Eu sou assim: Série estreia com histórias reais e desconstrução de estereótipos


A partir do dia 09 de agosto às 23h estreou no canal GNT a série documental “Eu sou assim”, que traz histórias inspiradoras de crianças e adultos que aprenderam a viver com síndromes e transtornos genéticos, levando uma vida feliz e encontrando maneiras de serem inseridos na sociedade.

Com direção de Calvito Leal e Duda Vaisman e produção da TV Zero, a tração tem 13 episódios, sendo o primeiro sobre autismo.

A proposta da série é mostrar que essas pessoas com essas síndromes e transtornos percebem o mundo de uma maneira particular. Assim, o documentário busca mostrar essa visão através de cenas que as traduzam sensorialmente. A cada episódio o entrevistado, olhando para a câmera, conta a sua história, provocando empatia do espectador. Cada episódio tem dois personagens. O primeiro é uma criança recém diagnosticada e sua família, buscando entender as dúvidas e inseguranças geradas pela descoberta. O outro é uma pessoa adulta com a mesma síndrome genética, mas que já se encontra estabelecida, provando que há caminhos e possibilidades para uma vida harmônica e feliz.

“Eu sou assim” busca um olhar real sobre essas pessoas, desconstruindo estereótipos e preconceitos e mostrando que todos são tão especiais quanto qualquer um de nós.

Saiba mais no vídeo:

Fonte: Deficiente Ciente

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A série “Os 13 Porquês”: indicada ou contraindicada? Uma análise breve de algumas das mensagens transmitidas


Por: Alex Valério

Nas últimas semanas um dos assuntos mais abordados foi a nova série do Netflix: “Os 13 porquês”. Trata-se da história de uma adolescente que cometeu suicídio e que, antes disso, gravou 13 fitas, listando as razões que a fizeram tomar esta decisão. O mais intrigante e envolvente é que cada uma das fitas se destina a uma pessoa que, de alguma maneira, a magoou, contribuindo para que ela se sentisse cada vez pior e, no fim, resolvesse findar com a própria vida.

No geral, a repercussão a respeito da série tem sido gigantesca. Tenho lido diversos textos, alguns escritores se posicionam a favor, já que a depressão é uma doença perigosa e silenciosa. Outros realizam críticas mais severas, apontando-a como inapropriada e perigosa. Este texto não irá tomar partido nem de um lado, nem de outro. Logo, não vou recomendá-la ou condená-la, mas gostaria que pudéssemos expandir um pouco nossos horizontes e refletir criticamente a respeito de alguns aspectos relevantes que são abordados em “Os 13 porquês”. Posso adiantar que, do meu ponto de vista, é inegável que há alguns aspectos problemáticos, mas ao mesmo tempo, também consigo listar alguns que podem ser plausíveis de discussão. Espero, minimamente, alcançar educadores, pais e tantos outros profissionais que lidam com pessoas.

Vamos começar falando sobre a adolescência. Digamos que este é um período um tanto quanto “complicado”. Diversos autores que estudam Psicologia do Desenvolvimento definem esta fase como conflituosa. Normalmente é marcada por diversas cobranças, como: pais cobram boas notas; ambiente escolar exige que você tenha amigos; os amigos esperam que você se relacione “intimamente” com outras pessoas ou que experimente algumas coisas; os adultos esperam que você se comporte educadamente; a mídia espera que você seja bonito (a) e que se vista de determinada maneira, ou ainda, que tenha certo corte de cabelo. E, além de tudo isso, os hormônios estão a mil. O corpo está mudando, se transformando e tudo fica bastante intenso.

Uma das primeiras reflexões que gostaria de listar é justamente o fato de que a série nos faz pensar a respeito das dificuldades pertinentes a esta fase e, também, a importância da participação dos pais, principalmente no que se refere ao monitoramento dos filhos – sabemos que eles não gostam/aceitam, ainda assim, nessa relação a autoridade deve ser dos cuidadores. Normalmente, neste período da vida dos jovens, é comum que os adultos não consigam ter um bom relacionamento com adolescentes. Ouço muitos pais dizerem que os filhos perderam o respeito, que passaram a responder e a contrariar tudo o que dizem.

