Quando o trabalho se torna uma maneira de fugir dos problemas


Por: Daniela Knapp

Você sabia que o trabalho como fuga pode ser um meio de proteção? Muitas pessoas usam o trabalho para fugir de problemas pessoais e sem perceber acabam se dedicando demais, não porque gostam daquilo que fazem, mas porque não estão felizes com sua vida. Trabalhar demais pode ser um comportamento de compensação por algo que está faltando, uma maneira de esquecer dos problemas. Sem perceber, o excesso de trabalho acaba impedindo essas pessoas de resolverem o que realmente está gerando esse comportamento e essa atitude acaba prejudicando ainda mais sua vida pessoal. Você percebe como esse comportamento pode virar um ciclo vicioso?

Mas afinal de contas, como identificar se você está usando o trabalho como desculpa?

Prestar atenção no modo como você tem encarado o trabalho e no que ele significa para você é o primeiro passo para perceber o problema. Listo aqui algumas perguntas que podem te ajudar a refletir sobre o assunto:

  • O trabalho é a minha única fonte de satisfação?
  • Sempre levo trabalho para casa e assumo atividades que são responsabilidade dos meus colegas?
  • Sempre chego tarde em casa para evitar conflitos?
  • Trabalho durante horas, sem interrupção para não precisar pensar na minha vida pessoal?
  • Tive um afastamento significativo da família e dos amigos por causa do trabalho?
  • Evito entrar em contato com emoções e pensar sobre a vida?
  • O trabalho é mais importante para mim do que a minha família?
  • Preciso estar envolvido em alguma atividade o tempo todo?
  • Uso o trabalho para encobrir sentimentos?

Mas por que essa fuga acontece?

Existem basicamente três motivos que levam uma pessoa a trabalhar demais:

O primeiro é a insegurança, o fato da pessoa sentir a necessidade de fazer mais para parecer melhor. O segundo é o comportamento de fuga, quando a pessoa usa o trabalho para não precisar encarar as dificuldades da vida pessoal, como um casamento desestruturado ou decisões pessoais mal resolvidas. O terceiro é a compulsão pelo trabalho, pessoas que se dedicam inteiramente ao trabalho para alcançar seus objetivos e ter sucesso profissional a qualquer custo.

Essa situação pode levar a pessoa a se tornar um Workaholic, ou seja, um viciado em trabalho. A saúde pode ser comprometida e as consequências de trabalhar exaustivamente podem levar ao estresse, ansiedade e depressão.

Mas trabalhar demais não é um comportamento comum?

Sim, mas  nem sempre o motivo é a fuga, existem outras situações de pressão que podem levar uma pessoa a trabalhar demais: medo de perder o emprego, competição no mercado de trabalho, problemas financeiros, exigência da empresa, entre outros. Cabe a cada um refletir e analisar a sua situação atual e se preciso buscar um especialista para ajudar.

O limite do saudável e da compulsão pelo trabalho é delicada. É preciso ter cuidado porque trabalhar demais é visto pela sociedade como algo bom, sinônimo de sucesso. A pessoa geralmente não percebe que está passando dos limites, uma vez que esse comportamento é seguido de promoções no trabalho, reconhecimento profissional e aumento de salário. Geralmente a busca pela ajuda de um especialista acontece quando a situação já está fora de controle e a saúde já está comprometida.

Imagem: Pinterest

Colunista:

Daniela Knapp
CRP 08/16950

Psicóloga Clínica e Coach de Mulheres
Formada pela Universidade Federal do Paraná
Atende em Curitiba – PR
Contato:
Site: www.realmentemulher.com.br
Facebook.com/realmentemulher
E-mail: psicologadanielaknapp@gmail.com

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Entenda a Síndrome do Esgotamento Profissional (ou Burnout)


Por: Ane Caroline Janiro

A “Síndrome de Burnout” ou “Síndrome do Esgotamento Profissional” é um transtorno mental associado especificamente aos elementos estressores  relacionados ao trabalho.

Inicialmente, esta Síndrome teve sua descrição em pessoas cujas profissões envolviam o “cuidar” ou a relação intensa com outras pessoas, como é o caso de médicos, enfermeiros e profissionais da saúde em geral, também professores. Recentemente, porém, outras áreas de atuação vem apresentando casos de Esgotamento Profissional e estão associados à possibilidade de ocorrência da Síndrome. Inclusive, já existem casos mais recentes descritos onde pessoas dedicadas ao cuidado de familiares afetados por doenças que prejudicam a mobilidade e autonomia manifestaram também a Síndrome de Burnout.

