). Rev. bras. ter. comport. cogn.,  São Paulo ,  v. 6, n. 2, p. 201-209, dez.  2004 .   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-55452004000200006&lng=pt&nrm=iso&gt;. Acesso em  31  mar.  2017.

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Colunista:

Amanda Santos de Oliveira
CRP 04/43829

Psicóloga Graduada pela PUC Minas, atuante na área clínica em Belo Horizonte, oferecendo psicoterapia individual para adultos
Contatos:
psi.amandaoliveira@gmail.com
Facebook: facebook.com\psi.amandaoliveira
Instagram: @psicologabh

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O que eu tenho, doutor? – Visões acerca da Avaliação Psicológica e da Psicoterapia


Por: Danilo Ciconi de Oliveira

– Sobre a avaliação psicológica e a necessidade humana de dar nome à própria dor.

– “Eu tenho depressão! ”. 

Esta é uma das frases mais escutadas na clínica de Psicologia, logo no primeiro contato com o cliente. A pessoa busca o apoio psicológico já imbuída da crença de que possui determinado transtorno de saúde emocional.

Geralmente, antes mesmo de procurar o médico ou o psicólogo, a pessoa consulta a internet para entender direito “o que ela tem”. Dar nome ao próprio mal-estar ou sofrimento é quase uma necessidade vital, tão importante quanto livrar-se deles, para grande parte das pessoas. E é aí que corremos o risco de, na busca por nomes e/ou rótulos psiquiátricos, acabarmos caindo no engodo de uma interpretação rasa da nossa realidade emocional.

Uma avaliação psicológica séria não combina com pressa.

Para entender o que está acontecendo com o cliente, o médico ou psicólogo precisa realizar investigação apurada. Não dá pra mal olhar na cara da pessoa e já afirmar se ela tem ou não tem depressão, por exemplo. O especialista investiga as circunstâncias presentes da vida da pessoa, hábitos de sono e de alimentação, prática de atividade física, histórico de doenças e tratamentos de saúde, uso de drogas e medicamentos, histórico de transtornos de saúde emocional na família, características do processo de desenvolvimento etc. Além disso, analisa criteriosamente os sintomas relatados: duração, frequência, cronologia, intensidade.

Apenas após investigação atenta e cuidadosa, pode-se, de fato, proferir um diagnóstico e indicar estratégias de tratamento/intervenção. Além disso, há instrumentos de avaliação padronizados (testes, escalas etc.) que subsidiam a avaliação do profissional da saúde.

Não se contente com avaliações mal realizadas ou apressadas. Se não se perceber ouvido e acolhido, busque uma segunda opinião, procure outro profissional.

E não seja você o apressado! Na clínica, é extremamente comum certa urgência do cliente em saber o “nome” daquilo que está sentindo. Mas mais importante que nomear é entender o processo que você está vivendo.

A cura, melhora dos sintomas e/ou mudanças de comportamento são resultados que precisam ser conquistados todo e a cada dia, de acordo com o nosso próprio ritmo e com o do nosso corpo. O profissional da saúde vai te auxiliar nessa empreitada. A Psicoterapia é um caminho de autoconhecimento, cura e desenvolvimento.

A Psicoterapia é um caminho de desenvolvimento pessoal.

A PSICOTERAPIA é uma modalidade de intervenção psicológica, dentro da perspectiva da Psicologia Clínica. O principal objetivo da Psicoterapia é a busca pelo desenvolvimento pessoal do cliente e a promoção do bem estar e da saúde emocional.

Existem diversas abordagens (“jeitões de trabalhar”) na Clínica Psicológica. Cada uma delas dá destaque a aspectos específicos do funcionamento humano. A mais conhecida no Brasil é a Clínica Psicanalítica, cujo principal autor, Sigmund Freud, tem o mérito de ter sido pioneiro em tratar assuntos relacionados à psicossomática e aos determinantes “inconscientes” do comportamento humano. No entanto, não é a única. Outras abordagens, como a Terapia Centrada na Pessoa (Psicologia Humanista) e a Terapia Cognitivo-Comportamental, por exemplo, são outras possibilidades para a prática clínica.

É preciso ressaltar que a busca por Psicoterapia não é “coisa de doido”. Ao contrário, a clínica é recomendada para pessoas que necessitam desenvolver habilidades psicossociais e/ou estabelecer mudanças comportamentais importantes para a sua adaptação social.

Nas situações em que algum transtorno de saúde emocional (depressão, transtorno obsessivo compulsivo etc.) está instalado, é aconselhável, para o sucesso do tratamento, a associação da psicoterapia com intervenção medicamentosa prescrita por psiquiatra. A medicação auxilia o corpo no equilíbrio das taxas dos neurotransmissores (substâncias químicas) envolvidos no quadro específico de saúde emocional apresentado, enquanto a psicoterapia ajuda a promover modificação no comportamento.

Os atendimentos levam em média 50 minutos e têm sua frequência definida de acordo com a avaliação realizada pelo psicoterapeuta acerca das necessidades e recursos do cliente.

Por vezes, a pressa e o sofrimento nos levam a recorrer a soluções mágicas para resolver nossos problemas de ordem emocional. Não existe pílula que nos cure da noite para o dia. A Psicoterapia é um caminhar constante que exige de nós perseverança, comprometimento e resiliência, para que saibamos dar um passo de cada vez rumo aos nossos objetivos. A clínica é, em princípio, um espaço de escuta, acolhimento e reflexão.

Ali podemos assumir toda a nossa humanidade, abandonar os padrões exacerbados de produtividade que jogamos sobre nossas costas e permitir nos escutar a nós mesmos. “O que eu tenho?” torna-se apenas detalhe diante da riqueza de poder estacionar, contemplar a nós mesmos e decidir dia a dia para onde iremos caminhar…

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Colunista:

Danilo Ciconi de Oliveira
CRP 06/123683

Psicólogo (USP), graduando em Pedagogia – Licenciatura (Claretiano) e especialista em Psicopedagogia (Uninter).
Sua trajetória profissional se destaca especialmente pela atuação junto a adolescentes e jovens. Como educador, dedicou-se a intervenções socioeducativas com adolescentes judicializados e, atualmente, à formação/treinamento de jovens em contextos de aprendizagem corporativa, assim como à docência no ensino superior.
Sua formação complementar é marcada por atividades formativas relativas a programas de prevenção e intervenção psicossocial na juventude e a questões atinentes ao processo ensino-aprendizagem, particularmente no tocante às novas tecnologias de ensino e à contextos organizacionais de educação. 
Atua na cidade de São João da Boa Vista – SP.
Contato:
Blog: http://desenvolverpsi.blogspot.com.br/.

E-mail: danilociconipsi@gmail.com.
Linked in: https://br.linkedin.com/in/danilo-ciconi-de-oliveira-256090a4.

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