A função psicológica da amizade


Por: Cristiane Mattos

A amizade é um dos vínculos mais significativos e importantes que estabelecemos. Ter com quem contar e ser este apoio de alguém é daqueles encontros mágicos, sem justificativas ou explicações, acontece porque tem de acontecer. O santo bate, o papo rola e as afinidades se evidenciam.

Um amigo se diverte na companhia do outro, é afeto gratuito e recíproco. Não se pode ser amigo de alguém que não é seu amigo. Amizade é reciprocidade acima de tudo! Um amigo não divide apenas as histórias. Compartilha os segredos, guarda as confidências, compreende as incertezas, não faz julgamentos. Amigo é o ombro na derrota, é o copo na vitória, é o grito na alegria, é o abraço de chegada e de partida.

Amizade é um amor fraternal despretensioso, é um encontro de almas, que pode durar um período ou a vida toda. Um amigo aceita o outro como ele é, conhece todos seus defeitos, avisa, e de tanto cansar de dizer: “Viu eu avisei!”, fica calado, mas permanece ao seu lado.

Quando criança, a amizade é papel importante em nosso processo de desenvolvimento. Por meio da socialização, somos apresentados ao mundo que existe além da nossa família, aprendemos com o outro, aquele ser pequeno como nós, que ainda não sabe bem como usar os talheres, aquele amiguinho, é ele que nos ajuda a aprender as regras desse jogo.

Na adolescência, a amizade faz parte do processo de independização, nome feio para falar do afastamento, do nosso desvincular do grupo familiar, do ato de cortar o cordão umbilical com a família. Da descoberta de quem se é, ou ao menos de quem não se quer ser, mesmo sem muita certeza de nada disso. O grupo de amigos se torna a família que escolhemos, dá a sensação de pertença e com eles se inicia o desenho da nossa identidade.

Já na idade adulta, a lista de amigos é formada por aqueles que permaneceram dos tempos de escola e faculdade, mais aqueles que são mais do que apenas colegas de trabalho. Já não os vemos tanto e nem falamos com tanta frequência. Pesquisas dizem que um adulto gasta três vezes menos tempo com amigos do que crianças e adolescentes. São tantas as atribuições e papéis que um adulto desempenha que não é surpresa não ter tempo para ser amigo.

Mas os amigos são o nosso histórico, nossa memória viva, nossa biografia não autorizada. Amigos são um sopro de alegria em nossa vida tão corrida, tão estressante. Podem ser o momento de encontro com nosso eu, quando já nem lembramos quem somos. Amigos são as referências de nós mesmos.

No processo psicoterapêutico, a amizade pode ser compreendida como fator de proteção, é a rede de afeto no enfrentamento dos dissabores da vida, é a força que sustenta ao cair, ou mesmo a mão estendida ao levantar. Não ter amigos pode ser tão perigoso para a saúde como fumar ou consumir álcool em excesso, diz um estudo de cientistas americanos na revista Plos Medicine. Os especialistas afirmam que viver isolado é prejudicial à saúde, fato que é potencializado quando vivemos em tempos de relações superficiais e imediatistas baseadas em redes sociais.

Não nascemos para viver isolados, somos seres sociáveis, ou melhor, somos seres de vínculos. Mas isto não significa ser uma pessoa extrovertida, e ter um milhão de amigos. Depois de certo tempo, acabamos sendo mais seletivos com quem compartilhamos nossos momentos. Alguém já disse que nunca se está só quando se tem amigos. Verdade. Estabelecer novas amizades, bem como manter e cultivar antigas, é uma forma prazerosa e saudável de viver a vida.

Imagem capa: Link

Colunista:

Cristiane Mattos
CRP 12/16070

Psicóloga por vocação. Amante das letras, dos livros, fotografias e pessoas. Escrever é fazer ressoar sentimentos através das palavras.
Mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Rondônia,
E
specialista em Terapia de Casais e Famílias pelo Centro de 
Estudos da Família e do Indivíduo – Porto Alegre/RS.
MBA em Gestão de Pessoas pela Uniron de Porto Velho/RO.
Contato:
E-mail: mattos.cbm27@gmail.com
Fan page: @relacionamentepsi

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Amizades que dão certo.


Por: Ane Caroline Janiro

Tem amizades que dão muito certo. É aquele tipo de amizade que começa de repente, como quem não quer nada e quando você percebe, já dura anos. É uma amizade que acontece tão naturalmente que não precisa de grandes estímulos para continuar existindo – necessita de cuidado e reciprocidade, claro, assim como toda boa relação – mas não é do tipo que você precisa ficar o tempo todo marcando presença.

São aqueles amigos que se conheceram na infância ou em uma aula da faculdade, por exemplo, e que depois as circunstâncias da vida os separam, levam cada um para um caminho diferente e eles ficam meses sem se ver, semanas e semanas sem trocar uma palavra, mas quando se encontram, é como se nada tivesse mudado. Simples assim.

Encontros como esses são raros na vida. As pessoas estão habituadas demais a relacionamentos descartáveis, cheios de egoísmo e no estilo “só te procuro se você me procurar também”. E assim o mundo vai ficando uma chatice só, cheio de gente que não se importa verdadeiramente com o outro, mas sim com aquilo que o outro pode oferecer em troca de atenção, de amizade ou de amor.

E aí, talvez por isso mesmo, tem aquelas amizades que não vão pra frente. Até são bacaninhas por um período, mas depois de um tempo você percebe que não criaram raiz, não ‘vingaram’. Pode até ser que haja alguns investimentos e novas tentativas, mas não adianta, se precisa de esforço demais pra manter a amizade, dificilmente ela sobrevive. E tudo bem também. Na vida há muitas pessoas que não escolhemos conviver, mas precisamos aprender a lidar. Se o amigo é um daqueles poucos que escolhemos, pra que continuar insistindo em relações que definitivamente não dão certo? E neste caso não se trata de egoísmo ou de descartar a relação, mas sim de deixar o outro e a si mesmo livres para novos e verdadeiros encontros.

Porque tem amizades que dão certo. E muito. Simples assim.


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Sobre a autora:

Ane Caroline Janiro – Psicóloga clínica, Fundadora e Administradora do Psicologia Acessível.
CRP: 06/119556


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