Pois é, de fato costuma ser mesmo assim. Há alguns estudos, na Psicologia, que revelam que o adolescente tende a se afastar dos mais velhos, sendo comum que passem a se relacionar em grupos, buscando se juntar a pessoas que possuem algum interesse em comum, de modo que seja possível identificar-se com elas. Na série, é possível ver o quanto a garota suicida buscou estabelecer laços de amizade com diferentes pessoas. Na tentativa de se identificar e se ligar a alguém, ela frequentou lugares que não gostaria e tentou se relacionar com pessoas que não simpatizava.

Acredito que todos os que assistiram a série concordariam que, ao longo da trama, a personagem transmite alguns sinais de que algo não está bem. Na vida real estes sinais também costumam aparecer. Já presenciei isso na clínica e tenho colegas que atendem que também já passaram por isso. Normalmente, pessoas que decidem findar com a própria vida acabam deixando transparecer alguns sinais, geralmente é a forma que encontram para pedir socorro.

As pessoas que lidam com crianças e adolescentes – pais, cuidadores, educadores etc – precisam estar atentos a comportamentos que levantem suspeitas. Como já dito, é comum que adolescentes se distanciem dos adultos e passem algum tempo sozinhos. Entretanto, o isolamento completo pode indicar um sinal de que algo não caminha bem. Se isso está acontecendo, interprete como um primeiro sinal de alerta. Não se trata, necessariamente, de alguém que irá cometer suicídio ou que está sofrendo de depressão, mas pode ser um indicativo de que algo pode não estar bem.

Outro aspecto que é abordado em “Os 13 Porquês” é bullying. Aliás, é muito comum ouvir comentários de pessoas que julgam que há algum exagero nessa história de bullying. Já ouvi muitas pessoas falarem que o mundo ficou chato, que já não se pode mais brincar. Entendam, apesar da “chatice” que alguns julgam, para pessoas que sofreram – ou ainda sofrem – com brincadeiras maldosas, não há nada de chato. Só quem já foi motivo de riso, por ser diferente – muitas vezes fisicamente – da maior parte das pessoas, sabe o quanto é bom ter um mundo “um pouco mais chato”. Mas, sem criar polêmica, espero que todos sejam capazes de concordar que, esse tipo de conduta, pode gerar prejuízos significativos à todos os que vivenciam situações como essas.

Cabe, aqui, um exercício de empatia. Para você, uma brincadeira pode ser algo normal e não ter sentido pejorativo, mas se coloque no lugar daquela pessoa e considere o quanto pode não ser legal falarem do seu peso, da sua orientação sexual ou das suas atividades sexuais.

Observar e intervir diante de situações em que o bullying está sendo cometido é complexo, entretanto, é algo que requer a nossa atenção e, inclusive, também exige alguma capacidade de empatia. A discussão a respeito disso tem se tornado cada vez mais ampla, ainda assim, infelizmente ainda há algumas pessoas que julgam como exageros desnecessários. Triste é quando esse tipo de pensamento é compartilhado por colegas que se relacionam diretamente com a educação. Aos profissionais que atuam no contexto escolar, é importante estarem atentos e prontos para intervir.

Por enquanto explicitei apenas as reflexões importantes que “Os 13 Porquês” nos deixou. Vamos, agora, abordar alguns possíveis problemas que possam ser decorrentes da série. Antes de tudo, particularmente falando, não me pareceu, em nenhum momento, que a série tinha como pauta central a depressão ou o bullying. Na minha opinião, o foco principal está em algo chamado de vingança. Claro, gira em torno do suicídio e, ao falar sobre vingança, não estou diminuindo ou negando o sofrimento que a personagem sentiu ao passar por tantos episódios de frustração. Entretanto, há muita mágoa. O desejo de deixar uma fita para alguém, alegando que esta pessoa foi um dos motivos pelo qual houve uma morte, me parece perverso.

