Qual a importância da LIBRAS para a criança surda?


Por: Mariana Santos

Ao descobrirem que seu filho(a) é surdo(a), muitas vezes os pais acabam sendo bombardeados de opções para “curar” a surdez e acabam não conhecendo a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) ou a conhecem quando seus filhos já estão muito maiores. Mas qual a importância do contato com a língua de sinais para a criança Surda? Quais são os prejuízos que esta criança pode ter caso não entre em contato com a LIBRAS?

Primeiramente vamos falar um pouco sobre a LIBRAS, esta é a sigla de Língua Brasileira de Sinais. Isso mesmo, a LIBRAS é uma língua e NÃO uma linguagem de gestos como muitos pensam. É uma língua com regras e estruturas gramaticais própria. É a segunda língua oficial do Brasil e é utilizada pelos Surdos para se comunicarem.

Existem algumas filosofias de educação para Surdos, são elas:

Oralismo – Esta filosofia percebe o surdo como deficiente e busca integrar a criança surda na comunidade ouvinte por meio da oralização. Buscando através da estimulação auditiva e oral, integrar a criança na comunidade ouvinte.

Comunicação Total – Percebe surdo não apenas como uma pessoa que não tem a audição, mas considera seus aspectos sociais e emocionais. Buscando realizar a educação da criança através da estimulação oral e de recursos espaço-viso-manuais.

Bilinguismo – Nesta filosofia o surdo deve ser bilingue, ou seja, adquirir sua língua natural que é a língua de sinais e como segunda língua a língua oficial do país onde vive.

Dessas filosofias, percebo uma melhor adaptação da criança surda ao bilinguismo. Observo que ela não busca enquadrar o surdo na cultura ouvinte e não percebe a surdez como uma deficiência, apenas como uma característica.

A criança precisa adquirir uma língua para seu desenvolvimento cognitivo e até emocional. Estudos apontam que crianças educadas a partir das filosofias oralistas e da comunicação total não adquirem com êxito sua língua natural, tão pouco a língua oficial do seu país. O que pode causar alguns prejuízos cognitivos para esta criança, ou seja, sem uma compreensão total de uma língua a criança muitas vezes não consegue entender por exemplo conceitos abstratos, noção de passado e futuro, sentido figurado, entre outros.

Estimular a criança a oralizar, muitas vezes acaba sendo uma violência para ela, pois esta não é sua língua natural. Nós ouvintes aprendemos o português com facilidade, por que estamos expostos a ele o tempo todo e esta é nossa língua natural. O surdo por sua vez, não tem a habilidade auditiva, o seu estímulo é feito através do visual, por isso sua língua natural é uma língua viso-espacial, ou seja, a língua de sinais.

Muitas crianças e adolescentes que não tiveram contato com a LIBRAS, chegam com idade avançada nas escolas bilingues sem compreensão da língua portuguesa ou da língua de sinais. Assim, é necessário primeiramente ensina-las uma língua e depois iniciar o ensino das disciplinas escolares.

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Mariana Santos
CRP 06/126116

Psicóloga Clínica, graduada em Psicologia pela UNIP.
Conhecimento avançado em LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais (Derdic/PUC-SP).
Atende na Chácara Santo Antônio – São Paulo/SP 
Contatos: 
Fone: (11) 95490-5944
Email: marianasantos.psico@gmail.com

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Pontos sobre o percurso da Educação Inclusiva no Brasil


Por: Ariana Ribeiro Gomes

A educação inclusiva é um assunto largamente discutido atualmente. A inclusão não visa colocar na escola regular todas as crianças que, há um tempo atrás, estariam em escolas ou salas especiais. A inclusão pretende oferecer a todas as crianças as oportunidades que uma escola regular pode oferecer, levando em consideração as possibilidades que cada criança apresenta. Mas a proposta de uma escola inclusiva é o resultado de um longo percurso que ainda está em andamento, pois não se consolidou. Pretendemos apresentar um pouco do percurso que culmina na educação inclusiva como uma política pública.