A exposição crônica de uma pessoa a fatores então estressantes em seu trabalho, de maneira emocional e interpessoal, seria o ponto de partida para o desenvolvimento desta Síndrome, onde existe uma sensação constante de exaustão, falta de esperança naquilo que se faz, não vendo mais recompensas pessoais pelo seu trabalho e despersonalização.

Transtornos associados:

A Síndrome de Burnout pode ser um fator de risco para o desenvolvimento de outros tipos de transtornos, como alcoolismo e abuso de outras substâncias psicoativas, ideações suicidas, doenças cardiovasculares, depressão e outros.

Como identificar os sinais da Síndrome de Burnout?

É preciso ficar atento ao diferenciar um episódio de estresse ou um problema isolado no trabalho de um esgotamento profissional. Ou mesmo com a depressão, por exemplo, onde o sentimento de culpa é uma das características predominantes, enquanto que na Síndrome de Burnout, a irritabilidade e a raiva são predominantes.

Algumas pessoas, entretanto, apresentam maiores chances de desenvolver a Síndrome. Além dos profissionais da áreas de atuação já citadas acima e da constante exposição aos fatores estressantes, outros fatores merecem também atenção, como os famosos “workaholics” – expressão que identifica os indivíduos “viciados em trabalho”, que não conseguem se desligar dele, sentem a necessidade de fazer cada vez mais e fazer tudo sozinhos, sentem-se muitas vezes culpados pelos momentos de descanso e por passarem alguns momentos sem serem “produtivos”, negligenciando os cuidados pessoais, a vida social e a saúde.

Tudo isso pode desencadear o Esgotamento e é possível identificar alguns sintomas comuns às pessoas afetadas por ele, como:

  • Mudanças repentinas de comportamento;
  • Isolamento social;
  • Depressão;
  • Sensação de vazio interior;
  • Fadiga;
  • Diminuição no interesse em realizar atividades que antes eram prazerosas;
  • Aumento ou diminuição significativas do sono;
  • Aumento ou diminuição significativas do apetite;
  • Ansiedade;
  • Tremores, taquicardia;
  • Dores de cabeça;
  • Problemas digestivos, entre outros.

É claro que a Síndrome de Burnout pode se apresentar com alguns sintomas distintos dos apresentados acima, que na verdade são os mais comuns, o que não significa necessariamente que o paciente apresentará todos eles.

Além disso, para o diagnóstico, é necessária a verificação da presença de três grupos de sintomas, são eles:

  • Exaustão emocional (esgotamento e a sensação de que nada mais irá resolver sua situação atual, o que resulta em irritabilidade, desesperança, atitudes pessimistas e sentimento de incapacidade);
  • Despersonalização (caracteriza-se pela indiferença diante do sofrimento alheio, diminuição da capacidade de empatia, de se solidarizar com o outro);
  • Diminuição da Realização Pessoal (o indivíduo subestima sua capacidade de desempenhar funções, apresentam insatisfação e/ou infelicidade com os resultados obtidos a partir de seu trabalho).

Outras características comuns às pessoas que apresentam a Síndrome de Burnout são os reflexos no próprio ambiente de trabalho, como a queda no desempenho de suas tarefas, distanciamento de colegas de trabalho, clientes e outros, atrasos ou ausências constantes do local de trabalho, maior risco de sofrer acidentes de trabalho, baixa energia.

Após o diagnóstico, como é o tratamento?

Normalmente o tratamento para a recuperação do indivíduo envolve a psicoterapia e, quando necessário, o uso de medicamentos específicos. Em alguns casos, é necessário afastamento temporário das funções de trabalho.

Existe a necessidade de um trabalho mais profundo com as empresas e instituições, visando o bem estar emocional dos funcionários o que, consequentemente, irá colaborar para o melhor desemprenho da empresa como um todo, diminuição da rotatividade dos colaboradores, menor ocorrência de faltas e atrasos e maior comprometimento das equipes.

Referência: Associação Brasileira de Psiquiatria (http://www.abpcomunidade.org.br/site/)  


 

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Sobre a autora:

Ane Caroline Janiro – Psicóloga clínica, Fundadora e Administradora do Psicologia Acessível.
CRP: 06/119556



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