Confesso que fico preocupado com o aspecto “romantizado” que deram ao suicídio. E, olhando por este ângulo, concordo quando alguns autores têm dito que a série possa ser uma espécie de “gatilho”, já que o suicídio parece ser uma alternativa convidativa para acabar com um sofrimento gigantesco que se tem carregado nos ombros. Apesar disso, em alguns momentos, a personagem suicida discorre sobre o quanto gostaria de ter ouvido algumas coisas e, também, do quanto gostaria de ter sido ajudada. Em algum grau, isso até pode motivar pessoas que experimentam sentimentos semelhantes. Mas é claro que, ao mesmo tempo em que isso pode acontecer, outras pessoas podem se prender no fato de que todas as tentativas da personagem se frustram e, nesse sentido, podem passar a acreditar que não há nada capaz de causar alguma mudança do sofrimento atual.

A despeito de toda discussão, é válido frisar que as pessoas são diferentes, possuem uma história de vida diferente. É possível que para alguns o suicídio se apresente como uma solução (eis aqui o problema do gatilho). Para outros, porém, pode ser uma forma de ver que a ajuda é possível e que a morte em si, pode causar consequências a outras pessoas, gerando sofrimento em quem não merece sofrer. Não há garantias de exclusividades dos prejuízos e, tampouco, dos ganhos – embora eu concorde que, só o fato de que algo indica um risco para um sentido, algum alerta precisa ser feito. De qualquer forma é relativo. Tudo pode ser e, ao mesmo tempo, pode não ser.

Ouvi comentários de amigos, colegas, pessoas no metrô etc. No geral, muitas pessoas ficaram impressionadas com o quanto as pequenas coisas para uns, podem ser grandes para outros. Além disso, mais de uma vez ouvi comentários em que confessavam que, algumas vezes, falhas são cometidas sem que seja percebido.

Eu diria que “Os 13 porquês” tentou abordar diversos aspectos problemáticos em nossa sociedade, porém, ao tentar falar sobre tudo, algumas mensagens ficam superficiais e, com isso, não chegam a alcançar todos os espectadores. Algo que penso ser imprescindível abordarmos é que, tratando-se de uma série realizada pela indústria do cinema, há influências do sistema político que domina o mundo: o capitalismo.

Os tele-espectadores mais críticos perceberam facilmente o mistério constante que se criou a respeito da fita do Clay (um dos personagens da série). Espero que todos concordem que não há motivos para o garoto estar ali. Alguns dirão que ele não ajudou a garota suicida, que se omitiu. Aos que acharem isso, sejam empáticos, por favor. Era o jeito do rapaz, ele não deixou de fazer porque quis, mas não fez por não conseguir. Mas, voltemos ao capitalismo. Há um suspense demasiado a respeito das personagens a quem cada episódio se refere e, principalmente no caso do Clay, em vários momentos citam a fita dele como se fosse uma das mais graves, o que não se confirma.

Por fim, todos esses aspectos foram apresentados para que pudéssemos pensar considerando uma série de possibilidades e, também, pontos de vistas que, em alguns momentos, se contrapõem. Uma vez que a série está aí e dividindo opiniões, vamos tentar discutir a partir de algo que pode ser válido para nossa prática. Aos leitores que assistiram e ficaram muito impressionados, não pensem que a intenção dos criadores é unicamente alertar o mundo sobre os riscos da depressão, do bullying etc, eles (também) querem vender.

Este texto também foi publicado em: Educa2.

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Colunista:

Alex Valério
CRP: 06/134435

Especializando em Terapia Comportamental pela
Universidade de São Paulo.
Psicólogo pela Universidade Nove de Julho.
Tem experiência com projetos que envolveram
pesquisa básica em análise do comportamento
(desamparo aprendido e comportamento supersticioso),
ações sociais com o público LGBT e pesquisa quantitativa
com familiares de mulheres que estavam encarceradas.
Realiza atendimento clínico de crianças, adolescentes e adultos.
Escreve para o próprio blog e, também, para o Educa2.
Atende em São Paulo (Região Central) e no Grande ABC.
Contato: 
alex@minutoterapia.com
Facebook.com/ominutoterapia

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13 Reasons Why: considerações sobre o suicídio


Por: Ariana Ribeiro Gomes

Pode-se dizer que a produção “13 Reasons Why” da Netflix, baseada no romance de Jay Asher, é uma das séries do momento. Mas parece-nos que o fato de ser alvo de muitos debates nos diz que não se trata de mais um produção que virou moda entre adolescentes e jovens.