Até meados do século XX, a deficiência, principalmente a “mental”, encontrava-se misturada à população dos hospitais psiquiátricos – que já eram, historicamente, espaços de exclusão. Porém, o saber médico começa a modificar essa situação, pois elabora explicações orgânicas para certas condições, como as deficiências, e indica tratamentos específicos, mas também a escolarização, no caso das crianças.

Nesse contexto, começam a surgir instituições especializadas que ofereciam tratamento terapêutico. Podemos citar o Instituto Pestalozzi e a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE). Porém, até o final da década de 1960 não havia uma preocupação com o desenvolvimento acadêmico porque não se considerava que as crianças com deficiência, principalmente cognitiva e sensorial, pudessem aprender. Assim, o foco era a oferta de terapias individuais.

Porém, no final da década de 1960 e início da década de 1970 iniciam-se movimentos sociais em prol das minorias, e as escolas começam a se preocupar em receber crianças que antes eram excluídas da escolarização. A educação chamada especial é institucionalizada no Brasil com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 5692/71 e com a criação Centro Nacional de Educação Especial (CENESP), DE 1973. O CENESP foi responsável pela construção de escolas especiais e de salas especiais em escolas regulares, bem como pela formação de recursos humanos.

Mas esse modelo passa a ser criticado, pois as escolas e classes especiais distanciavam-se do que era ensinado pelas escolas e classes regulares, de forma que não se tornavam pontes para que um dia as crianças pudessem frequentar o ensino regular. Passa-se a propor, então, a integração, onde se incentiva a entrada das crianças em salas regulares com a frequência das mesmas em salas de recursos – porém, o que acontece é a entrada no ensino regular de crianças que conseguiam acompanhar o seu modelo escolar, enquanto as que não conseguiam permaneciam no ensino especial. Nesse sentido, a escola continua centralizando a responsabilidade da aprendizagem no estudante, desresponsabilizando-se.

Por isso, em 1990, surge uma nova proposta: a educação inclusiva. Esta propõe que todas as crianças devem estar em escola regular, e principalmente que não é a criança quem deve adaptar-se à escola, pelo contrário, é a escola que deve adaptar-se às necessidades de aprendizagem da criança. Entende-se ainda que a escola deve ser sim um espaço de socialização, mas também deve prover um aproveitamento acadêmico, pois todas as crianças podem aprender. Isto significa que a escola precisa redefinir seu modelo de ensino-aprendizagem, pois não podemos considerar que o modelo tradicional seja acessível a todas as crianças.

Leis foram elaboradas tendo como objetivo a inclusão escolar: Plano Nacional de Educação (PNE) de 2001; o reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) como meio legal de expressão e comunicação, em 2002; o uso de Braille no ensino, em 2002; o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência de 2011; a Política Nacional de Proteção da Pessoa com Transtorno de Espectro Autista de 2012.

Apesar do avanço garantido por essas medidas, constatamos que nas escolas, de maneira geral, ainda há um predomínio de um modelo tradicional de ensino-aprendizagem, podemos considerar que a educação inclusiva ainda não foi consolidada. Vivemos em um tempo em que se fala bastante sobre a diversidade, sobre sua importância, mas ainda percebemos dificuldade diante dela, pois as mudanças estruturais necessárias ainda não ocorreram. No caso da escola, é preciso rever a organização escolar, projetos políticos pedagógicos, recursos didáticos, métodos de ensino, formas de avaliação etc.

Referências:

GLAT, R; PLETSCH, M. D.; FONTES, R. S. Educação inclusiva e educação especial: propostas que se complementam no contexto da escola aberta à diversidade. Edição: 2007, vol. 32, n. 2.

MASCARO, C. A. A. C. Políticas e Práticas de Inclusão Escolar: um diálogo necessário. Rev. Fac. Educ. Universidade do Estado de Mato Grosso, vol. 19, n. 1, p. 33-55, Jan. 2013.

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Ariana Ribeiro Gomes
CRP: 05/45263

Psicóloga, Formada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro/UERJ. 
Atende em Rio de Janeiro/RJ.
Observações: Projeto Multiplica Psi, Acompanhante Terapêutica na inclusão escolar de autistas, psicóloga clínica, mestranda em Psicanálise e Políticas Públicas.
Contatos: 
arianaribeiro.psi@gmail.com
Facebook.com/multiplicapsi

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Vamos falar sobre inclusão escolar?


