Segredos na Família


Por: Daniela Knapp

Toda a família tem ou já teve seus segredos, não é mesmo? Mas a realidade é que existem vários tipos de segredos e alguns podem ser muito bons, já outros nem tanto. Os segredos bons geralmente são temporários, como aqueles relacionados a uma festa surpresa ou que geram maior independência de uma adolescente ou até mesmo aqueles segredos “carinhosos” que visam poupar alguém vulnerável.

Mas existem segredos familiares negativos, que geralmente são nocivos, de longa duração e envolvem situações já passadas, que insistem em permanecer vivas no presente, como no caso de uma abuso sexual ou físico, por exemplo. Esses segredos tem extrema ligação com a humilhação e são estabelecidos a partir de uma preocupação com a imagem social.

Outros assuntos delicados que podem gerar segredos familiares são: adoção, origem familiar, infertilidade, aborto, doenças físicas ou mentais, orientação sexual e sexualidade, religião, casamento com pessoas de diferentes raças ou religiões, terrorismo, comportamento em tempo de guerra, divórcio, situação como imigrante, suicídio, morte, entre outros.

Os segredos negativos podem gerar consequências muito graves para o núcleo familiar, principalmente porque segredos geralmente incitam mentiras, que por sua vez geram informações retidas, sentimento de culpa, de desconfiança, distorção dos processos de comunicação e impossibilidade da família de lidar com a situação, criando sensação de impotência. Como exemplo, podemos pensar em uma mãe, numa roda de amigas, conversando sobre a gestação e o parto de um filho que sigilosamente é adotado.

Cada membro da família pode interpretar um segredo de forma diferente. Um segredo pode significar proteção, traição, diferenciação e autonomia. Podemos pensar em um caso de adoção não revelada que para a mãe pode significar proteção, para o pai insegurança e para o filho adotivo traição.

Além disso, o segredo pode formar alianças, divisões e rompimentos dentro da família, pois envolve um grande conflito de lealdade com quem se mantém um segredo, se tornando extremamente restritivo e formando facções como quem está dentro e sabe do segredo e quem está fora e não sabe o que está acontecendo.

Os sintomas mais encontrados em famílias que tem segredo são:

1. A negação do sintoma, dificultando a busca de recursos para o seu tratamento, como exemplo: alcoolismo, drogas, doenças mentais, anorexia, entre outros.

2. Disfarce do sintoma, deslocando o foco do problema do segredo para o sintoma que ele está gerando. Citamos o exemplo de uma criança na família que tem dificuldade na fala. Ela está manifestando um problema, que parece ser o foco principal, mas que tem como origem a existência de um segredo na família.

3. Ansiedade e culpa como resultado da manutenção do segredo. Podemos pensar, por exemplo, no esforço que o marido tem para controlar uma conversa sobre o relacionamento do casal, caso ele esteja encobrindo um caso de traição.

A revelação de um segredo deve ser feita com muito cuidado, pois não existem garantias quanto ao resultado dessa revelação, podendo ter um efeito curativo ou gerar rompimento nos laços familiares, dependendo da gravidade do problema. Os segredos negativos exigem trabalho cuidadoso e senso de oportunidade para o momento de revelação e possibilidade da família em lidar com as consequências. Na revelação, se faz necessária a criação de um ambiente capaz de conter e possibilitar a expressão dos significados múltiplos e disparatados vinculados ao segredo e à sua manutenção. A dica aqui é a procura de um especialista que possa orientar a família.

A confissão feita de forma adequada pode ter um efeito curativo muito grande dentro do núcleo familiar, amenizando sintomas, fortalecendo vínculos e promovendo um novo tempo para a família.