Por que não? Vamos partir do resumo apresentado pela Netflix: “após o suicídio de uma adolescente, um colega de turma encontra fitas que revelam os misteriosos motivos de sua decisão.” Um breve texto que, a princípio, poderia não despertar muita curiosidade. Mas nos detenhamos a dois pontos: “suicídio” e “misteriosos motivos”.

O suicídio não é um tema abordado na sociedade em que vivemos. Isto pode ser considerado algo grave, já que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 800 mil pessoas entre 15 e 29 anos morrem, por ano, em decorrência de suicídio.

O fato de ser um tema tão pouco falado contribui para que as pessoas achem que o ato de retirar a própria vida é misterioso, ou seja, enigmático, inexplicável. E quando as pessoas tentam explicá-lo, normalmente, constroem ideias erradas, como: quem quer se matar é fraco, quem quer se matar é corajoso, quem quer se matar quer chamar atenção etc.

Entendemos que para quem se dispõe a assistir a série há um movimento que busca alguma coisa parecida com a compreensão sobre um tema que tanto nos angustia – não seria por isto que procuramos negá-lo, jogando-o para fora de nossos diálogos cotidianos?

Mas, por outro lado, assistir a série também pode ser um indício de que muitos de nós sabem sim dos motivos que levam a querer dar fim à própria vida. Sabem a partir de sua própria vivência, de suas próprias dores.

Portanto, não podemos entender que se trata apenas de uma série da moda, deixando de aproveitar relevantes discussões – inclusive as que criticam negativamente pontos apresentados na produção.

Sobre as críticas negativas, muitas tem como base as indicações sobre a abordagem que o tema “suicídio” deve ter na mídia – apontadas, por exemplo, pela Associação Brasileira de Psiquiatria.
Dentre essas indicações, podemos citar: evitar transmitir uma “teoria” sobre o suicídio que possa colocar a culpa em algo ou alguém; não fornecer detalhes do método letal nem fotos.

Os cuidados com relação à divulgação de casos de suicídio relacionam-se ao chamado “Efeito Werther”, usado na literatura médica para designar a imitação de suicídios. A divulgação deve sempre estar associada à oportunidade para conscientizar a população sobre a prevenção do suicídio, ou seja, que é um ato frequente, porém, possível de ser evitado.

Apesar da série extrapolar tais indicações, parece-nos que contribui para desmistificar a ideia de mistério em torno do suicídio, pois mostra que não se trata de um ato que acontece por acaso, não se relaciona com força ou fraqueza, também não se trata de um ato simples, que acontece por um único motivo.

É importante frisar que a existência de um transtorno mental é um fator forte de risco para suicídio. Sendo os transtornos de humor, como a depressão, os que mais relacionam-se ao comportamento suicida.

Também é fundamental dizer que a experiência de cada sujeito é sempre única. É preciso que aprendamos a não menosprezar a reação de alguém diante de determinadas situações. Por mais que não entendamos, o sofrimento do outro é sempre real, e merece respeito.

Por fim, vale lembrarmos: no suicídio não se quer o fim da vida, mas o fim de um sofrimento. A pessoa, por diversos motivos, não conseguiu encontrar uma forma para acabar com seu sofrimento que não fosse o encerramento da própria vida. Mas é possível uma outra saída! Procure ajuda, principalmente especializada.