Por: Camila M. Fernandes

Sei que é um assunto que ronda muitas pessoas o tempo todo, mas quantas vezes realmente nos aprofundamos sobre o tema? O que realmente sabemos sobre a inclusão escolar?

Incluir, no âmbito escolar, significa que todas as crianças têm direito a escola. Incluir é a capacidade que temos de entender e reconhecer o outro e, através disso, nos permitirmos conviver e compartilhar experiências com pessoas que são diferentes de nós. Alguns autores acreditam que “o diferente” não se refere apenas a pessoas com deficiências ou transtornos, como costumamos achar, e sim a qualquer pessoa à nossa volta. Todos são diferentes, seja na forma de pensar, de ver a vida, entre outros.

Logo, a educação inclusiva deve acolher a todas as pessoas, não precisando necessariamente de uma escola especializada e sim, no âmbito escolar “comum”, com professores bem preparados para lidar com essa diferença. Incluir é tentar fazer com que haja menos discriminação, é permitir interagir com as mais variadas situações, e com as mais variadas pessoas.

A escola tem uma função essencial e primordial nessa inclusão. Se um ganha, ganham todos. A escola precisa ter uma estrutura boa para isso, e não digo apenas estrutura física, mas sim de profissionais dispostos a lidar com essa diferença. Depois da escola (nível professores e funcionários), os alunos ganham muito com a inclusão. Vivemos em um mundo onde tudo o que é diferente, as pessoas insistem em deixar de lado, isso faz com que o preconceito cresça cada vez mais, então quando você inclui novas pessoas, você permite que, desde a infância, as crianças aprendam a lidar com o novo, com a diferença, e a tratar de forma igualitária, diminuindo assim o preconceito. Para o incluído, ter a possibilidade de conviver com outras crianças, faz com que ele sinta-se cidadão como todos os outros, fazendo com que percebam que há um espaço no mundo para eles. Eles são cidadãos, porém ao se verem incluídos poderão sentir menos essa diferença que muitos insistem em manter.

É necessário lidar com a diferença, mas o grande problema é que no lugar da diferença acaba entrando em cena a desigualdade. O preconceito existe em tudo, mas não deveríamos dizer que é pré conceito e sim pós conceito, pois é algo internalizado, incorporado através de um processo educativo.

Precisamos compreender a realidade. Nem sempre apenas explicar algo é suficiente, pois é necessário compreensão e com isso criar significados. Acredito que o que mais precisamos hoje em dia é isso: compreender para criar significados.

Para uma escola ser inclusiva é necessário um bom projeto pedagógico que abra espaço para a reflexão. Como citei anteriormente, incluir vai muito além de ter rampas ou um ambiente físico adaptado.

“O que todo ser humano tem de igual é que todos são diferentes” (Autor desconhecido).

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Camila M. Fernandes
CRP: 06/109118

Psicóloga Clínica. Formada pela Universidade São Judas Tadeu.
Aprimoramento Clínico na Abordagem Cognitiva pela Universidade São Judas Tadeu.
Atendimento no Tatuapé, Zona Leste de São Paulo-SP
Contatos:
E-mail: psico.camilamartins@gmail.com
Facebook.com/psicocamilafernandes

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A Psicologia no contexto educacional


Por: Renan Gomes Lara

O sistema educacional brasileiro desde a educação infantil ao ensino médio tem demostrado sérios problemas e graves consequências multifatoriais como: crianças fora da escola, violência e marginalização, dificuldade de aprendizagem, grande distorção idade/série e evasão escolar.

Com a reforma do sistema escolar muitos professores estão preocupado com essa “rápida forma de assimilação de conteúdo”, maneira pela qual indagamos: será que os alunos estão realmente apreendendo? Nesse contexto, devemos nos envolver mais com a comunidade na valorização da educação e do principal instrumento difusor do saber: a escola como instituição social de aprendizado.