Imagem capa: Pinterest

Colunista:

Daniela Knapp
CRP 08/16950

Psicóloga Clínica e Coach de Mulheres
Formada pela Universidade Federal do Paraná
Atende em Curitiba – PR
Contato:
Site: www.realmentemulher.com.br
Facebook.com/realmentemulher
E-mail: psicologadanielaknapp@gmail.com

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Mentira – do início ao fim


Por: Leonardo Domingues

Durante seus 2 primeiros anos de vida a criança tende a iniciar sua comunicação e, desde já, a mentira está presente em nossas vidas.

Mas por que as crianças mentem

O que temos de ter em mente é que todo comportamento da criança é aprendido através das pessoas que rodeiam seu convívio primário, seja ele com tios, avós e principalmente os pais. Muitos pais pensam que a criança é muito pequena e não iria aprender tal comportamento e que isso seria algo genético, mas estão muito enganados. Todo e qualquer comportamento é aprendido principalmente dos pais, que são o maior exemplo de adulto para a criança.

Engana-se quem pensa que a mentira é somente verbal, a criança aprende que a mentira pode ser uma forma de defesa e que há outras formas de mentir, como por exemplo sorrir quando não está tudo bem, escondendo suas angústias e frustrações. Sendo assim, a mentira incorpora tanto a forma verbal quanto a comportamental gestual.

Toda mentira tem um porquê, assim, os pais devem se atentar mesmo às pequenas mentiras, como as usadas por não querer ir para a escola, pois com certeza algo está acontecendo e a criança usa a mentira para encobrir algo que a está fazendo sofrer.

A melhor forma de agir nesses casos é mostrar para a criança que nem sempre precisamos sorrir, que há coisas que não gostamos, que não nos fazem bem e que devemos falar a verdade por mais que doa. Como uma criança que ganha um presente de seus parentes que não gostou, não precisa dizer uma mentira, mas que deve agradecer o carinho e o tempo que a pessoa dedicou para comprar ou até mesmo fazer o presente para ela. A melhor forma é sempre a comunicação.

Durante todo o desenvolvimento passamos por fases e, como se é de esperar, acabamos por reconhecer o certo do errado (na maioria das vezes), e aprendemos que não é certo mentir. Mas quando não mudamos e formamos nossa vida entre pilares de mentiras, isso acaba sendo algo muito perigoso, pois há riscos de desenvolvermos a mentira patológica ou compulsiva.

O que devemos saber sobre Mitomania ou Mentira compulsiva

Trata-se de algo compulsivo, é uma tendência patológica à mentira, e isso acaba por interferir no raciocínio do mentiroso, como se o mesmo mentisse tão bem que acredita na própria mentira e faz dela realidade. Ela pode ser desenvolvida na infância caso não seja tomada nenhuma providência conforme orientado anteriormente.

O que devemos lembrar sobre a diferença entre uma mentira esporádica e a mentira compulsiva é que a pessoa que mente, mente por algo, situação ou acontecimento em particular, por mais simples que seja e normalmente são mentiras pouco elaboradas. Já a pessoa compulsiva pode ser uma pessoa carismática, manipuladora e egocêntrica, que busca trazer para o exterior o mundo de fantasia e mentiras que vive em sua mente.

A Mitomania ou mentira compulsiva tem cura, mas como qualquer problema, a própria pessoa tem que desejar e buscar o tratamento, lembrando que é crucial o apoio da família e amigos para que isso aconteça.

O tratamento baseia-se em tornar consciente para o indivíduo os prejuízos que seu comportamento trouxe tanto para ela quanto para terceiros. É necessário acompanhamento psicológico e caso haja algum quadro de depressão e ansiedade é recomendado o acompanhamento psiquiátrico.

Caso não procure tratamento, o indivíduo tende a destruir os relacionamentos por não trazer confiança. Além dos problemas sociais, a pessoa pode acabar tendo problemas legais, tendo que pagar por algo que poderia ter sido evitado caso buscasse tratamento.

Hoje, a Psicoterapia tem se mostrado um dos poucos métodos em que pode se notar grande evolução nos casos de Mitomania ou Mentira Compulsiva.