Referência:

Comportamento Suicida: Conhecer para prevenir. Dirigido para profissionais de Imprensa. Associação Brasileira de Psiquiatria: http://www.abpbrasil.org.br/sala_imprensa/manual/ 

Imagem capa: Pinterest

Ariana Ribeiro Gomes
CRP: 05/45263

Psicóloga, Formada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro/UERJ.
Atende em Rio de Janeiro/RJ.
Observações: Projeto Multiplica Psi, Acompanhante Terapêutica na inclusão escolar de autistas, psicóloga clínica, mestranda em Psicanálise e Políticas Públicas.
Contatos:
arianaribeiro.psi@gmail.com
Facebook.com/multiplicapsi

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13 Reasons Why: assistir ou não à série?


Por: Camila M. Fernandes

Escolhi a Série 13 Reasons Why como tema para este texto, pois muitos tem assistido e comentado, inclusive pacientes meus e achei que deveria dar uma chance e também assistir para ver como seria.

A série realmente é muito impactante, em muitos detalhes.

Antes que alguém me pergunte se acredito que a série ajuda ou prejudicam as pessoas, sinto dizer que não consegui formar uma opinião sobre, posso estar errada por não querer mostrar um ponto de vista, mas questionarmos a inúmeros profissionais, cada um poderá ter uma visão diferente.

Por um lado acredito nas estatísticas que dizem que muitos ligaram para o 141 (telefone do Centro de Valorização da Vida) pedindo ajuda, ou que muitos podem ter pedido socorro a seus familiares e buscado profissionais para o ajudarem, mas quantos outros não viram a série como o “empurrãozinho” que queriam para cometer o suicídio? Acho que talvez nunca saberemos a estatística correta de ambos os lados e é por conta disso que realmente não sei se a série ajudou ou prejudicou, ou até mesmo os dois, quem saberá?

A série peca e muito com relação ao que a Organização Mundial da Saúde solicita. Existe um documento chamado PREVENÇÃO DO SUICÍDIO: UM MANUAL PARA PROFISSIONAIS DE MÍDIA, e com base desse manual, a série não poderia informar detalhes do método que foi utilizado para o suicídio e nem atribuir culpados pelo ocorrido. Podem até alegar que quiseram mostrar a realidade, mas essa realidade deveria estar de acordo com a OMS em busca da prevenção de novos casos. Todos os canais de mídia que querem falar sobre temas tão importantes como esse, precisam ter cuidado, pois podem, ao invés de ajudar como pretendem, levar muitos a cometerem o suicídio. A minha maior crítica a série é essa, pois quiseram romantizar o suicídio.

Para quem não sabe, o suicídio é a segunda maior causa de morte entre jovens e adultos no país, então falar sobre o tema requer muito cuidado.

Agora falarei sobre alguns pontos que considero positivos. Acho bacana mostrarem como o Bullying pode afetar e muito a vida das pessoas, pequenos gestos que para muitos não significam nada, podem mudar a vida de muitos. E infelizmente escolas não estão preparadas para lidar com isso, canso de ouvir por aí coisas como “ah bullying é frescura, na minha época tinha isso e ninguém se matava”, mas as pessoas esquecem que os tempos são outros, a fala hoje em dia é mais forte e mais voraz do que há anos atrás. Então, mostrar que pequenos gestos podem e são sentidos de forma séria por alguém é importante.

A série também me ajudou a perceber que escolas não estão preparadas para isso, pois nem sempre professores, e até mesmo conselheiros, conseguem prestar atenção a pequenos detalhes soltos por aí. Mas aqui vai uma ressalva a respeito do conselheiro: da forma como a série mostra, parece que ele é o responsável pelo suicídio dela, só porque o seu pedido de ajuda foi ineficaz. Não deveria ser mostrado que o único desfecho lógico seria o suicídio.

Acho que duvidamos tanto que o suicídio é sim uma das maiores causas de morte, que parece que só vai acontecer distante, e não ali, perto de você. Continuamos a fazer pequenas brincadeiras, achando que não é nada, ou que é impossível magoar alguém a esse ponto.

Ao final da série, um dos personagens diz que “precisamos melhorar o modo como nos tratamos e cuidamos um do outro” e acredito que realmente isso é um vácuo muito grande no mundo atual. Somos tão egoístas que olhamos apenas para nós, não olhamos para o outro e ainda prejudicamos outros por acharmos que somos melhores.