No constante trabalho com as dificuldades na aprendizagem escolar, alunos são encaminhados pelos profissionais da educação ao consultório psicológico, porém muitos psicólogos tem debatido sobre a sua atuação no sistema educacional público, já que, em contrapartida, há uma grande falta desse profissional na rede de ensino. Embora uma pequena parcela atue em escolas particulares. O objetivo principal da psicologia escolar é promover e contribuir para o desenvolvimento dos alunos, dessa maneira está visível a falta que esse profissional faz junto aos professores e toda equipe pedagógica, a fim de atender essa demanda na educação.

Calvino (1995) identificou seis qualidades ou virtudes que norteiam a existência para o próximo milênio. O autor referiu-se, sobretudo, às qualidades na literatura, mas estas poderiam também ser transferidas para o sistema educacional, buscando uma mudança radical, no sentido de atender às características atuais da população brasileira. São elas: leveza, rapidez, exatidão, visibilidade, multiplicidade e consistência.

Dessa maneira voltamos nosso olhar para a compreensão do sistema de ensino e suas dificuldades de aprendizado. Segundo Silva (2003) a construção do desenvolvimento divide-se em uma constante interação entre natureza (biológico) e cultural (sócio histórico), entre a maturação e aprendizagem. O desenvolvimento é complexo e individual devido aos múltiplos fatores que interferem em sua direção, velocidade e qualidade.

O professor atuará como mediador do aluno para compreender das Dificuldade de Aprendizagem – DA, que não restringem-se apenas a utilização da língua falada e escrita, mas também a inúmeros fatores de habilidades nos quais se incluem deficiências perceptivas, lesão cerebral, disfunção cerebral mínima, dislexia e afasia do desenvolvimento. Não deixando de citar a dislexia, disfasia disgrafia apresentada como Distúrbio de Aprendizado – DA. Os distúrbios trazem grandes consequências para o aprendizado da criança quando esta inicia sua atividade sócio-educacional, porém muitas vezes não conseguem encontrar um respaldo na rede de ensino.

A Psicologia e a Pedagogia devem andar juntas na prática de apoiar os alunos que são rotulados como “problemas” para a escola, contribuindo assim para a melhoria do ensino e aprendizagem. Entretanto é preciso esclarecer, com exatidão, a dimensão política da educação, sermos realistas e críticos, a fim de pensarmos como difusores de conhecimento.

Referências:

CALVINO, I. Seis propostas para o próximo milênio. São Paulo: Companhia das Letras. 1995.

SILVA, A. Mentes Inquietas. São Paulo. Ed. Gente. 2003.

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Renan Gomes Lara

Estagiário em uma ONG não governamental.
Atuou na promoção da saúde com escuta qualificada,
acolhimento e informações aos usuário do
Sistema Único de Saúde – SUS em
Unidade de pronto atendimento – UPA.
Estudante de Psicologia na Faculdade Unigran Capital
em Campo Grande – MS.
Atuou na Caravana da Saúde na cidade de Campo Grande.
Participa de projetos voltados a área da psicologia.
Contatos:
Whatsapp: (67) 99269-9508

E-mail: reenamportales@gmail.com

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A Tecnologia Assistiva como Recurso para a Inclusão Escolar


Por: Susana Joaquim Rodrigues

A Política da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva propõe que o estudante com deficiência, transtorno do espectro autista (TEA) ou altas habilidades/superdotação seja matriculado preferencialmente na rede regular de ensino e orienta os sistemas de ensino a promoverem respostas às necessidades educacionais especiais (NEEs), garantindo, entre outras coisas, o Atendimento Educacional Especializado (AEE), a acessibilidade (urbanística, arquitetônica, nos mobiliários, nos equipamentos, nos transportes, na comunicação e na informação) e a formação dos professores para a inclusão (BRASIL, 2008, p. 8).

O AEE deve ser ofertado nas Salas de Recursos Multifuncionais (SRM) e tem como objetivo complementar ou suplementar a formação dos estudantes. Dentre as atividades realizadas no AEE, a Política indica que devem ser disponibilizados recursos de Tecnologia Assistiva (TA) (BRASIL, 2008, p.10).

De acordo com o Comitê de Ajudas Técnicas – CAT, Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social (BRASIL, 2007).