Imagem: Pinterest

Colunista:

Leonardo Domingues
CRP 06/133444

Formado pela UNIARA, é Psicólogo Clínico e atende em Jaboticabal/SP na Rua Floriano Peixoto, 1517 – Centro.
É escritor e cartunista.
Contatos:
WhatsApp: (16) 99775-6457
Instagram: @leonardo_psi
E-mail: leonardo.psico@terra.com.br

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De mentira em mentira, foi-se a relação…


Por: Psicóloga Ane Caroline Janiro

É possível construir uma relação livre de mentiras? Seria hipocrisia dizer que em um relacionamento, especialmente entre casal, é fácil não contar nenhum tipo de mentira. Todos nós mentimos, em muitos casos fazendo uso das comuns “mentiras sociais” – não falamos a verdade sobre nossa opinião para não desagradar o outro. Mas o fato é que, ao fazermos isso, reforçamos no outro aqueles comportamentos ou características que não nos agradam. Ora, se em uma relação é preciso que ambos se conheçam muito bem, é necessário que se encontre no diálogo a melhor forma de dizer a verdade. É claro que ninguém deve sair apontando no parceiro tudo aquilo que não lhe agrada sem ao menos medir as palavras, mas se você não gosta de ganhar flores e nunca disser a verdade, vai continuar ganhando flores e o outro vai continuar acreditando que é disso que você gosta. É um exemplo simples, mas que pode se estender a vários pontos do relacionamento.

Existem aqueles que mentem de forma patológica – os mitômanos – e, neste caso, é incontestável a necessidade de uma ajuda profissional. Mas mesmo quando a mentira não se trata de uma patologia, é preciso ficarmos atentos em sua ocorrência dentro de nossas relações. Isso porque, além das mentiras sociais já citadas, há outros tipos de mentira que são contadas no relacionamento e que podem, aos poucos, minar a confiança e tornar a convivência muito mais penosa.

Algumas pessoas preferem contar mentiras do que se alongarem em uma explicação, por exemplo: sair para encontrar com alguns amigos depois do trabalho e mentir para o parceiro que, na verdade, precisou trabalhar até tarde. Esse tipo de comportamento é muito comum, mas alerta para um relacionamento que inspira atenção. Primeiro pelo fato de que, se há a necessidade de se ocultar uma saída com os amigos, é porque a confiança já está fragilizada ou porque não existe liberdade e respeito à individualidade do outro nesta relação. Então é preciso entender em qual momento e por qual motivo essa confiança começou a se danificar ou compreender quando a liberdade deixou de ser respeitada (ou se ela nunca existiu). O segundo fato é que, ao mentir para evitar uma explicação ou discussão, a confiança fica ainda mais prejudicada e fica cada vez mais difícil construir uma relação que seja saudável para ambos. – Qual a abertura que há nesta relação para um diálogo, para a compreensão das necessidades e desejos de ambos? Por que essa mentira me parece tão necessária em minha relação? Teria outra forma de lidar com a situação que não seja fazendo uso da mentira? – são algumas questões que precisam ser pensadas.

“Ah, mas uma mentirinha não vai fazer mal”. Mas de mentira em mentira é que a relação se desgasta, é preciso que esse hábito seja cada vez menor em nossas relações e que passemos a enxergar não o benefício da mentira contada (“evitar uma discussão”), mas o tumor que ela alimenta (“não ter alguém com quem construir uma relação confiável”). Há pessoas que, somente pelo fato de mentirem, não confiam no outro – inclusive no parceiro de relacionamento – pois acreditam que este também pode mentir para elas a qualquer momento.

Ou seja, cria-se um ciclo de falta de confiança onde um relacionamento saudável e duradouro é totalmente inviável. A sinceridade é o melhor caminho para construir uma relação sólida e, ao mesmo tempo, leve.