Voltando ao que mencionei no começo, não acho adequado a série querer mostrar e culpabilizar pessoas, mas ao mesmo tempo, me fez refletir quantas vezes estamos magoando alguém, ferindo alguém com pequenas atitudes e não nos damos conta? Precisamos rever nossos pontos de vista e nosso cuidado com o próximo.

Acho que temas como o suicídio são importantes, devem ser comentados e falados, porém é necessário um cuidado muito grande para não propagar uma ideia errada. Enquanto os meios de comunicação, e até nós, profissionais da saúde não mostrarmos a importância de pedir ajuda nesses casos ou mostrarmos para o mundo que há formas melhores de tratar o outro, ao invés de falar que “terapia é coisa para louco”, talvez a ajuda seria mais efetiva.

Não deixe que frases como a citada acima prejudique sua busca por ter um bom profissional. Infelizmente nem sempre a ajuda virá de alguém próximo, mas não desista, saiba que sempre haverá profissionais, e lugares como o Centro de Valorização da Vida (Disque 144) a disposição para ajudar no que for preciso.

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Colunista:

Camila M. Fernandes
CRP: 06/109118

Psicóloga Clínica. Formada pela Universidade São Judas Tadeu.
Aprimoramento Clínico na Abordagem Cognitiva pela Universidade São Judas Tadeu.
Atendimento no Tatuapé, Zona Leste de São Paulo-SP
Contatos:
E-mail: psico.camilamartins@gmail.com
Facebook.com/psicocamilafernandes

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Alerta ao suicídio! De “13 Reasons Why” ao jogo da “Baleia Azul”


Por: Amanda Santos de Oliveira 

Provavelmente você já ouviu falar por aí nesses últimos dias algo sobre algum desses títulos acima. Pois uma série chamada “13 Reasons Why” e um jogo chamado de “Baleia Azul” tem trazido grande alerta, principalmente para os pais de adolescentes, pelo risco ao suicídio nesta faixa etária. Portanto, discutiremos abaixo o que esta série e este jogo nos ensinam e quais os principais pontos que devem ter nossa atenção.

Ainda, falaremos sobre o essencial: o suicídio. Levando em consideração a complexidade da temática, é necessário entender como é importante estar atento aos sinais e oferecer ajuda, apoio e atenção aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

A série: “13 Reasons Why”

A série, original do Netflix, tem tomado conta das redes sociais e trouxe à discussão alguns pontos muito importantes. A história se trata de uma adolescente, Hannah Baker, que ao cometer suicídio, prepara uma série de fitas com os treze motivos que a levaram a tirar a própria vida. Hannah é uma adolescente de classe média nos EUA que, aparentemente, teria uma vida tranquila e “normal”.

Durante as fitas que foram entregues às pessoas que faziam parte do conteúdo delas, a história de Hannah espanta a muitos, não só pelos acontecimentos revelados pela adolescente, mas por trazer a atenção para importância que cada um tem nas relações que mantém. Portanto, é um grande alerta às relações interpessoais de forma geral, pois demonstra a responsabilidade que cada um deve ter ao interagir com uma pessoa, afinal, nem sempre somos tão empáticos com a dor do outro.

Mas a série possui seus pontos de alerta. Afinal, por se tratar de uma carta suicida não convencional, ela contém a opinião de uma pessoa que já cometeu suicídio. Portanto, uma pessoa que não encontrou ajuda e não via outra saída para acabar com a sua dor. Este é um ponto que merece extremo cuidado, pois pode representar um gatilho para aqueles que estão passando pela mesma situação ou por situação similar da adolescente. A série não mostra meios eficazes para se pedir ajuda e acaba por não trazer opções para aquele telespectador que pode estar pedindo socorro.