A utilização da TA no AEE depende das características individuais do estudante, do conhecimento do professor sobre a TA e da disponibilidade das mesmas na SRM.

Desta forma, na perspectiva da Educação Inclusiva tem-se o destaque ao uso da Tecnologia Assitiva (TA) como possibilidade de inclusão no ensino regular de estudantes com Necessidades Educacionais Especiais (NEE), principalmente daqueles com alguma deficiência ou com Transtorno do Espectro Autista (TEA), que apresentam limitações na comunicação e na interação social. A TA deve ser utilizada com os referidos estudantes na sala de aula do ensino comum e, principalmente no AEE.  Bersch afirma que “no contexto educacional inclusivo, a tecnologia assistiva caracteriza-se como um conjunto de recursos que promovem o acesso e a participação dos alunos com deficiência na aprendizagem […]” (BERSCH, 2009, p. 15).

As opções de TA que podem ser utilizadas com estudantes que apresentam algum tipo de NEE são bastante diversas. Incluem desde tecnologias simples que o próprio professor pode confeccionar como pranchas de comunicação e outros mais complexos como recursos de acessibilidade ao computador, softwares mais elaborados, leitores, vocalizadores, controladores eletrônicos de ambientes, etc. Os recursos de TA, desta forma, se diferenciam em recursos de alta e de baixa tecnologia. Os recursos de baixa tecnologia são geralmente definidos como passivos ou fáceis de usar, mais baratos e com poucas partes móveis, como por exemplo: instrumentos customizados para as mãos, adaptações para recursos de escrita, apoio para livros, recursos para facilitar o alcance, talheres adaptados e materiais como velcro, antiderrapantes, fitas adesivas, etc. (MARTINS, 2011, p. 38). Já os recursos de alta tecnologia são geralmente definidos como recursos mais complexos e que apresentam componentes eletrônicos, tais como computadores, vocalizadores, equipamentos para o controle de ambiente, cadeiras de rodas motorizadas, etc. (INGE e GALVIN apud MARTINS, 2011, p. 38).

A TA é essencial na garantia do direito à educação das pessoas com deficiência e/ou Transtorno do Espectro Autista, sendo um fator que contribui e, em muitos casos, possibilita a inclusão escolar. Por isso concordamos com Bersch “que se fazem necessários na escola o conhecimento e a aplicação prática da tecnologia assistiva” (BERSCH, 2009, p. 21).

O conhecimento sobre a TA na escola, vai circular a partir do professor, especialmente, do professor do AEE, o que traz implicações relacionadas à formação desse profissional. É necessário que o professor do AEE tenha sólido conhecimento no que se refere às Tecnologias Assistivas, pois são consideradas de sua atribuição o uso e a confecção das mesmas. Nesse sentido, é importante que as mantenedoras propiciem ao professor atuante nesse espaço a participação em formações específicas. Além disso, é compromisso do próprio professor buscar estar atualizado e capacitado para a execução do seu trabalho. Existem vários cursos, inclusive em plataformas públicas de Educação à Distância que fornecem formações sobre Tecnologias da Informação e da Comunicação de uma forma geral e de Tecnologias Assistivas, mais especificamente.

Somente com o conhecimento do que há disponível e do que pode ser confeccionado o professor poderá realizar a avaliação adequada da necessidade de uso de tecnologia assistiva do estudante com deficiência ou TEA. Com isso, o professor do AEE também poderá auxiliar o professor da classe comum e a família do estudante, pois muitas TA são imprescindíveis nas atividades de vida diária, as chamadas AVD’s e podem ser utilizadas em casa, possibilitando uma maior autonomia e uma melhor qualidade de vida.

Referências:

BERSCH, R. Design de um Serviço de Tecnologia Assistiva em Escolas Públicas. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Escola de Engenharia, Programa de Pós-Graduação em Design, Porto Alegre, BR-RS, 2009.

Disponível em http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/18299/000728187.pdf?sequence=1. Acesso em sete de fevereiro de 2017.

