O psicólogo atuando no processo de reabilitação cognitiva de pacientes


Por: Renan Gomes Lara

Para podermos entender o significado de “reabilitação cognitiva”, precisamos entender o significado dessas duas palavras. Reabilitar tem o significado de habilitar novamente, o termo Cognitivo ou cognitiva possui referência às funções psicológicas que envolvem a nossa cognição.

A reabilitação nasceu após a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais de modo a auxiliar um grande número de soldados vítimas da guerra, com isso os cientistas empregaram tempo e esforços, afim de estudar e avaliar os diferentes tipos de lesões cerebrais ocasionadas, e como elas poderiam afetar negativamente o comportamento humano.

Devido aos estudiosos obtivemos descobertas fantásticas, sabemos que o cérebro possui uma plasticidade, ou seja, ele possui a capacidade de aprender comportamentos perdidos em decorrência de um acidente, vítimas de violência entre outros. E também que os neurônios e sinapses conseguem suprir a necessidade de outras partes e funções perdidas em determinada área cerebral. Nessa dinâmica de conhecimento surge a Neuropsicologia, uma ciência relativamente nova, pois trata-se de uma ramificação da psicologia.

Compreendemos que há diferenças entre reabilitação cognitiva e reabilitação neuropsicológica, porém ambas contribuem na melhora do paciente. A cognitiva visa proporcionar ao paciente e seus familiares o manejo e contorno, de modo a tentar superar a deficiência instalada, resultado da lesão neurológica. Procura focar nas funções cognitivas através de treinos.
A neuropsicológica possui maior abrangência, procura tratar os déficits cognitivos, com o objetivo de causa comportamental, emocional e auxiliar na melhora do paciente e sua qualidade de vida (PONTES; HÜBNER, 2008).

Segundo os autores supracitados a reabilitação cognitiva pode ser entendida como um componente da reabilitação neuropsicológica, possui características na psicoterapia, propõe um ambiente terapêutico, busca auxiliar na autonomia do indivíduo, manejo com os familiares, porém não se resume à mera aplicação de técnicas comportamentais. Ela possibilita uma compreensão global do paciente e de suas queixas.

As funções cognitivas as quais podemos identificar fortemente mais afetadas por lesões são, geralmente: a memória de trabalho, a aprendizagem e memória visual, a cognição social, a atenção sustentada, a aprendizagem e memória verbal e as funções executivas.

Nas intervenções, o profissional deverá trabalhar com a compensação, a fim de criar estratégias para assim poder desenvolver atividades/procedimentos com o objetivo de produzirem comportamentos similares de forma consciente e automática. Nesse âmbito o profissional da psicologia poderá selecionar os procedimentos mais adequados para o cliente, de acordo com a lesão e todo seu histórico e particularidades.

Referência:

PONTES, L. M. M; HÜBNER, M. M. C. A reabilitação neuropsicológica sob a ótica da psicologia comportamental. Rev. Psiq. Clín 35(1); 6 – 12, 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-60832008000100002&script=sci_arttext Acesso em: 24 de Março de 2017.

Imagem capa: Pinterest

Colunista:

Renan Gomes Lara

Estagiário em uma ONG não governamental.
Atuou na promoção da saúde com escuta qualificada,
acolhimento e informações aos usuário do
Sistema Único de Saúde – SUS em
Unidade de pronto atendimento – UPA.
Estudante de Psicologia na Faculdade Unigran Capital
em Campo Grande – MS.
Atuou na Caravana da Saúde na cidade de Campo Grande.
Participa de projetos voltados a área da psicologia.
Contatos:
Whatsapp: (67) 99269-9508

E-mail: reenamportales@gmail.com

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Ter medo da mudança é normal! Ufa, que alívio!


Por: Jackeline Leal

Tem sido muito falado por aí, e também é bastante perceptível, o quanto o mundo está mudando. Junto com esta mudança, surge uma exigência quase que “implícita” da sociedade que você viva a mudança da forma mais natural e tranquila possível.

Atualmente existem dois tipos de pessoas no mundo: as resilientes, que conseguem esse feito e as resistentes que não acompanham os avanços da modernidade.

Para que seja ainda mais interessante, geralmente ouvimos que “Aqueles que não acompanham as mudanças acabam sendo atropelados por ela ou deixados para trás”.

Essa afirmação seria muito simples se de fato, ser ou não ser resiliente ou aberto às mudanças fosse algo mágico como: ou você nasce assim, ou está fadado ao fracasso. Ainda bem que na verdade as coisas não são bem assim.