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Sobre a autora:

Ane Caroline Janiro – Psicóloga clínica, Fundadora e Administradora do Psicologia Acessível.
CRP: 06/119556


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Mentiras Infantis – Por que ocorrem e como lidar?


Por: Psicóloga Ane Caroline Janiro

Este texto surgiu a partir de um e-mail recebido de uma leitora, que questiona: “como lidar com as mentiras que as crianças contam? ”.

Há certa diferença entre a mentira propriamente dita (aquela que a criança tem consciência de que o que diz não é verdade, mas o faz para se livrar de uma situação de castigo ou bronca ou então para conseguir algo) e a fantasia (que é a que a criança diz e não tem plena consciência de que o fato não é real).

Desde bem novas as crianças já são capazes de fantasiar, inventando situações que lhe parecem mesmo reais. Por isso muitos pais sentem dificuldades em estabelecer limites para crianças muito pequenas, já que a partir de cerca dos 2 anos de idade já é possível identificar este comportamento e nem sempre é fácil interpretá-lo como fantasia ou uma mentira consciente dos pequenos.

Muitos pais tem dúvidas também se a criança, mesmo tão nova, seria capaz de compreender a correção dessas fantasias/mentiras. Mas é importante saber que, independente do motivo que tenha levado a criança a mentir (seja uma fantasia criada por ela ou uma mentira para se livrar de uma situação) é perfeitamente possível que os pais estabeleçam limites e expliquem a diferença entre a fantasia e a realidade. É importante que desde cedo a criança compreenda as consequências de suas atitudes e aprenda a se responsabilizar por elas. Na prática: Se a criança quebrou um brinquedo e, quando questionada, nega que tenha sido ela, é preciso explicar a consequência do ato em si (o brinquedo ficará quebrado e ela não poderá brincar com ele) e também da mentira (“quando ela mente, o papai fica triste” por exemplo, ou “quando ela diz que não foi ela, alguém pode acabar levando a culpa e isso não é legal”, etc).

É claro que quando a criança é mais velha e passa a ter maior noção do que é certo ou errado – a partir dos 6 anos de idade mais ou menos – a mentira ocorre muito mais de forma a se livrar de situações ou para obter algum benefício do que por fantasia. Ela compreende mais claramente também as explicações e consequências daquilo que ela fez (desde que sejam claros). Então é preciso explicar sempre a ela o porquê de aquele comportamento de mentir é errado e como ele afeta os outros, além disso, ela precisa perceber os prejuízos que decorreram de sua mentira para si mesma, para que entenda que, de fato, mentir é algo ruim.

Se a criança apresenta um comportamento constante de mentir, é preciso analisar com maior cuidado e, neste caso, o auxílio de um psicólogo é válido. E é claro que é preciso que haja coerência na hora de corrigir este comportamento na criança pois se ela presencia a mentira dos adultos com quem convive, é muito confuso entender que a mentira realmente seja algo ruim e que ela não possa fazer.

É preciso levar em consideração que nós, adultos, também cometemos estes erros e que exagerar na punição à criança não é algo positivo, pelo contrário. Então evite dizer coisas como: “nunca mais vou confiar em você”, “você é um mentiroso”, etc. São frases que podem fazer com que a criança acredite que ela seja uma pessoa ruim e não alguém que teve uma atitude errada e que pode consertá-la. Apesar de ser necessária a correção para que a mentira não “passe em branco”, é preciso dar a chance de a criança mudar o seu comportamento, preservando a sua autoconfiança e autoestima. Então, conversar abertamente para compreender os motivos que levaram a criança a mentir é, antes de tudo, a melhor forma de frear este comportamento. Assim, os adultos podem mostrar a ela melhores formas de lidar com determinada situação do que contando uma mentira.


 

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Sobre a autora:

Ane Caroline Janiro – Psicóloga clínica, Fundadora e Administradora do Psicologia Acessível.
CRP: 06/119556

 


*Ao reproduzir este conteúdo, não se esqueça de citar as fontes.


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