BRASIL. CORDE, Comitê de Ajudas Técnicas. ATA VII. 2007. Disponível em http://portal.mj.gov.br/corde/arquivos/doc/Ata_VII_Reunião_do_Comite_de_Ajudas_Técnicas.doc. Acesso em sete de fevereiro de 2017.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, 2008. Disponível em http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/politica.pdf. Acesso em sete de fevereiro de 2017.

MARTINS, D.S. Design de Recursos e Estratégias em Tecnologia Assistiva para Acessibilidade ao Computador e à Comunicação Alternativa. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Escola de Engenharia, Programa de Pós-Graduação em Design, Porto Alegre, BR-RS, 2011. Disponível em http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/38706/000823437.pdf?sequence=1. Acesso em sete de fevereiro de 2017.

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Colunista:

Susana Joaquim Rodrigues
CRP 07/15823

Psicóloga com atuação clínica, especialista em Educação Especial e Inclusiva,
membro da Sociedade de Psicologia do Rio Grande do Sul.
Contatos:
Telefone: (51) 95396145
Email: susipsique@yahoo.com.br
Facebook: /psicologasusanajoaquimrodrigues
Instagram: @psicologasusanarodrigues

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Avaliação Psicológica e Inclusão Nas Escolas


Por: Kelly Cristina de Oliveira e Michele Aleixo Pazeto Chiquini da Silva

A inclusão de alunos com necessidades especiais no sistema regular de ensino é um assunto bastante discutido, tanto na parte educacional quanto social. Existem leis que garantem o acesso e permanência do aluno com necessidade especial no sistema regular de ensino, contudo há muitas barreiras que impedem que estas políticas de inclusão sejam realmente efetivadas. Neste sentido o presente traz um relato de uma experiência de avaliação psicológica realizada com crianças do ensino fundamental que teve como objetivo a inclusão de alunos com necessidades educativas especiais na Sala de Apoio Pedagógico – SAPE da escola pública regular.

Destina-se inclusão aos alunos com necessidades educacionais especiais e a permanência dos mesmos em classes comuns do sistema de ensino, com o suporte necessário. Requer, portanto, o aprimoramento das instituições para apoio e desenvolvimento destes alunos.

Recentemente realizou-se o processo de avaliação psicológica, solicitado e acompanhado pela secretaria de educação do município, onde participaram alunos da rede previamente encaminhados, com histórico de dificuldades de aprendizagem ou já diagnosticados por outras áreas da saúde. Objetivando melhorias do processo de aprendizagem e definição da rede de apoio necessária ao aluno, principalmente o acompanhamento da sala de atendimento especializado, que busca complementar o ensino por meio de estratégias especificas que auxiliem o aluno à acompanhar a sala regular.

O processo de Avaliação Psicológica foi realizado na modalidade individual, com base na abordagem Psicanalítica. Trata-se de uma prática clínica de investigação, com objetivo de realizar o encaminhamento mais apropriado para a demanda trazida.

Durante este processo foram realizados os seguintes procedimentos: Entrevista de Anamnese realizada em uma sessão com a mãe, com objetivo de investigar toda história da família e da criança desde a gestação até os dias atuais, seu desenvolvimento psicomotor, cognitivo e psicossocial; Aplicação do SNAP-IV – A.B.D.A Questionário Escolar e Familiar – Crianças e Adolescentes (levantamento de indicativos de Transtornos do Déficit de Atenção e Hiperatividade) este questionário é apenas um ponto de partida para levantamento de alguns possíveis sintomas primários do TDAH. Sessão com observação livre da criança, com o objetivo de observar, constatar e verificar os comportamentos mostrados por ele e sua interação com o ambiente. Aplicação do teste psicológico projetivo Casa-Árvore-Pessoa (HTP), com o objetivo de entender os aspectos emocionais do funcionamento da criança e estimular a projeção de elementos da personalidade. Aplicação do teste WISC IV – Escala Wechsler de Inteligência para Crianças, que tem como objetivo avaliar a capacidade intelectual das crianças e o processo de resolução de problemas. Índice de Compreensão Verbal, Índice de Organização Perceptual, Índice de Memória Operacional e Índice de Velocidade de Processamento, além do QI Total. Sessões Devolutivas, com os pais e a escola, realizadas separadamente.