O cérebro humano tem sido construído evolutivamente a milhares de anos e hoje é conhecido por ser programado para agir ou reagir frente a situações novas e inesperadas, de maneira ativa e em algumas situações “agressiva”, caso seja necessário. Mas como isso funciona?

O primeiro passo é começar desmistificando o “senso comum” com a ideia de que resistir à mudança é algo exclusivamente ruim. Consta em nossa história genética cerebral, que este tipo de reação instintiva, por muitas vezes, foi responsável por ainda estarmos vivos. O nosso cérebro evoluiu em milhares de anos até chegar ao conceito atual de Cérebro Trino.

Para o neurocientista Paul Mclean e sua teoria do Cérebro Trino, os humanos ou primatas possuem o cérebro dividido em três partes:

1. Cérebro Reptiliano ou basal: é formado pela medula espinhal e tem apenas a capacidade de promover reflexos simples. É conhecido como cérebro instintivo e tem como característica marcante a sobrevivência, sendo responsável pelas emoções primárias como fome, sede, medo entre outras.

2. Cérebro Límbico ou dos mamíferos inferiores: também conhecido como cérebro emocional, é o segundo nível funcional do sistema nervoso e conta com, além da medula espinhal, os núcleos da base do telencéfalo, responsáveis pela motricidade grosseira.

Cientificamente formados pelo Diencéfalo (tálamo, hipotálamo, epitálamo), pelo Giro do Cíngulo e pelo hipocampo e parahipocampo, estes últimos são responsáveis pelo sistema Límbico que controla o comportamento emocional dos indivíduos.

3. Cérebro Neocórtex: também conhecido como cérebro racional é composto pelo córtex telencefálico e é dividido em lóbulos (frontal, parietal, temporal, occipital e insular). Este cérebro é o que diferencia o ser humano dos demais, pois ele é capaz de analisar e tomar decisões racionais, desenvolver o pensamento abstrato e capacidade para gerar invenções.

Após compreendermos a evolução do nosso cérebro, é possível entender melhor o motivo pelo qual reagimos de forma tão inesperada em algumas situações e de forma tão racional em outras.

E como podemos conectar as nossas reações ao tema mudança? Simples. Para que haja uma mudança ou transformação pressupõe-se uma alteração de estado, modelo ou situação anterior para um estado, modelo ou situação futura por razões inesperadas ou incontroláveis, mas também por razões planejadas e premeditadas, segundo o Wikipédia.

Sendo assim, quando a mudança acontece sem que tenhamos anteriormente tomado consciência da sua existência ou até mesmo da sua necessidade, ela nos pega de surpresa e aciona em nós o cérebro reptiliano que tem como premissa nos proteger de qualquer perigo que ameace a nossa sobrevivência.

Portanto, as reações em primeiro momento, mesmo que demasiadas reativais, são consideradas normais e necessárias, pois a luta que estão travando é em prol da nossa sobrevivência e segurança enquanto espécie.

À medida que vamos tomando consciência dos fatos e permitindo que eles sejam julgados e processados por nosso cérebro mais evoluído, aí sim, é necessário que tenhamos repertório emocional e racional para construirmos novas ações e comportamentos baseados no novo que não pode ser nunca desprezado, pois as mudanças são necessárias.

Acontece que estamos vivemos em um mundo onde aprender a controlar instintos e emoções têm se tornado algo bom e quanto menos nos expressamos mais somos valorizados na carreira e na vida pessoal. E isso tem sido confundido com ter habilidades em Inteligência Emocional.

Este é exatamente o erro o qual precisamos evitar. Em nenhum momento, Daniel Goleman, o grande nome quando estudamos Inteligência Emocional, nos diz nada neste sentido.

Para Goleman, a Inteligência Emocional é um conceito da psicologia que descreve a capacidade de reconhecer os próprios sentimentos e os dos outros assim como ter habilidade para geri-los dentro de nós e nos nossos relacionamentos. E isso não condiz com maquiar aquilo que se sente!

Portanto, hoje o meu convite a todos os leitores é para que não tenham vergonha ou medo dos sentimentos que as mudanças possam ativar em vocês. Mas que busquem expandir o conhecimento que cada um tem de si mesmo, do por que as emoções que têm vivenciado lhes causam medos, ansiedades e/ou reações muitas vezes incontroláveis, para que seja possível através da autoconsciência saber quando essas reações ajudam e quando elas limitam em alcançar seus objetivos pessoais e profissionais.

Fora isso, não aceite a insipiência como verdade. Esse é um convite para o autoconhecimento e melhor utilização das suas emoções.

