Por: Mariana Santos
Ao descobrirem que seu filho(a) é surdo(a), muitas vezes os pais acabam sendo bombardeados de opções para “curar” a surdez e acabam não conhecendo a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) ou a conhecem quando seus filhos já estão muito maiores. Mas qual a importância do contato com a língua de sinais para a criança Surda? Quais são os prejuízos que esta criança pode ter caso não entre em contato com a LIBRAS?
Primeiramente vamos falar um pouco sobre a LIBRAS, esta é a sigla de Língua Brasileira de Sinais. Isso mesmo, a LIBRAS é uma língua e NÃO uma linguagem de gestos como muitos pensam. É uma língua com regras e estruturas gramaticais própria. É a segunda língua oficial do Brasil e é utilizada pelos Surdos para se comunicarem.
Existem algumas filosofias de educação para Surdos, são elas:
Oralismo – Esta filosofia percebe o surdo como deficiente e busca integrar a criança surda na comunidade ouvinte por meio da oralização. Buscando através da estimulação auditiva e oral, integrar a criança na comunidade ouvinte.
Comunicação Total – Percebe surdo não apenas como uma pessoa que não tem a audição, mas considera seus aspectos sociais e emocionais. Buscando realizar a educação da criança através da estimulação oral e de recursos espaço-viso-manuais.
Bilinguismo – Nesta filosofia o surdo deve ser bilingue, ou seja, adquirir sua língua natural que é a língua de sinais e como segunda língua a língua oficial do país onde vive.
Dessas filosofias, percebo uma melhor adaptação da criança surda ao bilinguismo. Observo que ela não busca enquadrar o surdo na cultura ouvinte e não percebe a surdez como uma deficiência, apenas como uma característica.
A criança precisa adquirir uma língua para seu desenvolvimento cognitivo e até emocional. Estudos apontam que crianças educadas a partir das filosofias oralistas e da comunicação total não adquirem com êxito sua língua natural, tão pouco a língua oficial do seu país. O que pode causar alguns prejuízos cognitivos para esta criança, ou seja, sem uma compreensão total de uma língua a criança muitas vezes não consegue entender por exemplo conceitos abstratos, noção de passado e futuro, sentido figurado, entre outros.
Estimular a criança a oralizar, muitas vezes acaba sendo uma violência para ela, pois esta não é sua língua natural. Nós ouvintes aprendemos o português com facilidade, por que estamos expostos a ele o tempo todo e esta é nossa língua natural. O surdo por sua vez, não tem a habilidade auditiva, o seu estímulo é feito através do visual, por isso sua língua natural é uma língua viso-espacial, ou seja, a língua de sinais.
Muitas crianças e adolescentes que não tiveram contato com a LIBRAS, chegam com idade avançada nas escolas bilingues sem compreensão da língua portuguesa ou da língua de sinais. Assim, é necessário primeiramente ensina-las uma língua e depois iniciar o ensino das disciplinas escolares.
Imagem capa: Link
Mariana Santos
CRP 06/126116
Psicóloga Clínica, graduada em Psicologia pela UNIP.
Conhecimento avançado em LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais (Derdic/PUC-SP).
Atende na Chácara Santo Antônio – São Paulo/SP
Contatos:
Fone: (11) 95490-5944
Email: marianasantos.psico@gmail.com
*Ao reproduzir este conteúdo, não se esqueça de citar as fontes.
Gostou deste conteúdo? Compartilhe nas redes sociais!
Cadastre-se também na opção “Seguir Psicologia Acessível”e receba os posts em seu e-mail!
Mariana, esse texto merece destaque a respeito da importância da Libras para a criança surda. Todas as crianças surdas são bem-vindas suscetivelmente ao mundo de conhecimento através da visão, pois elas tem o poder de visão para perceber tudo. Mas o importante é que é indispensável entender distintivamente os surdos na duas categorias tais como surdo pré-linguístico e pós-linguístico. O pré-linguístico é o surdo que nasce surdo ou perde audição antes de língua falada tem a surdez mais profunda, mas, pode ouvir os ruídos de qualquer tipos e está sensível ao mundo de quaisquer espécies de vibrações. Por isso, a percepção muito profunda de vibrações para o surdo é consideradamente o sentido acessório. E o pós linguístico é o surdo que após adquisição de aprendizado de língua falada, é reconhecidamente capaz facilitador de estabelecer conexões visuais-auditivas especificamente através da experiência e da memória, traduzindo o movimento em som – fenômeno conhecido como “vozes fantasmagóricas” ou “música do olhar”: “(…) compreendi que quando não podia ver eu não conseguia escutar” (WRIGHT e SACKS). Mas segundo Sack, ser o surdo pré-linguístico é mais complexo do que se cego, porque ele pode correr o risco de estar linguisticamente e cognitivamente atrasado na compreensão da língua natural, ou seja, Libras. Além disso, apesar de ser pré-linguístico, o surdo tem alguns tipos caracterizadores de identidades surdas. Mas acredito que o surdo que tem identidade surda EMBAÇADA e FLUTUANTE sofre muito de atraso cognitivo, porque a embaçada significa que o surdo não sabe quem é ele e sujeito idêntico e a flutuante significa que tem dificuldade idêntica e em reconhecer identidade surda.
Portanto, a importância da Libras para a criança surda objetiva o desenvolvimento cognitivo e facilitador de seu aprendizado de língua para exercer sua linguagem interativa na sociedade. Ressalto que as consequências de falta de Libras para a criança surda se comunicar de forma eficaz podem ser muito graves tais como prejuízos psicologicos, depressão, atraso cognitivo, assim por diante.
Mar Parabéns!!!
CurtirCurtir
Republicou isso em Tem Ouvinte na Comunidade Surda.
CurtirCurtir