A avaliação psicológica é um processo de grande importância para a compreensão do indivíduo considerando sua singularidade e complexidade, teve a finalidade de identificar as barreias para aprendizagem e o desenvolvimento global do aluno, indicando as intervenções necessárias.

O processo serviu para tomada de decisões do que é preciso para auxiliar o aluno, em diferentes aspectos. Tornou-se uma avaliação inclusiva por permitir identificar não apenas necessidades dos alunos, mas também da família, da escola e dos professores.

O resultado da avaliação permitiu uma visão detalhada de onde o aluno está, como está e onde pode chegar. Definindo quais as estratégias poderão ajudar para que o aluno participe da construção do seu conhecimento, a partir das suas potencialidades e respeitando suas limitações.

Ficou evidente o quanto é importante conhecer e respeitar as particularidades de cada aluno, principalmente para conhecer as barreiras que o impedem de aprender adequadamente e qual o melhor caminho a seguir.            

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Kelly Cristina de Oliveira e
Michele Aleixo Pazeto Chiquini da Silva


Graduadas em Psicologia pela Universidade Paulista de Ribeirão Preto/SP.

Kelly é Pós graduanda Educação Especial e Inclusiva
no Centro universitário de Ribeirão Preto – Barão de Mauá.
Michele é Graduanda em Pedagogia
na Universidade Paulista de Ribeirão Preto/SP.
Contato:
silvaeolivieraclinicadepsicologia@outlook.com.br

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10 coisas que seu filho “normal” aprende na convivência com crianças especiais


Há alguns dias o pessoal do Reab.me publicou este texto da Andrea Werner, do Lagarta Vira Pupa com 10 coisas que seu filho “normal” (e eu ressaltaria: entre mil aspas) vai aprender da convivência com crianças especiais.

A inclusão é um tema que tem tudo a ver com o Psicologia Acessível e nós sabemos a quantidade incontável de benefícios que ela traz para as crianças com algum tipo de deficiência ou limitação – sem dúvidas voltaremos a falar sobre o tema por aqui. Mas o fato é que muitas pessoas ainda não tem total consciência sobre os benefícios da inclusão para as crianças que não apresentam deficiências.

Como a própria Andrea cita em seu texto, muitas famílias, pelo fato de não conviverem com pessoas com deficiências, não tem a noção de todo o aprendizado que elas nos proporcionam, justamente pela falta de conhecimento de causa. O objetivo então é levar essas informações aos pais, que irão orientar seus filhos no sentido de aceitarem a convivência com crianças especiais e saberem lidar (e aprender) com isso.

“São eles [pais] que vão dizer a elas [crianças]: “não fique muito perto do fulaninho porque ele é estranho”. Ou: “que legal esse seu amiguinho novo”! São esses pais que vão formar cidadãos que incluem e aceitam as diferenças ou pessoas preconceituosas.

Então, resolvi listar, aqui, 10 benefícios que uma criança neurotípica (ou, sem deficiências significativas) vai ter por conviver com crianças especiais:

  1. Vai aprender a aceitar melhor qualquer tipo de diferença e vai se tornar uma pessoa menos preconceituosa;

  2. Vai aprender a se colocar no lugar do outro por conviver com um coleguinha que tem dificuldades que ele não possui;

  3. Vai aprender que comunicação vai muito além do falar: é feita de gestos, olhares e até de silêncios;

  4. Vai aprender que pessoas com necessidades especiais não são vítimas: são heróis, porque tornam as outras pessoas melhores;

  5. Vai aprender que a vida vale a pena apesar das dificuldades;

  6. Vai aprender que estamos aqui para ajudar uns aos outros;

  7. Vai aprender a ser flexível: não existe só um jeito de brincar, de desenhar, de ser;

  8. Vai aprender a lidar melhor com suas próprias limitações… e a querer superá-las;

  9. Vai aprender a dar valor às coisas pequenas;

  10. Vai aprender que ele não tem que saber o que fazer o tempo todo, mas que ele pode sempre aprender.”

    Fonte: Lagarta Vira Pupa



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Sobre a autora:

Ane Caroline Janiro – Psicóloga clínica, idealizadora e editora deste blog.
CRP: 06/119556