Como lidar com o ciúme?


Por: Juliana Lima Faustino 

O ciúme é um sentimento natural. Todos nós sentimos um intenso desejo de zelar por aquilo que amamos. Quem é que não se sente valorizado por ser alvo do ciúme demonstrado por alguém? De forma equilibrada o ciúme é aquele tempero a mais em qualquer relação, mas quando de forma exagerada, quase sempre, é o motivo de brigas e términos de relacionamentos.

Mas, porque para algumas pessoas é tão difícil controlar o ciúme? Primeiramente temos que compreender que todos nós possuímos modelos de comportamentos, pessoas com quem aprendemos a nos comportar de determinada forma, também nossas experiências de vida vão moldando a forma como percebemos o mundo a nossa volta. Dessa forma, durante a vida, algumas pessoas aprendem que precisam ter o controle do outro para que ele não vá embora, são pessoas inseguras que não conseguem confiar, elas precisam ter o controle em suas mãos.

O ciúme excessivo tem a ver com insegurança, um medo descontrolado que leva uma pessoa a viver em função do outro, tudo passa a girar em torno da vida do outro. As conseqüências deste comportamento são que, além de perder sua própria individualidade, pessoas muito ciumentas invadem a individualidade da outra pessoa, e na tentativa de manter o controle da vida do outro chegam ao extremo de ter atitudes como vasculhar celular, ligar várias vezes para saber o que o parceiro está fazendo, mexer nos objetos que pertencem ao outro e muito mais.

Comportamentos intrusivos destroem qualquer relacionamento, ninguém suporta ser vigiado o tempo todo, afinal, mesmo depois de iniciada uma relação, cada pessoa é uma individualmente e têm suas próprias necessidades e é preciso respeitar isso. Toda tentativa de controle, no fim só gera estresse porque por mais que se tente não é possível controlar tudo o tempo todo.

Para refletir sobre seu grau de ciúme, pense no quanto você vive em função de alguma coisa ou alguém. Será que você está investindo toda sua energia no outro? O quanto você está dedicado unicamente ao outro? Se você sente que não possui autocontrole, você precisa dar um novo significado à sua vida.

Aprender a lidar com o ciúme é um trabalho de cuidar de si mesmo, por isso algumas recomendações são:

– Cuide da sua autoestima: valorize a si mesmo, invista tempo em você, descubra o que você gosta, que coisas lhe dão prazer ou com o que você gosta de trabalhar. Comece a amar a si mesmo para que você seja capaz de confiar que o outro lhe ama.

– Questione seus pensamentos: Será que seus pensamentos realmente se justificam? Que fatos apoiam seus pensamentos? Que tipo de relação você tem com as coisas ou pessoas que ama? Será que isso é um padrão de comportamento? Nós nos comportamos de acordo com o que pensamos, mas pensamentos não são fatos e eles nem sempre correspondem à realidade.

– Saiba expressar seus sentimentos: Discussões e brigas só desgastam a relação. O diálogo saudável é sempre o melhor caminho. Converse com seu parceiro sobre suas inseguranças, demonstre amor ao invés de desconfiança, esteja aberto para ouvir o outro.

– Seja sincero consigo mesmo: Descubra seus medos, suas inseguranças, não tenha medo de se ver por dentro. Reconheça onde você tem sido intolerante e busque a flexibilidade, descubra sempre novas formas de olhar para uma mesma situação. Se for preciso, busque ajuda profissional, o autoconhecimento é a chave de toda mudança, tudo muda quando nós mudamos.

Imagem capa: Pinterest

Colunista:

Juliana Lima Faustino
CRP 05/43780

Psicóloga clínica (PUC-Rio 2008), terapeuta cognitivo-comportamental (Cepaf-RJ 2011), Psicóloga na ONG Pra Melhor. Experiência clínica no tratamento de transtornos de ansiedade, estresse, depressão, relacionamentos e transtornos alimentares.
Contatos:
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E-mail: julianafaustinopsi@gmail.com
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Blog: Cuidando das Emoções: www.psijulianafaustino.wordpress.com
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Ciumento(a)? Eu?


Por: Amanda Santos de Oliveira

Ciúme, tema presente nos atendimentos psicológicos, conversas com amigos, revistas, sites de relacionamentos e tantos outros meios. A maioria das pessoas ao se deparar com tal emoção, quando confrontada, se defende com uma justificativa bastante corriqueira: meu ciúme é normal. Mas, o que é normal, tóxico ou patológico neste caso?

O ciúme, o ciumento e suas relações

No senso comum, as opiniões sobre o assunto são muito divergentes. Para uns, pode ser uma manifestação do amor e cuidado pelo seu parceiro(a), para outros, manifestação de insegurança e angústia consideravelmente relevante na dinâmica de um casal. Segundo Kingham e Gordon (2004)[1], dentre as mais diferenciadas emoções, o ciúme é extremamente comum. Conforme Bringle (1995)[2], ele pode existir em quaisquer tipos de relacionamento, mas normalmente está associado aos relacionamentos amorosos.

Para Almeida et. al (2008)[3], todos cultivam certo grau de ciúme e existem situações que podem influenciar o surgimento de tal emoção. Segundo os autores, o ciúme geralmente surge quando um relacionamento valorizado é ameaçado devido à interferência de um “rival”. Neste momento, podem estar envolvidos sentimentos de medo, desconfiança, angústia, ansiedade, raiva, rejeição, indignação e muitos outros. Tais sentimentos surgem de forma variável se relacionando às experiências e interpretações de cada pessoa.