Imagem: Pinterest

Jackeline Leal
CRP 16/1585

Psicóloga Clínica, Pós Graduanda em Psicodrama pelo IDH/RS,
Formada pela FAESA/ES, atende em Vitória/ES.
Jackeline também é Coach de Carreira e Negócios e conta com
mais de 10 anos de experiência em desenvolvimento de pessoas.
Contatos:
E-mail: contato@jackelineleal.com.br 

Facebook.com/jacklealpsicoach
www.jackelineleal.com.br

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Como o carinho auxilia no desenvolvimento cerebral das crianças


O carinho e o contato físico são fundamentais para o pleno desenvolvimento cerebral das crianças, afirma o neuropsicólogo espanhol Álvaro Bilbao, que se dedica a ajudar pessoas com danos cerebrais a melhorar a memória e outras funções cognitivas.

— Os bebês precisam de colo, de serem beijados, tocados, abraçados. Quando são um pouquinho maiores, também necessitam de contato físico, mas principalmente que os pais falem com eles, que digam as coisas que são boas para eles e as que não são boas. Que se nutram com alimentos, com jogos, exercícios, pois são essas coisas que fazem com que o cérebro esteja preparado para se desenvolver — ensina.

Álvaro defende que os primeiros anos de vida são os mais importantes para o desenvolvimento cerebral.

— Se a criança, nos seis primeiros anos, não tiver a oportunidade de experimentar o mundo, descobrir as coisas, se não receber afeto dos seus pais, se não se comunicar, o cérebro terá carências que podem durar toda a vida. Sabemos que as crianças que não recebem afeto se tornam adultos com menor desenvolvimento cerebral.

Importância do afeto e do carinho 

O especialista explica que a neurociência fornece muitas informações sobre o que as crianças precisam, principalmente, sobre a importância do afeto e do carinho nos primeiros anos de vida. Mas também mostra como é fundamental que as crianças aprendam as coisas que podem e que não podem fazer.

— A neurociência mostra a diferença de uma experiência educativa se comparada a uma outra, portanto nos ensina o que realmente funciona — explica o especialista.

Inspirado por sua experiência em ser pai de três crianças pequenas e baseado em pesquisas de diversos autores, publicadas nos últimos 30 anos, Álvaro escreveu o livro O cérebro da criança explicado aos pais, lançado no último mês em Portugal, e ainda sem previsão de lançamento no Brasil. Para ele, o livro pode ajudar pais que queiram entender melhor seus filhos, que possam perceber quais coisas os motivam, quais necessidades têm para seu desenvolvimento intelectual, emocional, e também como podem ajudar a se comportar melhor.

Tecnologia nas escolas

Quanto ao uso de tecnologias nas escolas e na vida cotidiana dos pequenos, Álvaro defende que é sempre melhor optar primeiro por atividades que impliquem trabalho em grupo com os colegas e atividades manuais, em vez de qualquer opção que tenha a ver com utilizar “telas”.

— Há muitos debates sobre se as tecnologias dentro das escolas facilitam ou dificultam o aprendizado e há estudos que apontam nos dois sentidos. Curiosamente, Steve Jobs e Bill Gates não compraram dispositivos eletrônicos, nem tablets, para os seus filhos até que fossem grandes porque sabem que a educação analógica é o que te prepara para inovar, para que se saia bem no mundo digital — disse Álvaro Bilbao.

Dicas para os adultos 

Para aqueles que querem manter o cérebro saudável, o neuropsicólogo indica seis cuidados essenciais.

— O primeiro é o exercício físico, o mais importante. O segundo é a nutrição: ingerir alimentos saudáveis, ômega 3, frutas e verduras e reduzir muito o consumo de gordura animal. A terceira chave para o cérebro é o sono, ou seja, dormir pelo menos 7 ou 8 horas todos os dias. A quarta é a socialização; reunir-se com os amigos, com a família e passar pelo menos uma hora todos os dias com pessoas com quem conversamos. A quinta é evitar o estresse e a sexta é estimular o cérebro, principalmente aprendendo coisas novas. Não é fazer sudokus, palavras cruzadas… é aprender coisas novas e desafiantes.

Álvaro Bilbao é doutorado em Psicologia da Saúde
e formado em Neuropsicologia pelo Hospital Johns Hopkins e pelo Kennedy Krieger Institute, nos Estados Unidos, e pelo Royal Hospital for Neurodisability, no Reino Unido.
Colaborou com a Organização Mundial da Saúde e já recebeu diversos prêmios por suas investigações no âmbito da psicologia e da neurociência.
Especialista em plasticidade cerebral, é professor universitário na área da reabilitação da memória e psicoterapeuta.

Fonte: Jornal Zero Hora

Imagem: Pinterest

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