Atenção! Se seus filhos ou você mesmo estão assistindo à série ela deve ser oportunidade para o diálogo. Discuta sobre os assuntos tratados na história e procure ajuda, se necessário. Apesar do conteúdo importante, a história acaba por apresentar um sentido negativo sobre manter a vida em um contexto de estresse agudo, o que merece muito cuidado. O lançamento da série teve um impacto significativo nos pedidos de ajuda. Segundo o site da UAI[1], o Centro de Valorização à Vida (CVV), associação civil nacional sem fins lucrativos voltada à prevenção de suicídios, já houve um aumento de 100% de atendimentos desde o lançamento da série que foi ao ar no dia 31 de março. No entanto, apesar de não haverem estudos para o mesmo, encontram-se cada vez mais notícias de casos de suicídio por todo país. Ainda não se sabe se este aumento se trata da ênfase em tais notícias, devido à discussão em alta da temática ou se estamos passando por um aumento real nas estatísticas.

Para mais informações referentes ao CVV, este é um contato para quem precisa de ajuda e precisa combater ideias suicidas. O Centro de Valorização à Vida é a referência no país e oferece apoio 24 horas gratuito e sigiloso por telefone (Disque 141).

O jogo “Baleia Azul”

Este é um jogo de origem russa que chegou ao Brasil e tem assustado pais e professores no Brasil todo. O jogo acontece por meio das redes sociais a partir da presença de um moderador que distribui desafios pelas próprias redes sociais. São cinquenta desafios propostos e todos eles têm uma característica violenta, como fazer desenhos com navalha no próprio corpo, cortar o próprio lábio, escrever o nome do grupo com faca na mão, dentre outros. O desafio final é tirar a vida e assim que o jogo é iniciado não é mais permitido sair e os administradores tomam conta das ameaças àqueles que se mostram desistentes.

Segundo o site Estadão[2] o grupo suspeito de ser o criador do jogo na Europa, vem sendo investigado pela possível indução de mais de 130 suicídios em 2015. O jogo que chegou ao Brasil traz muito alerta e preocupação. No país, já foram divulgadas as mortes de uma jovem de 16 anos no Mato Grosso, um rapaz de 19 anos em Minas Gerais e existem ainda investigações sobre outras mortes na Paraíba e no Rio de Janeiro. O jogo se popularizou no Brasil e tem causado danos enormes por onde passa.

Pela sua rápida expansão em nosso país, ainda não existem muitos dados referentes ao jogo. No entanto, já sabemos aonde ele começa e que tipos de desafios são repassados. Por tanto, muita atenção às atividades dos seus filhos nas redes sociais e marcas que possam aparecer em seu corpo. Segundo o Estadão, o jogador que desistir e efetivamente sofrer ameaças está completamente coberto pela lei. Afinal, o artigo 147 do Código Penal tem como punição àqueles que ameaçam detenção de um a seis meses. Além disso, aquele que instiga o suicídio também responderá pelo artigo 122 do Código Penal com pena prevista de reclusão de dois a seis anos.

Muita atenção! O suicídio merece!

O que tudo isso nos mostra é: não damos a atenção necessária ao suicídio. Segundo dados de 2012 da agência da ONU[3], morrem mais de 800 mil pessoas por suicídio por ano no mundo. Além disso, o suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. Mais assustador ainda é pensar que, conforme mostram os dados, existe uma morte por suicídio no mundo a cada 40 segundos.

Segundo a OPAS/OMS, os suicídios podem sim ser evitados. Entre as medidas de prevenção estão à redução de acesso aos meios utilizados para os atos de suicídio, a identificação precoce, tratamento e cuidados de pessoas com transtornos mentais ou estresse emocional agudo, entre outras.

Mas, você sabe dos problemas que seu filho está vivendo? Você sabe se ele tem sofrido bullying na escola? Você acompanha as mudanças de comportamento bruscas, baixa de rendimento escolar ou quaisquer outros pontos considerados estranhos a você? É preciso participar! A maior prevenção é a empatia e a atenção ao sofrimento daqueles que estão perto de você. Não cabe a nós julgar o sofrimento do outro como maior ou menor, mas se atentar a ele. Ouça, apoie, ofereça segurança e carinho. Estes são os principais meios de prevenção e essa é a verdadeira valorização à vida.