Em situações de ciúme, os sentimentos associados ao relacionamento amoroso tornam-se ambivalentes. Segundo Almeida et. al (2008), pode-se dizer que pessoas ciumentas permanecem divididas entre o amor e a desconfiança de seu parceiro (a). Tais sentimentos podem atingir um alto grau de perturbação e tornar o ciumento instável afetivamente e obcecado por triangulações que muitas vezes são imaginárias.

Segundo os autores, em uma relação afetada pelo ciúme, as pessoas passam a ser tratadas como objetos pelo próprio parceiro (a). Muitos parceiros (as), acabam por se se anular, perdendo sua identidade na tentativa de agradar seu companheiro(a) ciumento, visando suprir todas as suas expectativas.

Ciúme Patológico

Para Almeida et. al (2008), para identificar o ciúme patológico é preciso entender sua real motivação. Existe uma falsa perspectiva de que o ciúme é altruísta e de que a pessoa ciumenta, apenas quer o bem de seu parceiro (a).  No entanto, é preciso entender que fundamentalmente o ciúme é um sentimento egoísta, visto que leva o seu possuidor a agir visando vedar direitos da pessoa a ele vinculada. Por exemplo, uma pessoa ciumenta pode proibir seu parceiro(a) a ir a um determinado lugar, conversar com uma determinada pessoa ou agir de uma determinada forma. Logo, segundo os autores, quando o ciúme se manifesta, ele não visa à proteção do outro, mas sim a preservação de si mesmo de futuras preocupações em relação ao investimento amoroso realizado. Para Almeida et. al (2008), o ciúme patológico é um grande desejo de controle total sobre sentimentos e comportamentos de seu companheiro (a). Também se caracteriza por preocupações excessivas sobre relacionamentos anteriores, pelo passado de seus parceiros (as), ocorrência de pensamentos repetitivos, dentre outros.

Portanto, conforme os autores, nesta configuração uma relação pode ser caracterizada como doentia e destrutiva, na qual as pessoas se beneficiam umas das outras ou servem de garantia de que não serão abandonadas, desrespeitadas e/ou menosprezadas. Uma relação saudável seria o oposto, nela cada indivíduo tem sua identidade definida e respeitada, além de existir o desejo de fazer bem à pessoa amada, sem esperar recompensa.

Ainda, vale destacar que dentro de certos limites, o ciúme pode constituir uma demonstração de interesse pelo outro e se configurar como um reflexo desse amor. No entanto, segundo Almeida et. al (2008), o ciúme não deve interferir no comportamento ou na liberdade de seu parceiro. Mas, segundo os autores, a falta de quaisquer sinais de ciúme, também merece alerta, pois podem significar desgaste da relação.

Como lidar?

Certamente, não será fácil lidar com tal emoção. No entanto, é necessário confrontar comportamentos destrutivos para que uma relação possa ser mantida sem prejuízos para os indivíduos que dela participam. Fique atento aos limites de seu parceiro (a) e observe comportamentos de proibição ou vigilância extrema. Vale lembrar que independente da relação, as identidades de cada sujeito devem ser mantidas.

Além disso, lembre-se, o ciúme é uma emoção, portanto, para combatê-lo seja racional. Pense claramente nos fatos, situações e juízos de valor. Na maioria dos casos, os problemas são provenientes de fantasias, então esteja atento às situações que podem ser fruto de imaginação e não de constatações fundamentadas. Lembre-se, as relações amorosas devem ser benéficas. Se o ciúme tem feito mal e trazido comportamentos destrutivos à relação, repense.

Referências:

[1] KINGHAM, M., & GORDON, H. (2004). Aspects of morbid jealousy. Advances in Psychiatric Treatment, 10, 207-215. In: ALMEIDA, Thiago de; RODRIGUES, Kátia Regina Beal; SILVA, Ailton Amélio da. O ciúme romântico e os relacionamentos amorosos heterossexuais contemporâneos. Estud. psicol. (Natal),  Natal ,  v. 13, n. 1, p. 83-90,  Apr.  2008 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-294X2008000100010&lng=en&nrm=iso&gt;. access on  05  Nov.  2016.

[2] BRINGLE, R. G. (1995). Romantic jealousy. Social Perspectives on Emotion, 3, 225-251.  In: ALMEIDA, Thiago de; RODRIGUES, Kátia Regina Beal; SILVA, Ailton Amélio da. O ciúme romântico e os relacionamentos amorosos heterossexuais contemporâneos. Estud. psicol. (Natal),  Natal ,  v. 13, n. 1, p. 83-90,  Apr.  2008 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-294X2008000100010&lng=en&nrm=iso&gt;. access on  05  Nov.  2016.

[3] ALMEIDA, Thiago de; RODRIGUES, Kátia Regina Beal; SILVA, Ailton Amélio da. O ciúme romântico e os relacionamentos amorosos heterossexuais contemporâneos. Estud. psicol. (Natal),  Natal ,  v. 13, n. 1, p. 83-90,  Apr.  2008 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-294X2008000100010&lng=en&nrm=iso&gt;. access on  05  Nov.  2016.

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Colunista:

Amanda Santos de Oliveira
CRP 04/43829

Psicóloga Graduada pela PUC Minas, atuante na área clínica em Belo Horizonte, oferecendo psicoterapia individual para adultos
Contatos:
psi.amandaoliveira@gmail.com
Facebook: facebook.com\psi.amandaoliveira
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