Referências:

[1] Pedidos de ajuda por depressão aumentam no Brasil após ’13 Reasons Why’, diz órgão. UAI; TV e Cinema. Disponível em: <http://virgula.uol.com.br/tvecinema/pedidos-de-ajuda-por-depressao-aumentam-no-brasil-apos-13-reasons-why-diz-orgao/&gt;. Acesso em 18 de abril de 2017.

[2] O jogo mortal e criminoso: Baleia Azul. Fausto Macedo, Estadão. Disponível em: <http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/o-jogo-mortal-e-criminoso-baleia-azul/&gt;. Acesso em 18 de abril de 2017.

[3] OMS: suicídio é responsável por uma morte a cada 40 segundos no mundo. Portal das Nações Unidas do Brasil, ONUBR. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/oms-suicidio-e-responsavel-por-uma-morte-a-cada-40-segundos-no-mundo/&gt;. Acesso em 18 de abril de 2017.

Imagem capa: Pinterest

Colunista:

Amanda Santos de Oliveira
CRP 04/43829

Psicóloga Graduada pela PUC Minas, atuante na área clínica em Belo Horizonte, oferecendo psicoterapia individual para adultos
Contatos:
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Refletindo sobre a série: 13 Reasons Why


Por: Andressa de Oliveira Cesa

Quantas vezes você já viu algum conhecido/amigo na rua e passou rapidamente perguntando: “oi, tudo bem?” sem ao menos querer saber de verdade se está tudo bem ou não? Ou melhor, quantas frases feitas você diz no seu dia a dia, que são apenas indícios de contato?

Muitas, eu respondo. Porque não é só você que diariamente faz isso, todos nós, seja em grande ou pequena quantidade fazemos. O problema é quando esse formato de boa convivência não se aprofunda e se torna apenas cenas automáticas, uma atrás da outra.

Isso, ao meu ver, é o que acontece com a personagem principal, Hanna Baker, da série 13 Reasons Why, que ultimamente está sendo tão comentada. E sinceramente, porque não estaria? A série traz temas bastante relevantes, como machismo, homofobia, auto aceitação, autoestima, e principalmente, suicídio, o tema central da série.

A história é contada pela própria Hanna, de forma forte e crua sobre a realidade de uma garota que se afunda dia após dia em seu desespero ao ponto de cometer suicídio. Essa história, pode estar sendo vivenciada por milhares de adolescentes hoje. E a diferença entre encontrar seu filho ou seu amigo vivo sentado na frente do computador, ou inconsciente em algum lugar da casa é: DIÁLOGO.

Diálogo este que aconteceu várias vezes apenas no pensamento de Hanna, fazendo-a se sentir em gotas homeopáticas, cada vez mais impotente, confusa, morta.

Por isso pais, irmãos, amigos: abra a porta e deixe ela sempre aberta para a possibilidade de dialogar. Converse com seus familiares, amigos, professores, colegas e com um psicólogo também. Seja qual for a sua dificuldade, um psicólogo pode te ajudar, e quanto mais cedo você entender isso, melhor para você.

Investir em um processo de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal é uma ESCOLHA de autocuidado. Fazer psicoterapia de uma vez por todas não é atestado de loucura, MUITO PELO CONTRÁRIO. Fazer psicoterapia é um investimento exclusivo em você. É uma oportunidade para se permitir crescer, criar autossuporte e dizer: agora eu estou no comando.

Imagem capa: Link

Andressa de Oliveira Cesa
CRP 12/11696

Psicóloga, atua em Psicoterapia com foco em adolescentes e adultos para gerenciar conflitos de forma saudável, trilhando seu caminho rumo a maturidade emocional.
Além de atuar no processo de escolha profissional do adolescente ou vestibulando,
assim como do jovem que está em dúvida do seu futuro profissional,
ou na escolha de uma nova carreira.
Formada pela Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI em Itajaí/ SC.
Contato:
andressacesa@gmail.com
Facebook.com/espacohumanity

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